PUBLICAÇÕES EM 18/07/14
OPERAÇÃO LAVA JATO
“Nunca vi tanto
dinheiro”,
diz procurador sobre
investigações
A operação foi intitulada Lava Jato porque o grupo usava uma
rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar o
dinheiro
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
participa das investigações da operação realizada pela PF
DA REDAÇÃO
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta sexta-feira (18) que
as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, revelaram um grande
esquema de lavagem de dinheiro.
"Nunca
viu tanto dinheiro", afirmou Janot, ao comentar dados da operação aos
quais teve acesso. O procurador participou nesta sexta-feira de um café da
manhã com jornalistas.
Ele
nomeou uma força-tarefa do Ministério Público para dar celeridade aos
trabalhos, mas ressaltou que a conclusão dos inquéritos não será rápida,
devido à complexidade das investigações.
De
acordo com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf), os acusados movimentaram mais de R$ 10 bilhões. Janot disse que era
"um esquema enorme de lavagem de dinheiro" e que o dinheiro era usado
para mais de uma finalidade.
"Tem campanha [política], tem corrupção, são
vários os destinatários e destinos dessas importâncias. O volume de dinheiro é
enorme e as investigações prosseguem. Nunca vi tanto dinheiro na minha vida”,
enfatizou.
Deflagrada
no dia 17 de março deste ano, a Operação Lava Jato, da Polícia Federal,
desarticulou uma organização que tinha como objetivo a lavagem de dinheiro em
seis estados e no Distrito Federal.
Segundo
a Polícia Federal, o grupo investigado, “além de envolver alguns dos principais
personagens do mercado clandestino de câmbio no Brasil”, é responsável pela
movimentação financeira e lavagem de ativos de diversas pessoas físicas e
jurídicas envolvidas em crimes como tráfico internacional de drogas, corrupção
de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração e
contrabando de pedras preciosas e desvio de recursos públicos.
A
operação foi intitulada Lava Jato porque o grupo usava uma rede de lavanderias
e postos de combustíveis para movimentar o dinheiro.
Em
um dos inquéritos, são investigados supostos desvios de recursos públicos na
construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
No processo, o ex-diretor
da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e outros acusados
são investigados por lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público, a obra
foi orçada em R$ 2,5 bilhões e os gastos já chegaram a R$ 20 bilhões.
Agência Brasil
ALFINETADAS
Lula diz que no tempo de FHC era
"roubar por roubar, sem denúncias"
FHC afirmou que o colega promove "baixarias e falsas
acusações",
é "incapaz da
autocrítica" e tenta "distrair a opinião pública jogando culpa nos
outros"
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Nas
últimas semanas, Lula e FHC têm trocado acusações na imprensa sobre casos de
corrupção
DA REDAÇÃO
Em
mais uma rodada de provocações públicas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva desafiou nesta sexta-feira (18) o PSDB e seu antecessor, Fernando
Henrique Cardoso, a provar que algum governo tenha criado "mais mecanismos
para mandar prender corrupto" do que sua gestão.
Convocando
mais uma vez a militância do PT a discutir a corrupção nas eleições, Lula
afirmou que no governo FHC era "roubar por roubar e não tinha denúncia
porque tinha um tapete muito grande para jogar toda sujeira para debaixo".
Nas
últimas semanas, os dois ex-presidente têm trocado alfinetadas públicas sobre o
tema. Na última terça-feira (15), Fernando Henrique publicou um artigo acusando
o petista de omissão sobre o mensalão, principal escândalo de seu governo.
FHC
afirmou que o colega promove "baixarias e falsas acusações", é
"incapaz da autocrítica" e tenta "distrair a opinião pública
jogando culpa nos outros". O texto foi uma resposta, com quase duas
semanas de atraso, a uma fala de Lula apontando que o tucano "desmantelou
instrumentos de combate à corrupção".
Lula,
que declarou não ter o hábito de ler o tucano, decidiu rebater o colega nesta
sexta (18), durante a primeira caminhada da campanha de Alexandre Padilha ao
governo paulista. Segundo o petista, Fernando Henrique talvez não esteja
gostando de seu discurso. "Eu vou continuar falando: nós temos que debater
a corrupção nesse país. Eu duvido, eu desafio eles a provarem se algum
presidente nesse país criou mecanismo de investigação, de apuração, de mandar
prender corrupto que eu criei em oito anos", disse.
