sexta-feira, 18 de julho de 2014

PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA, = OPERAÇÃO LAVA JATO --- EX-PRESIDENTE LULA, = ALFINETADAS --- SENADOR CRISTOVAM BUARQUE, = A BAGUNÇA DA DEMOCRACIA BRASILEIRA:

PUBLICAÇÕES EM 18/07/14

OPERAÇÃO LAVA JATO
“Nunca vi tanto dinheiro”,
diz procurador sobre investigações

A operação foi intitulada Lava Jato porque o grupo usava uma

rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar o dinheiro

Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, participa das investigações da operação realizada pela PF

DA REDAÇÃO
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta sexta-feira (18) que as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, revelaram um grande esquema de lavagem de dinheiro.
"Nunca viu tanto dinheiro", afirmou Janot, ao comentar dados da operação aos quais teve acesso. O procurador participou nesta sexta-feira de um café da manhã com jornalistas.
Ele nomeou uma força-tarefa do Ministério Público para dar celeridade aos trabalhos, mas ressaltou que a conclusão dos inquéritos não será  rápida, devido à complexidade das investigações.
De acordo com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), os acusados movimentaram mais de R$ 10 bilhões. Janot disse que era "um esquema enorme de lavagem de dinheiro" e que o dinheiro era usado para mais de uma finalidade. 
"Tem campanha [política], tem corrupção, são vários os destinatários e destinos dessas importâncias. O volume de dinheiro é enorme e as investigações prosseguem. Nunca vi tanto dinheiro na minha vida”, enfatizou.
Deflagrada no dia 17 de março deste ano, a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, desarticulou uma organização que tinha como objetivo a lavagem de dinheiro em seis estados e no Distrito Federal.
Segundo a Polícia Federal, o grupo investigado, “além de envolver alguns dos principais personagens do mercado clandestino de câmbio no Brasil”, é responsável pela movimentação financeira e lavagem de ativos de diversas pessoas físicas e jurídicas envolvidas em crimes como tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração e contrabando de pedras preciosas e desvio de recursos públicos.
A operação foi intitulada Lava Jato porque o grupo usava uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar o dinheiro.
Em um dos inquéritos, são investigados supostos desvios de recursos públicos na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. 
No processo, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e outros acusados são investigados por lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público, a obra foi orçada em R$ 2,5 bilhões e os gastos já chegaram a R$ 20 bilhões.
Agência Brasil
ALFINETADAS

Lula diz que no tempo de FHC era
"roubar por roubar, sem denúncias"

FHC afirmou que o colega promove "baixarias e falsas acusações",

 é "incapaz da autocrítica" e tenta "distrair a opinião pública jogando culpa nos outros"

Nas últimas semanas, Lula e FHC têm trocado acusações na imprensa sobre casos de corrupção

DA REDAÇÃO
Em mais uma rodada de provocações públicas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou nesta sexta-feira (18) o PSDB e seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, a provar que algum governo tenha criado "mais mecanismos para mandar prender corrupto" do que sua gestão.
Convocando mais uma vez a militância do PT a discutir a corrupção nas eleições, Lula afirmou que no governo FHC era "roubar por roubar e não tinha denúncia porque tinha um tapete muito grande para jogar toda sujeira para debaixo".
Nas últimas semanas, os dois ex-presidente têm trocado alfinetadas públicas sobre o tema. Na última terça-feira (15), Fernando Henrique publicou um artigo acusando o petista de omissão sobre o mensalão, principal escândalo de seu governo.
FHC afirmou que o colega promove "baixarias e falsas acusações", é "incapaz da autocrítica" e tenta "distrair a opinião pública jogando culpa nos outros". O texto foi uma resposta, com quase duas semanas de atraso, a uma fala de Lula apontando que o tucano "desmantelou instrumentos de combate à corrupção".
Lula, que declarou não ter o hábito de ler o tucano, decidiu rebater o colega nesta sexta (18), durante a primeira caminhada da campanha de Alexandre Padilha ao governo paulista. Segundo o petista, Fernando Henrique talvez não esteja gostando de seu discurso. "Eu vou continuar falando: nós temos que debater a corrupção nesse país. Eu duvido, eu desafio eles a provarem se algum presidente nesse país criou mecanismo de investigação, de apuração, de mandar prender corrupto que eu criei em oito anos", disse.
O petista, que criou em 2003 a Controladoria-Geral da União, afirmou ainda que em seu governo apenas pessoas honestas não era denunciadas. "Eu desafio quem foi que mais contratou policiais federais, que mais investiu na inteligência, que criou mecanismos de investigação de lavagem de dinheiro, quem mais puniu funcionário público nesse país".
O ex-presidente afirmou que o tema é delicado e que não gostaria de discutir, mas que está disposto a entrar no debate. "Tenho certeza que nenhum dele chega perto de nos em termos de cuidar do patrimônio público. Eu queria lembrar vocês uma coisa, além de outro tema tem a Prefeitura de São Paulo".
Para Lula, é preciso defender o partido. "Falo isso de cabeça erguida porque tenho consciência de que esse tema [corrupção] é delicado para nossa militância, para nossos jovens, para as mulheres porque eles vivem dizendo que o PT é corrupto e muitas vezes a gente abaixa a cabeça e nós temos que avisar para cada petista, vereador, deputado, senador, para todos nós que criamos esse partido para fazer o povo pobre andar de cabeça erguida nesse pais", disse. "Não nascemos para ser iguais a podridão da política desse país. se alguém nosso errar, tem que pagar o preço. Isso vale para política e vale para a casa da gente", completou.
Folhapress
A bagunça
da democracia brasileira


