FCO.LAMBERTO FONTES
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Segunda-feira, 6 de junho de 2016
Cerveró aponta propinas de mais de meio bilhão de reais; o maior valor aconteceu
no governo FHC
A compra da refinaria de Pasadena também foi apontada. De acordo com Cerveró, o negócio teria favorecido o ex-senador Delcídio Amaral, Fernando Baiano e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, entre outros nomes que o jornal carioca não quis apontar, em um valor de US$ 15 milhões.
A aquisição de sondas, por sua vez, segundo o jornal, teria possibilitado pelo menos US$ 24 milhões em propina para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), o senador Jader Barbalho (PMDB) e Delcídio, entre outros.
Outro pagamento, entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões, com a compra de blocos de petróleo em Angola, teria ido para a campanha presidencial do PT em 2006, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi candidato à reeleição.
Cerveró colabora com a Justiça em troca de redução de pena. Ele também falou de diversas propinas a Fernando Collor em relação à BR Distribuidora, e de propina a campanhas de políticos -- o jornal carioca destacou Jaques Wagner entre os favorecidos.
Atualizada em 05/06/2016
O que vai ser
do Brasil?
A primeira
pergunta, a mais séria do momento, pelas razões que podem envolver o ministro
em que o Brasil deposita todas as suas esperanças, é qual o motivo da demissão
do secretário-executivo da Fazenda. Se foi para o IRB, foi por demissão,
promoção - se for promoção sair do Ministério da Fazenda e ir para o IRB - ou
silêncio?
Não se pode admitir
que seja verdade que quatro ex-presidentes da República possam estar
envolvidos em corrupção na Petrobras - por eles ou por seus filhos.
E com ingenuidade,
hipócritas vêm dizer que a corrupção nesta empresa começou agora. Que viva
Paulo Francis.
É verdade ou é
mentira que um ex-diretor de Furnas tenha tido seu filho, que nunca militou na
política, recebendo em sua primeira candidatura a deputado estadual uma votação
expressiva em Minas Gerais.
E sendo Minas
Gerais um estado com mais de 600 municípios em que os candidatos são obrigados
a militar, principalmente aqueles que nunca militaram na vida pública.
Imediatamente em seguida à eleição, foi ser líder de um governo.
E hoje, o
procurador-geral da República teve que reencaminhar seus documentos para que
fossem melhor lidos por autoridades superiores que, uma semana antes, negaram o
procedimento.
Agora aceitam
dizendo que há fatos novos.
Apareceram agora,
nessa semana?
As
empresas envolvidas em corrupção no metrô de São Paulo, e que também passaram
pela Petrobras, estão proibidas ou não de trabalharem com o Brasil?
As
crianças têm ou não têm merenda escolar com preço de lanche de meninos ricos?
Há
faculdade - ou universidade - ou não envolvida com corrupção? Agora mesmo, em
menos de uma semana, se viu movimento bursátil com aumento de 23% das ações,
como se não fossem insiders os que compraram antes. E as outras? Quebraram? Tem
ou não tem, além de antecedência no crime, autoridade envolvida?
Lava
Jato, Proer, Banestado, anões do orçamento, privatizações, mensalão... como
disse um recém-ministro empossado: "Melhorou ou piorou depois de todos
esses anos?"
E
agora, novamente, um filho de autoridade, verdadeiro filho da "pátria",
denuncia três importantes políticos que receberam R$ 70 milhões fora do Brasil,
e era considerado um "expedito" agente de negócios. Nessa denúncia,
além de envolver ex-presidente da República e ex-ministro de Estado, esse filho
da "pátria" também envolve um presidente de um Poder, se não bastasse
autoridade de um outro Poder já estar denunciado não só na justiça brasileira,
como na estrangeira.
Três
ministros em 15 dias perderam seus postos por denúncia desse filho da
"pátria". Mais de quatro estão envolvidos na Lava Jato. Por uma
infelicidade da demagogia, quando da repercussão negativa de que não havia
mulheres no governo, nomearam uma em cargo importante, e por desgraça não das
mulheres, mas dela mesmo, ela está sendo investigada.
