22 DE JUNHO DE 2014
SUCESSO DA
COPA
MELHORA
APROVAÇÃO DE
DILMA
No
primeiro caderno da última edição dominical da Folha de São Paulo (22/6), uma
matéria surpreendente: “Prenúncio de que a Copa seria o fim do mundo não
aguentou 3 dias”.
Assinada pelo colunista Nelson de Sá, a matéria surpreende
qualquer um que lê a imprensa brasileira por ter “empurrado” para a imprensa
estrangeira um pecado da imprensa brasileira. O colunista atribui à imprensa
estrangeira as previsões negativas sobre a Copa no Brasil.
O caradurismo não é
só desse jornalista, mas do próprio jornal – um mea-culpa sobre a cobertura da
organização da Copa de 2014 seria imperativo diante daquela que, de fato, está
sendo a “Copa das Copas”. E não só pela boa organização do evento, mas pelo que
se vê em campo.
A
infraestrutura tem funcionado tão bem quanto a que seria esperável em qualquer
país do dito “Primeiro Mundo”, os jogos são emocionantes, o nível técnico tem
sido altíssimo, o futebol latino-americano vai se impondo sobre o do resto do
mundo, levando incontáveis nações das Américas a um verdadeiro orgasmo
desportivo.
Eis o
que ninguém previu. Ou melhor, eis o que aqueles que previram não puderam dizer
devido a uma literal censura da grande imprensa a qualquer ponderação sobre os
exageros que estavam sendo cometidos pela imprensa e por partidos de oposição
de direita e de esquerda, os quais enganaram os brasileiros com afirmações
falsas sobre o financiamento da Copa e sobre problemas corriqueiros em qualquer
grande evento.
Como foi
previsto neste blog por incontáveis vezes, os profetas do apocalipse deram com
os burros n’água. Aqui sempre foi dito que a Copa começaria, tudo estaria
pronto e funcionando e que os que previam o contrário ficariam com a brocha na
mão.
Não é
por outra razão que na mesma Folha de São Paulo, escondida na coluna “Painel”,
uma notinha de apenas uma frase, mas que tem um potencial político imenso,
revela que chegou a hora de Dilma capitalizar seu bom trabalho. Abaixo, o texto
da Folha
De
virada
Assessores
do Planalto estão exultantes com pesquisa interna que afirma que 60% dos
brasileiros consideram a Copa boa ou ótima até agora
Mesquinharia
da Folha. A pesquisa interna do Planalto mostra muito mais. Informações obtidas
pelo Blog via contatos telefônicos dão conta de que esses 60% dos brasileiros
não dizem que “a Copa é que tem sido boa ou ótima até agora”. Essa maioria diz
que a ORGANIZAÇÃO da Copa e a qualidade dos jogos é que têm sido “boas ou
ótimas”.
Qual o
efeito eleitoral disso? Na avaliação do Planalto, é expressivo. Tão expressivo
que a Folha detectou e, visando se distanciar do alarmismo que promoveu ao lado
de outros grandes meios de comunicação, publicou essa reportagem de Nelson de Sá, na tentativa vã de fazer
seus leitores de besta ao empurrar-lhes a versão de que o catastrofismo
desportivo-organizacional partiu do exterior e não daqui mesmo, do Brasil.
A
matéria em questão foi econômica ao relatar as análises que estão sendo feitas
em toda parte do mundo sobre a capacidade do país de organizar um evento desse
calibre. Uma das matérias da imprensa estrangeira citadas pela Folha é de
autoria de Sam Borden, correspondente esportivo do diário norte-americano The
New York Times na Europa.
No último dia 17, Borden qualificou a Copa
no Brasil como “sucesso incrível” em artigo que ironiza o noticiário sobre o
evento, chamando-o de “previsão do dia do juízo final”.
O Blog
traduziu alguns trechos do artigo de Borden. Confira, abaixo.
The New York Times
Na
Copa do Mundo, previsão do dia do juízo final dá espaço a pequenos soluços no
Brasil
San
Borden
17
de junho de 2014
Um
estádio não ficaria pronto a tempo. Outro não ficaria pronto nunca. Protestos
violentos iriam ameaçar os fãs e estragar tudo. Greve no aeroporto e no metrô
deixariam milhares de visitantes sem transporte.