A democracia brasileira é uma bagunça, tanto no funcionamento do aparelho do Estado (relações entre os Três Poderes e pequenas repúblicas cartoriais envolvidas no exercício da atividade administrativa no dia a dia) quanto no processo eleitoral propriamente dito. A última semana desnudou a vergonhosa realidade dessa bagunça: alianças feitas sem respeito às identidades ideológicas ou éticas entre os candidatos de uma mesma coligação. Como em toda bagunça, o eleitor fica desconsolado, e o aparelho do Estado, caótico.

Essa bagunça de casamentos imorais em grupos sem identidade, que foi chamada de “orgia” e “suruba”, respectivamente, pelo prefeito do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes, e pelo deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), tem outro demonstrativo vergonhoso no custo das campanhas. Somente Dilma e Aécio prevêem gastar R$ 588 milhões. Somando os demais presidenciáveis, o custo será de R$ 870 milhões.

Em 2010, as eleições a todos os cargos custaram R$ 3,23 bilhões, cerca de 11 vezes mais do que os gastos dos presidenciáveis de então. Mantida a mesma proporção, em 2014 os gastos serão de R$ 9,7 bilhões, equivalentes ao pagamento de piso salarial para 100 mil professores ao longo de quatro anos. Nenhum regime pode ser considerado democrático se cada voto custa tão caro.

O maior custo, porém, não é financeiro, é o caos político e administrativo que está esgotando o atual modelo de democracia brasileira, desmoralizando e emperrando o funcionamento do setor público. Apesar disso, ainda não vimos qualquer dos candidatos à Presidência propondo uma reforma eleitoral que reduza esse custo.

Com três medidas seria possível fazer a redução dos custos, tanto financeiros quanto políticos.
A proibição de alianças no primeiro turno levaria ao fim do comércio de tempo para os programas eleitorais. Essa medida reduziria o número de partidos e a consequente reorganização deles com base em identidade e substância de idéias e valores morais.

A utilização do horário eleitoral para transmitir debates e falas diretas dos candidatos, sem qualquer manipulação marqueteira que, a custos altíssimos, busca enganar o eleitor e vender o candidato como se fosse mercadoria. Sem caros marketings, o custo seria menor e a qualidade da democracia seria maior ao colocar os candidatos se enfrentando e olhando nos olhos dos eleitores, sem a parafernália usada para iludir.

Limitar os gastos eleitorais para cada candidato não poder gastar mais do que um determinado valor proporcional ao número de eleitores de sua circunscrição. Isso seria facilitado pela adoção de um sistema distrital misto em que alguns deputados e vereadores representam apenas os distritos, e não todo o Estado.

As três medidas, entre outras, não deverão ser adotadas porque os candidatos que buscam a reeleição se beneficiam da bagunça, enquanto outros sonham em entrar nela.