BLOG TEREZA CRUVINEL
16/09/2014
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A MÍDIA, O POVO
E PLEBISCITO POPULAR
No último dia 7 de Setembro, 1.744.872 pessoas de todas as
regiões do Brasil votaram pela Internet no plebiscito popular, organizado por
450 entidades da sociedade civil sobre a reforma política. Entre estas,
96,9% (1.691.006) votaram SIM à constituinte exclusiva para reformar o
sistema Político, e 3,1% (53.866) votaram NÃO. Outros milhares
votaram através das 40 mil urnas físicas e estes votos ainda estão sendo
apurados pelos 1.800 comitês organizativos.
Toda esta mobilização, entretanto, mereceu da grande mídia um silêncio
ensurdecedor, que fala de sua desconexão com os movimentos populares.
Afora uma nota aqui (como a de Ilimar Franco hoje no Globo), outra ali,
nada na mídia impressa nem nos meios eletrônicos,
O movimento que preparou esta consulta começou no ano passado, depois
das manifestações de junho, quando ficou evidente a falência do atual sistema
eleitoral para garantir a legitimidade de nosso regime democrático
baseado na representação popular através dos partidos políticos.
Entre as 450 instituições patrocinadoras há sindicados, organismos de
classe, associações civis as mais diversas e apenas três partidos políticos:
PT, PC do B e PCR.
Não sei que peso eles tiveram na mobilização, que não contou com apoio
oficial da Justiça Eleitoral ou de qualquer agência do Estado.
Foi
realizado graças ao engajamento de milhares de militantes e ativistas de todas
as partes do Brasil, preocupados com os rumos da democracia que, aos trancos e
barrancos, o povo brasileiro vem construindo e aprimorando.
Trata-se de um movimento independente que, em algum momento, terá
de ser ouvido, se não pelas mídias, pelo menos pelos partidos e políticos que
se sustentam sobre um sistema erodido pelo descrédito na política, decorrente
dos delitos de uns e da campanha movido pelos agentes do negativismo contra a
atividade política.
O resultado final da consulta será divulgado no dia 24 de setembro,
quando será apresentado aos dirigentes do Congresso, aos partidos e aos
candidatos a presidente.
O silêncio da mídia sobre o
plebiscito expressa, além de sua dissintonia com as iniciativas populares, a
descrença no resultado de tudo que não tem origem no status quo. A
História, entretanto, já mostrou algumas vezes que o caminho social pode nascer
das pequenas trilhas.
Em 1983, um jovem deputado de terno branco e chapéu panamá, recém
chegado ä Câmara, chamado Dante de Oliveira, corria atrás dos
jornalistas no Salão Verde da Câmara para falar de sua proposta de emenda
constitucional restabelecendo as eleiçoes diretas para presidente da
Repúblicas. Que utópico, dizíamos nós, e o ouvíamos por delicadeza.
Saia um registro aqui, outro ali. Ate que em algum momento dr. Ulysses Guimarães,
como nós e todos o chamávamos, colocou-a na agenda do PMDB.
Os outros partidos de oposição se juntaram, levantaram a bandeira e
aconteceu a memorável campanha das diretas-já.
Seja através do plebiscito, do referendo ou de uma iniciativa corajosa
do Congresso, a reforma política terá que vir. Assim como passado eram
inexoráveis a anistia, o fim do arbítrio, as eleições diretas e a Constituinte.
Quem não gosta da idéia, trate de assimilar isso.