Publicado em abril 17, 2014
Pouco eficientes,
carros brasileiros
têm tecnologia defasada
Greenpeace
inicia campanha para que Volkswagen, Fiat e Chevrolet produzam veículos mais
eficientes – como já fazem em outros mercados –
e invistam em carros elétricos
Enquanto produzem carros mais limpos e eficientes
em outros países, montadoras fazem veículos com tecnologia velha
no Brasil.
O Greenpeace apresentou hoje, em São Paulo, o ‘lançamento do
ano’: um carro da Idade da Pedra. Com uma tenda da Volkswagen, Fiat e Chevrolet
– as montadoras que mais vendem carros no país –, ativistas vestidos com roupas
daquela época convidavam pedestres a fazer um test drive. A sátira fazia parte
do lançamento
de uma campanha desafiando as empresas
a adotarem tecnologia mais moderna em seus carros, para que eles consumam menos
combustível e emitam menos gases de efeito estufa.
“A União Europeia, os
Estados Unidos e vários outros países estão muito mais avançados nas discussões
sobre eletromobilidade e já adotaram metas ousadas de eficiência energética
para seus veículos. Estamos ficando para trás nessa corrida, colocando nas ruas
carros que têm design atual, mas que ainda gastam muito combustível e
contribuem largamente para o aquecimento global”, diz Iran Magno, coordenador
da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Na última semana, o estudo “Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa”, feito pela Coppe/UFRJ em parceria com o Greenpeace, foi
divulgado mostrando que as emissões de CO2 dos veículos brasileiros podem
reduzir. Segundo os dados, caso as montadoras nacionais seguissem as mesmas
metas de eficiência energética europeias, chegaríamos em 2030 com emissões mais
baixas que as de hoje, mesmo que a frota de veículos do país dobre, como é
estimado.
“Se por um lado precisamos que os governos ofereçam um sistema
de transporte público muito melhor que o atual, a indústria de automóveis
também precisa tomar medidas para amenizar sua contribuição ao aquecimento
global”, diz Magno.
“Fiat, Volkswagen e Chevrolet, que detêm 61% do mercado
brasileiro de automóveis, já estão produzindo carros mais limpos e eficientes
em outros países. Portanto, um alinhamento tecnológico para os veículos
produzidos no país é imprescindível. Está na hora de oferecer o mesmo para os consumidores brasileiros, que colocaram o país entre os quatro maiores mercados de
carros do mundo”.
O setor de transportes
se tornou um dos maiores emissores de gases estufa no Brasil. De 1990 a 2012,
segundo o Observatório do Clima, o salto de suas emissões foi de 143%, e continua
aumentando. A tendência é global: no domingo, o Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou relatório mostrando que, se nada for feito,
as emissões do setor são as que mais crescerão, superando todas as outras
fontes, até 2050.
Os cientistas sugerem
que a indústria de veículos adote tecnologias de baixo carbono, melhorando a
eficiência energética de seus carros e abrindo caminho para a eletromobilidade.
“O que estamos pedindo para as companhias é exatamente o que recomendam os cientistas.
O Brasil é uma das maiores economias globais e temos todas as condições de
avançar muito mais nessas questões”, diz Magno.
A proposta do Greenpeace é que a indústria brasileira se
comprometa com as mesmas metas de eficiência energética da União Europeia, até
2021. Isso significa aumentar em 41% a eficiência de seus carros, tomando como
base as taxas de 2011. Além disso, a organização também pede que haja mais
investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para carros
elétricos.
No site www.ocarroqueeuquero.org.br,
lançado hoje pelo Greenpeace, os consumidores podem enviar mensagens às empresas pedindo essas
mudanças.
Informe do Greenpeace, publicado pelo EcoDebate, 17/04/2014