DO BLOGUEIRO:
O ARTIGO ESCRITO POR MARCELO ZERO EM JUNHO, CONTINUA BEM ATUAL SOBRE O COMPORTAMENTO DE PESSOAS, PARTIDOS E A MÍDIA DE OPOSIÇÃO DIREITISTA E GOLPISTA DE UM PASSADO NÃO MUITO DISTANTE:
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11
DE JUNHO DE 2014
ANTIBRASILEIRO PROFISSIONAL
O surgimento de cidadãos dedicados, 24hs por dia,
a torcer para o Brasil dar errado
MARCELO ZERO
-O Senhor é patriota?
-Amador.
-Amador?
-É, porque profissional é o Senhor, que é pago para isso.
Esse teria sido o diálogo travado entre o grande advogado Sobral
Pinto e o coronel que o prendeu em Goiânia, durante a ditadura militar.
Na realidade, as palavras devem ter sido diferentes, mas o sentido geral foi esse.
Na realidade, as palavras devem ter sido diferentes, mas o sentido geral foi esse.
Sobral sentiu-se extremamente ofendido pela pergunta e retrucou
à altura. O grande advogado, católico fervoroso e conservador, detestava a
ditadura e suas violências, mas amava profundamente o seu país.
O mesmo acontecia com outros opositores do regime militar. Os jovens que aderiram à luta armada contra a ditadura, como Dilma Rousseff, também tinham grande amor pelo Brasil e profunda fé em seu enorme potencial.
Na realidade, eles queriam, a sua maneira, libertar o Brasil do “imperialismo” e das amarras que o prendiam ao atraso e às injustiças. Eles achavam que, uma vez liberto, o Brasil e seu povo encontrariam a sua real grandeza.
O mesmo acontecia com outros opositores do regime militar. Os jovens que aderiram à luta armada contra a ditadura, como Dilma Rousseff, também tinham grande amor pelo Brasil e profunda fé em seu enorme potencial.
Na realidade, eles queriam, a sua maneira, libertar o Brasil do “imperialismo” e das amarras que o prendiam ao atraso e às injustiças. Eles achavam que, uma vez liberto, o Brasil e seu povo encontrariam a sua real grandeza.
Ninguém ali tinha complexo de vira-lata. Ninguém se achava
menor por ser brasileiro. Ninguém era pessimista, em relação ao Brasil.
A bem da verdade, tratava-se de gente que, por acreditar muito no país, era capaz de dar sua vida por ele, como alguns fizeram. E, na Copa de 1970, todos acabaram torcendo pela Seleção.
A bem da verdade, tratava-se de gente que, por acreditar muito no país, era capaz de dar sua vida por ele, como alguns fizeram. E, na Copa de 1970, todos acabaram torcendo pela Seleção.
Agora, a coisa mudou.
Para se fazer oposição ao governo popular e democrático do país, parece que o requisito é ser anti-Brasil. Parece necessário se ter um grande desprezo pelo país, e mais ainda pelo seu povo.
É imprescindível ser um pessimista que transmita seu desprezo a tudo que é brasileiro com sincopado abanar de rabo e latidos histéricos.
Para se fazer oposição ao governo popular e democrático do país, parece que o requisito é ser anti-Brasil. Parece necessário se ter um grande desprezo pelo país, e mais ainda pelo seu povo.
É imprescindível ser um pessimista que transmita seu desprezo a tudo que é brasileiro com sincopado abanar de rabo e latidos histéricos.
Pelo menos é o que a mídia conservadora e oligopolizada, nosso
maior partido de oposição, vem fazendo com grande afinco.
Com efeito, para tentar impedir a reeleição da presidenta instaurou-se um vale-tudo que não se acanha em atropelar a autoestima do brasileiro e prejudicar o país.
Com efeito, para tentar impedir a reeleição da presidenta instaurou-se um vale-tudo que não se acanha em atropelar a autoestima do brasileiro e prejudicar o país.
Tudo é apresentado sob uma ótica distorcida pelo ódio, o
pessimismo e o desprezo.
Parece que vivemos no último país do mundo, sempre à beira do colapso e irremediavelmente condenado ao atraso pela incompetência e a ignorância de seu próprio povo.
Parece que vivemos no último país do mundo, sempre à beira do colapso e irremediavelmente condenado ao atraso pela incompetência e a ignorância de seu próprio povo.
Faz-se tabula rasa de todos os grandes avanços acontecidos na
última década e do fato de que o Brasil é um dos países que melhor enfrenta a
crise mundial, para se criar um clima pesado de pessimismo e negatividade, o
qual, embora não tenha substrato empírico, tem impacto real na psique coletiva
do país.
E na imagem do Brasil.
E na imagem do Brasil.
A cobertura da Copa é exemplar, a este respeito. Faz-se uma
inversão de tudo o que acontece. O novo estádio, muitíssimo melhor que o
antigo, que caía aos pedaços, afugentando e ameaçando torcedores, não é
notícia.
O que é notícia, espalhafatosa e histérica, é o “atraso”, a “goteira”, o “tapume”, e os supostos e até agora não comprovados “superfaturamentos”. O novo aeroporto, também muito melhor que o antigo, de que tantos reclamavam, também não é notícia. O que é notícia é a não-instalação (ainda) da Polícia Federal no local e a confusão em torno da saída de um voo internacional.
O que é notícia, espalhafatosa e histérica, é o “atraso”, a “goteira”, o “tapume”, e os supostos e até agora não comprovados “superfaturamentos”. O novo aeroporto, também muito melhor que o antigo, de que tantos reclamavam, também não é notícia. O que é notícia é a não-instalação (ainda) da Polícia Federal no local e a confusão em torno da saída de um voo internacional.