Essas
e outras previsões do dia do juízo final foram preocupações perpétuas nos dias
que antecederam a Copa do Mundo no Brasil, mas, após quase uma semana inteira
de jogos, a situação no maior país da América do Sul dificilmente pode ser
considerada sombria.
Para
os fãs que gostam de gols que enchem os olhos, resultados surpreendentes e
futebol elegante, este campeonato, até agora, tem sido um sucesso incrível. Os
jogos são apaixonantes, e o drama dos jogos tem sido perfeito para a televisão.
[...]
[...]
Há
que dizer que ninguém pode realizar um grande evento esportivo como a Copa do
Mundo ou as Olimpíadas sem alguns problemas. Este ano, em Sochi, na Rússia, os
jogos de inverno tiveram invasão de cães vira-latas, hotéis incompletos, ou
inexistentes.
Em 2004, os jogos de verão em Atenas tiveram greves de
trabalhadores, contratempos com a infraestrutura, e histeria em uma infinidade
de lugares. O parque olímpico onde ocorreram os jogos de Londres em 2012, uma
semana antes ainda estava em obras.
Diante dessa realidade, certamente o Brasil merece mais
indulgência.
[...]
[...]
A
gama de problemas tem sido grande. Alguns tiveram que ver com acabamento da
construção, como fios elétricos visíveis no estádio do São Paulo ou a
instalação de aparelhos de ar-condicionado e carpete horas antes do apito
inicial, em Cuiabá, ou 30% dos porteiros do estádio de Brasília, que não
apareceram para trabalhar, criando impasse do lado de fora das catracas.
Alguns foram cosméticos, como a grama queimada no estádio de
Manaus, que obrigaram a organização do estádio a pintar o gramado com tinta
verde.
Nada disso foi definitivamente prejudicial para o evento. Os jogos
puderam ocorrer dentro das previsões. Mas a cada dia ocorreram problemas cujo
potencial não pôde ser previsto. No domingo, em Porto Alegre, por exemplo, o
sistema de som do Estádio falhou com as equipes já em campo, deixando os
jogadores de França e Honduras, que esperavam pelos hinos nacionais de seus
países, enfurecidos.
[...]
[...]
Para
ser justo, a sorte é sempre um fator nesses espetáculos. Qualquer grande evento
pode ter um deslize imperceptível, como o NFL aprendeu em 2013, quando o Super
Bowl foi adiado por quase uma hora depois de um apagão que mergulhou o
Superdome, em Nova Orleans, na escuridão. Em comparação, o problema com as
luzes no estádio de São Paulo durante o jogo de abertura da Copa do Mundo foi
um problema menor.
[...]
[...]
Como
sempre ocorre, a preocupação com a logística foi discutível. Em geral, as
condições para realização dos jogos têm sido excelentes. Em cidades como Natal
e Salvador – onde os campos sofreram chuva excepcionalmente pesada -, ficou
comprovada a qualidade dos sistemas de drenagem. Em última análise, esta é a
prioridade mais importante, pois as condições para realização dos jogos são o
que geralmente definem o legado histórico de um evento.
[...]
[...]
A pesquisa interna do Palácio do Planalto
citada (de forma incompleta e tímida) pela Folha faz todo sentido. Basta um
mínimo de reflexão para entender. A menos que a maioria dos brasileiros seja
composta de lunáticos, todos estão fazendo o “link” entre o que foi previsto e o
que está acontecendo.
Ora, se
foi previsto “juízo final” e, muito pelo contrário, o que se vê é uma festa
linda que está encantando não só o Brasil, mas o mundo, no mínimo o mau-humor
de parte dos brasileiros com Dilma Rousseff será repensado.
Os mais inteligentes perceberão que ela foi
alvo de tremenda injustiça, encetada, obviamente, por uma politicagem rasteira
e de viés eleitoreiro.
Os brasileiros não são injustos.
Ao menos a maioria de nós, não é.