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Hoje às 14h30-
Atualizada hoje às 18h02
André Borba*
A profunda crise
política e
econômica e
suas
consequências para o povo
Analistas, filósofos e juristas destacam clima
de descrédito, insegurança
e de radicalização
Em meio às turbulências política e econômica, o
brasileiro vê, pela primeira vez, políticos e representantes da elite
empresarial sendo presos e condenados por crimes de corrupção. E além da
turbulência política, agravada pelo afastamento de uma governante eleita
democraticamente e pelas denúncia de corrupção não apenas de líderes políticos,
como do próprio presidente da Câmara dos Deputados, o desemprego no país chega
a 11,2% e mostra as dificuldades também no plano econômico. Diante deste
cenário de credibilidade dos governantes em xeque e de falta de
perspectivas para a população, o que esperar? Qual a saída para o povo e para o
país?
"Esse quadro de crise das instituições
políticas e de profunda crise econômica gera muita insegurança", comentou
o professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, Paulo Baía.
Para o cientista social, no entanto, o brasileiro quer interferir na vida
política, como nunca antes. "A população quer participar mais da política,
quer a radicalização da democracia. Essa sinalização é muito clara. Percebo que
há uma vontade de uma democracia diferente desta, que é restrita. Os
brasileiros não mais acreditam nesse sistema político-eleitoral", afirmou.
A desconfiança em relação às instituições não é de
hoje e não se configura apenas no Brasil. "A população está cada vez mais
alheia e hostil ao modelo de democracia que existe no continente. Há um desgaste
da população em relação à institucionalidade política e aos partidos",
explicou o professor Roberto Romano, do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Unicamp.
Congresso Nacional, em Brasília
Para o filósofo, as injustiças que ocorrem no
cotidiano são um dos motivos para o descrédito das instituições do Estado
brasileiro. "Em nenhum país do mundo há tantos privilégios para quem
exerce o poder. Não conheço outro lugar do mundo em que existe uma frota de
carros à disposição de representantes políticos, de vereadores a ministros, por
exemplo. A marca do privilégio faz com que, no cotidiano, não se acredite na
real intenção dos governantes. Fica dado que eles se beneficiam às custas da
população. O cidadão comum que rouba não tem nada feito em seu favor. Já o
parlamentar que desvia milhões tem o privilégio de ser julgado pelo STF. Isso é
um tapa no rosto do brasileiro", argumentou Romano.
Para o professor universitário, a política
institucional brasileira precisa de mudanças mais profundas que a simples troca
de representantes: "Nas sessões da Comissão de Ética, os deputados se
chamam de 'canalhas', debocham, faltam com respeito. No Conselho de Ética não
há ética nenhuma. Eles não se importam com a moral pública. A estrutura é
pervertida. Não adianta mudar presidente da República nem cassar mandato do
presidente da Câmara", salientou Romano.
O cenário, no entanto, não é de puro pessimismo.
Ainda que a passos lentos, as reformas necessárias ocorrem, de acordo com o
filósofo: "Já melhorou bastante. A Lei da Improbidade Administrativa já
puniu 40% dos acusados. Diante de 500 anos de impunidade é bastante coisa, não
é? Temos agora a Lei da Ficha Limpa, a Lei da Transparência... Esses são alguns
passos no sentido da democracia".
O jurista Dalmo Dallari acredita que sejam necessárias
duas mudanças no sistema político do Brasil. Para ele, Poder Legislativo
federal precisa ser unicameral e os votos têm que ser distritais. "O
Senado não tem razão de existir porque ele aparece como representante dos
estados, mas o Brasil nunca teve estado. O que existiam eram províncias que
mudaram de nome. Os senadores, hoje, representam grupos locais, grandes
famílias. Outra necessidade são os distritos eleitorais. O candidato seria
votado em área menor e o povo conheceria os seus antecedentes. Da maneira
atual, há um desligamento do candidato e o povo. Falta representação",
disse o advogado.
* do projeto de estágio do JB