FCO.LAMBERTO FONTES
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23
DE MAIO DE 2016
GRAVAÇÃO
COM JUCÁ
REVELA QUE IMPEACHMENT
FOI PACTO PARA DETER
A LAVA JATO
Em
diálogos gravados em março, semanas antes da votação na Câmara que desencadeou
o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ministro do Planejamento, Romero
Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma
"mudança" no governo federal resultaria em um pacto para
"estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que
investiga ambos;"Se é político, como é a política? Tem que resolver essa
porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", diz Jucá; ele
fala em construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo";
Machado concorda: "aí parava tudo"; eles disseram ainda que a
operação era uma ameaça tanto para PMDB como para o PSDB e que o único
empecilho era o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), porque odiaria
Cunha: "Michel é Eduardo Cunha"; diálogo parece confirmar a tese
do escritor Miguel Sousa Tavares de que o impeachment foi uma "assembleia
de bandidos, presidida por um bandido, para afastar uma mulher honesta"
247 - Em diálogos gravados em março passado, o ministro do Planejamento,
senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR) sugeriu ao ex-presidente da Transpetro
Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um
pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato,
que investiga ambos.
Segundo reportagem de Rubens Valente, as conversas, que estão em
poder da PGR (Procuradoria-Geral da República), ocorreram semanas antes da
votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Machado se mostrou preocupado com o envio do seu caso para a PF de
Curitiba e chegou a fazer ameaçadas:
"Aí fodeu. Aí fodeu
para todo mundo.
Como montar uma estrutura
para evitar que eu 'desça'? Se eu 'descer'...".
O atual ministro afirmou que
seria necessária uma resposta política:
"Se é político, como é
a política?
Tem que resolver essa porra.
Tem que mudar o governo para
estancar essa sangria", diz Jucá.
Ele acrescentou que um
eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o
Supremo, com tudo".
Machado disse: "aí
parava tudo".
Segundo Jucá,
"ministros do Supremo" teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das
pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da
Lava Jato.
O ministro do Planejamento
afirmou que tem "poucos caras ali [no STF]" ao quais não tem acesso e
um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal, a
quem classificou de "um cara fechado".
O atual ministro concordou que o envio do processo para o juiz
Sérgio Moro não seria uma boa opção e o chamou de "uma 'Torre de
Londres'", em referência ao castelo da Inglaterra em que ocorreram
torturas e execuções entre os séculos 15 e 16.
Segundo ele, os suspeitos
eram enviados para lá "para o cara confessar".
Na conversa, eles dizem que o único empecilho no pacto era o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), porque odiaria Cunha.
"Só Renan que está
contra essa porra.
'Porque não gosta do Michel,
porque o Michel é Eduardo Cunha'. Gente, esquece o Eduardo Cunha.
O Eduardo Cunha está morto,
porra", afirma Jucá no diálogo, que foi gravado.
"O Renan reage à solução do Michel. Porra, o Michel, é uma
solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser.
'Michel, vem cá, é isso e
isso, isso, vai ser assim, as reformas são essas'", disse Jucá ao
ex-presidente da Transpetro.
O advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida
Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente "jamais pensaria em fazer
qualquer interferência" na Lava Jato e que as conversas não contêm
ilegalidades (leia aqui).