Ibope mostra estabilidade
e Dilma mantém expectativa
de vitória no 1º turno
Na primeira pesquisa
feita pelo instituto em 2014, presidente obtém até 43% das intenções de voto;
Aécio e Campos registram 15% e 7%
Daniel Bramatti e José Roberto de Toledo
A primeira pesquisa Ibope deste ano sobre a corrida presidencial revela um quadro de estabilidade: Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, tem 43% das intenções de voto, o mesmo índice que foi registrado em novembro de 2013, data do levantamento anterior. O tucano Aécio Neves oscilou um ponto porcentual para cima, de 14% para 15%, e Eduardo Campos (PSB) se manteve com 7%.
Em outro cenário analisado pelo Ibope, em que os nomes de cinco
“nanicos” são incluídos na lista apresentada aos entrevistados, Dilma, Aécio e
Campos aparecem, respectivamente, com 40%, 13% e 6%. Somados, os demais
candidatos ficam com 4%. Ou seja, mesmo assim, a representante do PT tem mais
eleitores que a soma dos adversários (40% a 23%) – condição necessária para
vencer no primeiro turno.
Em um eventual segundo turno, Dilma também seria vitoriosa.
Contra Aécio, sua vantagem seria de 27 pontos porcentuais (47% a 20%). Em uma
disputa direta com Campos, a distância chegaria a 31 pontos (47% a 16%).
Apesar do favoritismo da
candidata do governo, a maioria (64%) do eleitorado afirma esperar que o
próximo presidente “mude totalmente” ou “muita coisa” na próxima gestão.
Apenas 32% esperam continuidade “total” ou de “muita coisa”.
O Ibope perguntou somente aos entrevistados que desejam mudanças
se estas devem ser promovidas com Dilma ou com outra pessoa na Presidência. Nesse
caso, a presidente tem apoio de apenas 27%. Outros 63% afirmam que querem mudar
o País com outro governante.
Quando todo o universo de entrevistados é consultado, o
resultado é diferente. Diante da pergunta “quem tem mais condições de promover
as mudanças de que o País ainda necessita?”, Dilma aparece com 41%, com larga
vantagem sobre Aécio (14%) e Campos (6%).
O Ibope também testou cenários em que Marina Silva é listada
como candidata, no lugar de Eduardo Campos – apesar da possibilidade remota de
que a chapa do PSB seja alterada até a eleição. Em uma eventual disputa
entre Dilma, Aécio e Marina, as intenções de voto são de 41%, 14% e 12%,
respectivamente. Marina vem perdendo terreno nas simulações desde outubro,
época em que era a preferida de 21% do eleitorado.
Em um eventual segundo turno entre a atual presidente e a
ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata a presidente pelo PV, Dilma
venceria por 45% a 21%.
O Ibope ouviu 2.002 pessoas em 140 municípios. As entrevistas
foram realizadas entre os dias 13 e 17 de março. A margem de erro do
levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. A pesquisa
foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 31/2014.
O nível de confiança utilizado para calcular o tamanho da
amostra e a margem de erro é de 95%. A pesquisa foi feita por iniciativa do
próprio Ibope – o instituto aparece como contratante na documentação entregue à
Justiça Eleitoral.
20.março.2014
Análise:
Maioria absoluta não
está nem aí
para a eleição
José Roberto de
Toledo
A consistente vantagem de
Dilma Rousseff (PT) sobre seus adversários se sustenta, entre outros motivos,
porque a maioria absoluta dos eleitores (56%) tem pouco ou nenhum interesse
pelas eleições. O voto ainda é um assunto que excita apenas políticos e politicólogos.
Os únicos que tomaram gosto pela eleição nas últimas semanas foram
especuladores do mercado financeiro, que passaram a ganhar dinheiro com boatos
falsos sobre pesquisas.
Como o interesse pelas
eleições não aumentou desde novembro, os candidatos menos conhecidos seguem com
dificuldades para ser uma opção real para os eleitores. Menos brasileiros dizem
saber quem é Eduardo Campos (PSB) hoje do que em novembro: 28% dizem que não o
conhecem o suficiente para opinar, contra 23% que diziam isso no final do ano
passado. Ou seja: passado o efeito da fusão do seu PSB com a Rede de Marina
Silva, Campos voltou ao ostracismo.
Isso não significa,
necessariamente, que se e quando os candidatos de oposição aparecerem mais e se
tornarem uma referência para o eleitor sua intenção de voto vai crescer.
As taxas de eleitores que
dizem que não votariam de jeito nenhum em Dilma, Aécio Neves (PSDB) e Campos se
equivalem: 38%, 41% e 39%, respectivamente. Se essa proporção se mantiver
quando os outros eleitores tomarem conhecimento de suas candidaturas, Aécio e
Campos crescerão, mas não o suficiente para ameaçar a liderança de Dilma. Não
basta aparecer. É preciso convencer.
Prova disso é que mesmo entre
os 64% de eleitores que gostariam que o próximo presidente mudasse tudo ou
muita coisa no governo, 27% dizem que querem que essas mudanças sejam feitas
pela própria Dilma. É um sinal de que nem Aécio nem Campos conseguiram
convencer grande parte do eleitor mudancista de que eles são uma alternativa
melhor do que Dilma para mudar o que é preciso.
José Roberto de Toledo é
coordenador do Estadão Dados.