FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO
INTERATIVO
em ARAXÁ/MG.
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1 de outubro de
2014
VOTO EM DILMA
Colunista do 247, Paulo Moreira Leite diz que seu voto "tem origem
na convicção fundamental de que o dever principal do Estado e dos governantes é
defender os humildes e os desprotegidos, os que não tiveram oportunidade";
jornalista lembra que "nunca os mais pobres conseguiram vencer tantos
enganos, tantas ilusões" e diz que pensa em Dilma quando vê, na TV, um
candidato sem conseguir – apesar do treinamento – disfarçar sua conversa vazia;
"Nunca foi tão necessário derrotar o preconceito, a ideologia nefasta dos
senhores de sempre, o pensamento conservador do eterno obscurantismo — marcas
daquilo que muitos anos atrás nosso maior poeta
do século XX chamou de mundo
caduco", defende PML
Minha razão para votar em Dilma tem origem na convicção
fundamental de que o dever principal do Estado e dos governantes é defender os
humildes e os desprotegidos, os que não tiveram oportunidade.
Também se baseia nas melhores estatísticas, que podem ser lembradas
sempre que necessário, e ajudam a entender quem fez o quê, quando, para quem.
Estou falando da distribuição de renda, para lembrar que
queremos viver num Brasil de cidadãos iguais, homens e mulheres. Acredito que é
preciso manter a prioridade no emprego e no salário, no mercado interno,
porque sabemos que só progresso no bem-estar da população de baixo gera
melhoras reais para o conjunto da sociedade.
Não tenho religião mas tenho uma fé política: creio
que numa democracia todos os poderes emanam do povo. Não imagino um país de
cabeça baixa, refúgio de escravos tristes e senhores de sorriso amarelo pelo
excesso de esperteza.
Não acredito em contos de fada nem admiro heróis de álbum
de figurinha.
Não creio num futuro de privilégios nem de favores. A
hierarquia não eleva. A inferioridade incomoda.
Só a luta pela igualdade é ética.
Penso em Dilma quando
tentam nos assustar com o medo ridículo de mais uma queda na Bolsa, querendo
ligar o destino do país ao enriquecimento de tubarões de um cassino pobre e
podre, habituados a embolsar seus lucros e transferir suas desgraças para a
maioria da população.
Penso em Dilma quando
vejo um candidato aparecer na TV sem conseguir — apesar de muito treinamento —
disfarçar sua conversa vazia. Nada consegue dizer porque muito tem a esconder.
Penso nela quando até
um ator de Hollywood, envergonhado, sentiu-se no dever de informar que
fez papel de bobo e retira o apoio a uma concorrente.
Os analistas de
gabinete estão atônitos, os economistas de encomenda e os consultores
milionários fogem de clientes inconformados. Faltam poucos dias para o povo ir
às urnas e tudo que imaginaram, prometeram, deu errado. Mentiram, apenas
mentiram, mentiram de novo.
Apesar do massacre
cotidiano, das cortinas de fumaça, das trapaças, das demonstrações de má fé,
milhões de brasileiros foram capazes de compreender aonde estão seus
interesses, distinguir quem zela por suas necessidades e tem disposição de
lutar por elas. Não é de hoje que aprenderam o que é classe social.
Por vários caminhos, com as idéias mais exóticas,
incongruentes na origem mas idênticas na finalidade, formou-se uma grande
aliança para tentar fazer a roda da história andar para trás. Deu errado.
Dilma só é chamada de
agressiva, e suas críticas são chamadas de ataques, porque é assim que acontece
com quem desafia o coro das ideias dominantes.
Nunca os mais pobres conseguiram vencer tantos enganos,
tantas ilusões.
Nunca tiveram a mesma
oportunidade de arrumar o país para ficar um pouco do seu jeito, onde possam
fazer valer sua vontade e serem tratados com dignidade.
Nunca foi tão necessário derrotar o preconceito, a
ideologia nefasta dos senhores de sempre, o pensamento conservador do eterno
obscurantismo — marcas daquilo que muitos anos atrás nosso maior poeta do
século XX chamou de mundo caduco.
Em meio a
tanta dificuldade, tanta injustiça, tanta mudança a ser feita, vivemos num país
onde 94% dos favelados dizem que estão felizes com a vida que levam.
Por isso, voto e peço voto
em Dilma.
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".