O
petista, que criou em 2003 a Controladoria-Geral da União, afirmou ainda que em
seu governo apenas pessoas honestas não era denunciadas. "Eu desafio quem
foi que mais contratou policiais federais, que mais investiu na inteligência,
que criou mecanismos de investigação de lavagem de dinheiro, quem mais puniu
funcionário público nesse país".
O
ex-presidente afirmou que o tema é delicado e que não gostaria de discutir, mas
que está disposto a entrar no debate. "Tenho certeza que nenhum dele chega
perto de nos em termos de cuidar do patrimônio público. Eu queria lembrar vocês
uma coisa, além de outro tema tem a Prefeitura de São Paulo".
Para
Lula, é preciso defender o partido. "Falo isso de cabeça erguida porque
tenho consciência de que esse tema [corrupção] é delicado para nossa
militância, para nossos jovens, para as mulheres porque eles vivem dizendo que
o PT é corrupto e muitas vezes a gente abaixa a cabeça e nós temos que avisar
para cada petista, vereador, deputado, senador, para todos nós que criamos esse
partido para fazer o povo pobre andar de cabeça erguida nesse pais",
disse. "Não nascemos para ser iguais a podridão da política desse país. se
alguém nosso errar, tem que pagar o preço. Isso vale para política e vale para
a casa da gente", completou.
Folhapress
A bagunça
da democracia brasileira
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A democracia brasileira é uma bagunça, tanto no
funcionamento do aparelho do Estado (relações entre os Três Poderes e pequenas
repúblicas cartoriais envolvidas no exercício da atividade administrativa no
dia a dia) quanto no processo eleitoral propriamente dito. A última semana
desnudou a vergonhosa realidade dessa bagunça: alianças feitas sem respeito às
identidades ideológicas ou éticas entre os candidatos de uma mesma coligação. Como
em toda bagunça, o eleitor fica desconsolado, e o aparelho do Estado, caótico.
Essa
bagunça de casamentos imorais em grupos sem identidade, que foi chamada de
“orgia” e “suruba”, respectivamente, pelo prefeito do Rio de Janeiro (RJ),
Eduardo Paes, e pelo deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), tem outro demonstrativo
vergonhoso no custo das campanhas. Somente Dilma e Aécio prevêem gastar R$ 588
milhões. Somando os demais presidenciáveis, o custo será de R$ 870 milhões.
Em
2010, as eleições a todos os cargos custaram R$ 3,23 bilhões, cerca de 11 vezes
mais do que os gastos dos presidenciáveis de então. Mantida a mesma proporção,
em 2014 os gastos serão de R$ 9,7 bilhões, equivalentes ao pagamento de piso
salarial para 100 mil professores ao longo de quatro anos. Nenhum regime pode
ser considerado democrático se cada voto custa tão caro.
O maior
custo, porém, não é financeiro, é o caos político e administrativo que está
esgotando o atual modelo de democracia brasileira, desmoralizando e emperrando
o funcionamento do setor público. Apesar disso, ainda não vimos qualquer dos
candidatos à Presidência propondo uma reforma eleitoral que reduza esse custo.
Com
três medidas seria possível fazer a redução dos custos, tanto financeiros
quanto políticos.
A
proibição de alianças no primeiro turno levaria ao fim do comércio de tempo
para os programas eleitorais. Essa medida reduziria o número de partidos e a
consequente reorganização deles com base em identidade e substância de idéias e
valores morais.
A
utilização do horário eleitoral para transmitir debates e falas diretas dos
candidatos, sem qualquer manipulação marqueteira que, a custos altíssimos,
busca enganar o eleitor e vender o candidato como se fosse mercadoria. Sem
caros marketings, o custo seria menor e a qualidade da democracia seria maior
ao colocar os candidatos se enfrentando e olhando nos olhos dos eleitores, sem
a parafernália usada para iludir.
Limitar
os gastos eleitorais para cada candidato não poder gastar mais do que um
determinado valor proporcional ao número de eleitores de sua circunscrição.
Isso seria facilitado pela adoção de um sistema distrital misto em que alguns
deputados e vereadores representam apenas os distritos, e não todo o Estado.
As
três medidas, entre outras, não deverão ser adotadas porque os candidatos que
buscam a reeleição se beneficiam da bagunça, enquanto outros sonham em entrar
nela.