Presidentes
de bancos envolvidos em corrupção, mesmo tendo alguns desses executivos de
banco denunciado ocupado ou ocupando cargos importantes na área da Fazenda.
Empreiteiros, que até pouco tempo se consideravam os mais importantes do
mundo, envolvidos em corrupção e também presos.
Não
pode ser verdade que uma das maiores companhias de serviço público, sócia do
BNDES, tenha sido roubada por acionista estrangeiro em moeda forte, e nenhum de
seus acionistas tomaram qualquer posição em defesa do Brasil e dos
minoritários.
Não
pode ser verdade que nada tenha acontecido a dois conselheiros de uma empresa -
um ex-ministro do Estado e um ex-ministro do STF - cujo presidente, lunático,
afirmava que seria o homem mais rico do mundo, e que acabou dando um prejuízo
de bilhões ao país. Dizem que qualquer conselheiro da Petrobras deve ser preso
pelas barbaridades que houve na estatal, mas estes conselheiros desta empresa
estão soltos.
Não
pode ser verdade que a preocupação com um cabeleireiro possa se
transformar em manchete de jornal, quando o maior problema do país não são nem
os 12% de desempregados que estão na estatística porque foram empregados em
algum momento da vida. O grave são os milhões de brasileiros com idade de
trabalho que nunca foram empregados, os milhões que nunca puderam estudar e que
agora não estão estudando por greves de professores.
Com
a míngua e a falência do serviço público na área de hospitais e a possibilidade
real de que as empresas particulares não sobrevivam, quebrando um sistema que
ainda tem 50 milhões de brasileiros, o que vai acontecer com a saúde pública no
Brasil?
Os
estados estão falidos. Um destes estados empenhou há dez anos toda a
arrecadação futura, do que imaginava que iria receber, sobre o valor de 100
dólares o barril de petróleo. Hoje, o barril não chega a 50 dólares. Esse
estado inadimple com suas contas no exterior. A herança deixada é maldita, mas
assim mesmo os segmentos de informação denunciam aquilo que os guardanapos já
haviam constatado... E todos eles estão soltos, talvez vivendo com os mesmos
gastos que tinham no auge de suas desonestas condições de homens de Estado.
Não
pode ser verdade que os estados mais importantes do Brasil tenham seus
hospitais sem poder atender doentes, com colégios sem aula e sem poder pagar o
que merece um professor ou um médico, que não podem gastar nem com
correspondência judicial porque não têm dinheiro para o Correio.
Não
pode ser verdade que as empresas terceirizadas, que dizem não receber há seis
meses, nenhum delas tenha pedido concordata ou falência, o que significa que
deve ter sido inchado seus contratos nesses oito anos de corrupção que
atingiram esses estados.
E
aqueles que fizeram os contratos vivem soltos como viviam no passado, quando
roubavam, e alguns deles ainda têm o privilégio de serem contratados a peso de
ouro por empresas privadas, que ainda esperam receber do Estado. E eles servem
de seus lobistas.
Os
atuais governantes pagam com seu sofrimento por administrarem uma herança
maldita. Se fosse só maldita não significaria nada. Mas é uma herança destruída
pelos corruptos.
O
estupro de uma menina menor torna-se bandeira contra os maus-tratos que sofre a
mulher, mas parece que a mulher maltratada só recebe solidariedade se for
menor. As maiores de idade não têm a mesma sorte. Apanham, o país vê, mas seus
agressores não sofrem qualquer punição.
Onde
estão os sociólogos para analisarem o que vai acontecer com o país? Como vai
reagir este povo sofrido lendo, ouvindo e vendo nos meios de comunicação esses
escândalos estampados como se pertencessem a uma só pessoa?
Não
venham autoridades estrangeiras analisar o Brasil e fazer previsões de mercado.
De mercado, o povo só entende sobre preço de comida. De bolsa, a que carregam
no ombro.
O
Brasil não pode voltar a ser o país das capitanias hereditárias, onde só
mereciam terra os amigos da Corte.