As grandes obras de mobilidade urbana, tão necessárias à nossa
população das grandes cidades, ou são ignoradas ou são apresentadas pelo mesmo
viés negativo.
Distorce-se muito o tempo todo.
Até mesmo a taxa de desemprego em seu mínimo histórico é apresentada sob uma ótica negativa, sob a desculpa de que a taxa de inatividade cresceu, o que, na realidade, também é uma boa notícia, pois indica que os nossos jovens estão estudando mais, graças ao aumento das rendas das famílias.
Até mesmo a taxa de desemprego em seu mínimo histórico é apresentada sob uma ótica negativa, sob a desculpa de que a taxa de inatividade cresceu, o que, na realidade, também é uma boa notícia, pois indica que os nossos jovens estão estudando mais, graças ao aumento das rendas das famílias.
Quando não se pode distorcer, chega-se, em alguns casos, à mentira
pura e simples.
A velha mídia se esmerou em propagar a ideia de que os investimentos na Copa tinham sido feitos a expensas dos investimentos em Saúde e Educação.
A velha mídia se esmerou em propagar a ideia de que os investimentos na Copa tinham sido feitos a expensas dos investimentos em Saúde e Educação.
Tudo mentira, é óbvio.
Os dados mostram que gastos com os estádios, na realidade empréstimos do BNDES que terão de ser pagos, corresponderam, em quatro anos, a cerca de RS$ 8 bilhões, ao passo que os investimentos em Saúde e Educação ultrapassaram R$ 850 bilhões. A manchete correta sobre o tema seria:
“Brasil gasta menos de 1% com estádios do que gasta com Saúde e Educação”. No entanto, essa manchete nunca veio, ou, se veio, veio com muito atraso.
Os dados mostram que gastos com os estádios, na realidade empréstimos do BNDES que terão de ser pagos, corresponderam, em quatro anos, a cerca de RS$ 8 bilhões, ao passo que os investimentos em Saúde e Educação ultrapassaram R$ 850 bilhões. A manchete correta sobre o tema seria:
“Brasil gasta menos de 1% com estádios do que gasta com Saúde e Educação”. No entanto, essa manchete nunca veio, ou, se veio, veio com muito atraso.
E a distorção sistemática não se refere somente à Copa.
Distorcem-se as informações sobre o ENEM, um mecanismo republicano de acesso à
universidade, que é atacado sistematicamente por aqueles que ignoravam os
grandes problemas e limitações dos nossos vestibulares.
Distorcem-se os dados sobre o Bolsa Família, sempre apresentado como um programa que incentiva a preguiça. Inventa-se uma inflação “sem controle”. Em certos meios, mente-se até sobre a Justiça, como no caso da AP 470. A lista é inesgotável.
Distorcem-se os dados sobre o Bolsa Família, sempre apresentado como um programa que incentiva a preguiça. Inventa-se uma inflação “sem controle”. Em certos meios, mente-se até sobre a Justiça, como no caso da AP 470. A lista é inesgotável.
Claro está que não se deseja que a imprensa oculte problemas e
não faça críticas. Mas deveria haver um mínimo de equilíbrio e isenção.
Afinal, qual é a contribuição que uma mídia que não disponibiliza informação fidedigna à população presta à democracia?
Claro está também que, se a Copa e todas essas grandes obras tivessem sido feitas nos governos conservadores de antanho, a louvação derretida dessa mesma mídia oligopolizada seria interminável e nauseante.
Afinal, qual é a contribuição que uma mídia que não disponibiliza informação fidedigna à população presta à democracia?
Claro está também que, se a Copa e todas essas grandes obras tivessem sido feitas nos governos conservadores de antanho, a louvação derretida dessa mesma mídia oligopolizada seria interminável e nauseante.
O curioso é que esse esforço furioso da mídia conservadora não
surte o efeito desejado. Os candidatos da oposição não conseguem decolar.
O clima de pessimismo e desconforto embalado pela mídia parece atingir, a bem da verdade, a política de um modo geral e todas as instituições democráticas. Ninguém está conseguindo se beneficiar com isso.
O clima de pessimismo e desconforto embalado pela mídia parece atingir, a bem da verdade, a política de um modo geral e todas as instituições democráticas. Ninguém está conseguindo se beneficiar com isso.
Mas, se ninguém se beneficia, o dano causado ao país é real.
Quanto turistas deixaram de vir ao Brasil por causa dessa campanha sistemática? Será que não há investimentos que foram cancelados por causa disso? Em todo caso, se a Copa for um grande fracasso, quem pagará o preço, por várias décadas, será o Brasil; não o governante de plantão.
Quanto turistas deixaram de vir ao Brasil por causa dessa campanha sistemática? Será que não há investimentos que foram cancelados por causa disso? Em todo caso, se a Copa for um grande fracasso, quem pagará o preço, por várias décadas, será o Brasil; não o governante de plantão.
O dano maior, contudo, é o dano à autoestima do brasileiro. Um
dano terrível. Já ouvi crianças de nove anos dizerem que torcerão por times
estrangeiros, porque o Brasil é um “país feio”.
Já vi adultos declararem que não colocaram bandeiras do Brasil em seus carros porque temem “pichações”. Vejam a que ponto chegamos: há pessoas no Brasil que temem declarar o seu amor pelo próprio país. Quem pagará por esse crime?
Já vi adultos declararem que não colocaram bandeiras do Brasil em seus carros porque temem “pichações”. Vejam a que ponto chegamos: há pessoas no Brasil que temem declarar o seu amor pelo próprio país. Quem pagará por esse crime?
Deveria ser o antibrasileiro profissional. Aquele que é revelado
pelo seguinte diálogo:
-O Senhor é antipatriota?
-Profissional.
-Profissional?
-É, porque eu sou pago para fazer esse servicinho sujo contra o
Brasil.