5 DE ABRIL DE 2014
CONCERTO
DAS CIDADES
Não percebemos que qualquer solução para
melhorar as
cidades grandes passará pela melhoria das condições oferecidas nas
cidades pequenas e médias
CRISTOVAM BUARQUE
O Brasil tem graves
problemas, nenhum tão difícil de resolver quanto consertar nossas grandes
cidades: insegurança, inundações, vidas perdidas na lentidão ou nos acidentes
de trânsito, soterramentos, assassinatos, assaltos e sequestros, pobreza,
drogas e condomínios cercados.
Durante algumas décadas, por ações ou omissões, tudo foi feito
para induzir uma migração rápida, do campo para a cidade, como símbolo de
progresso; não seguramos os habitantes no campo, porque não distribuímos terra
aos lavradores, nem fizemos escolas e serviços médicos para suas famílias; e
criamos um forte atrativo para as cidades por causa da industrialização e da
construção civil.
Fizemos urbanização apressada, asfaltamos ruas e construímos
casas onde não deveríamos, desorganizamos o espaço urbano, degradamos os
serviços públicos e entregamos a cidade aos automóveis. Doenças e deformações
de nossas cidades permitem chamá-las de monstrópoles, em vez de metrópoles.
Ao percebermos o desastre, passamos a buscar soluções na
engenharia dos viadutos, das estradas, dos estacionamentos, roubando espaço e
patrimônio. Ainda não percebemos que o problema é menos de engenharia para
corrigir o desastre em cada cidade, do que de política para reorientar o
projeto de desenvolvimento nacional. Menos do que o conserto de cada cidade é
preciso um concerto nacional para reorganizar a distribuição demográfica no
território nacional.
Não percebemos que qualquer solução para melhorar as cidades
grandes passará pela melhoria das condições oferecidas nas cidades pequenas e
médias. E que a solução vai exigir uma “desmigração voluntária” da população
dessas cidades grandes para cidades de porte médio ou pequeno.
No governo do Distrito Federal, entre 1995 e 1998, houve uma
pequena, mas bem-sucedida experiência de “desmigração voluntária”, com
pagamento de salário por seis meses para incentivar o retorno de moradores às
cidades de onde tinham imigrado.
O custo de pagar um salário por algum tempo a uma família
“desmigrada” era menor do que o custo da assistência social que ela necessitava;
a reintegração na sua origem trazia mais conforto, do que a exclusão em que
estava na cidade sem condições para realizar a inclusão plena. Lamentavelmente,
a “desmigração” exigia investimentos sociais nas cidades para onde as famílias
voltavam e isso dependia do governo federal, no plano nacional.
Este ano de eleições presidenciais seria um momento oportuno
para que algum candidato, ou todos eles, se manifeste sobre o grave problema
das nossas cidades, indo além da engenharia e da demagogia, assumindo que as
cidades grandes não têm mais conserto e que é melhor e mais barato investir
para que as pessoas possam viver bem nas cidades pequenas e médias do que
manter o custo social e econômico nas monstrópoles.
Para sair de monstrópoles para metrópoles não bastam consertos
locais de engenharia, é preciso um concerto nacional na política.
DO
BLOGUEIRO:
DESDE A IMPLANTAÇÃO DAS
EXTRAÇÕES MINERALÓGICAS EM NOSSO MUNICÍPIO, ARAXÁ DEIXOU DE SER ALGUM
EXEMPLO POSITIVO DE TURISMO, QUALIDADE DE VIDA, PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E AÇÕES DA
CIDADANIA.
SENDO NOSSO MUNICÍPIO UM
DOS PRIMEIROS E MAIORES ARRECADADORES DE IMPOSTOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS,
ARAXÁ SÓ TEM DILAPIDAÇÃO.
DE TODOS OS GESTORES
PÚBLICOS MUNICIPAIS DOS ÚLTIMOS ANOS SÓ SE TEM CONHECIMENTO DE ESBANJAMENTO, DESPERDÍCIO,
ESTRAGO E DESTRUIÇÃO.