FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
Mora em ARAXÁ/MG
1 blogspot, + 1 página no facebook, + de 90 grupos no facebook, + twitter,
+ de 940 blogs e comunidades no google+, + de 433 conexões no LinkedIn.
532.911 visualizações em 43 meses
Em Julho de 2016
PAULO MOREIRA LEITE
O jornalista e escritor Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília
Joseph Pulitzer, um dos mais
perseverantes críticos da imprensa norte-americana, cunhou uma frase antológica
sobre o trabalho dos jornais e dos jornalistas:
-- Com o tempo, uma imprensa cínica,
mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma,
disse Pulitzer, cujo nome ilustra um dos mais respeitados prêmios para
escritores e jornalistas dos Estados Unidos.
Este diagnóstico sobre
os efeitos do jornalismo "cínico, mercenário, demagógico e corrupto"
ajuda a entender a mais recente dificuldade de Michel Temer e Henrique
Meirelles para aplicar um arrocho sobre os brasileiros.
Para surpresa de quem
não aprendeu a separar a teoria da prática dos profetas do Estado mínimo,
Meirelles cogita elevar impostos.
Mas, Ibope na mão, que
informa que 81% da população é contra o aumento, Temer resiste -- pelo menos
enquanto o Senado não anunciar a decisão final sobre o afastamento de Dilma.
A postura de Temer é o
reconhecimento do óbvio: uma medida impopular dessa natureza pode provocar uma
reação indignada de brasileiros e brasileiras, repetindo as cenas
constrangedoras que já marcaram os primeiros dias de gestão do vice presidente
em exercício, fosse para defender os direitos das mulheres, fosse para
manter conquistas culturais da última década e meia.
É claro que um governo
que pretende reformar a previdência, sonha em transformar a CLT em puro enfeite
de museu e privatizar tudo aquilo que o dinheiro puder comprar, pagando barato,
não merece confiança de ninguém na hora em que pede mais sacrifício à
população.
Há bons motivos para se
suspeitar da velha prática de Robin Hood ao contrário: tirar dos pobres para
engordar o bolso dos ricos.
A dificuldade não é só
essa, porém.
No esforço para
desmontar os direitos sociais inscritos na Constituição de 1988, trabalho que
teve início 24 horas depois que o deputado Ulysses Guimarães proclamou a nova
Carta, a mídia grande passou as décadas seguintes empenhada numa campanha
ideológica grotesca, no melhor estilo denunciado por Pulitzer.
Interessada não só em
desmontar o embrião de Estado de bem-estar construído durante décadas, mas
também em impedir qualquer progresso posterior, nossos jornais e tele-jornais
deram os braços numa grande campanha deseducativa, para demonizar todo e
qualquer tipo de imposto e cobrança feita pelo Estado.
Seu horizonte era o
Impostômetro.
A ideia era clara:
convencer os brasileiros que o simples ato de entregar dinheiro para o Estado
seria um erro em si. Na melhor das hipóteses, era um desperdício.
Na pior, um estímulo ao
roubo.
A noção, construída dia
após dia, linha atrás de linha, uma página depois da outra, era que o Estado,
sob qualquer governo, qualquer orientação política, alinhado com qualquer
interesse social, não passa de um aglomerado de burocratas e aproveitadores sem
escrúpulos, incapazes de defender qualquer interesse socialmente
relevante.
A receita serviu como
uma luva quando se tratava de combater programas sociais importantes do governo
Lula-Dilma, como o reajuste do salário mínimo, o Bolsa Família e, acima
de tudo, a CPMF, destinada a dar um reforço indispensável a saúde pública.
Criada por Adib Jatene
no governo Fernando Henrique, não sobreviveu muito tempo, pois era inaceitável
que auxiliasse Foi abolida em ambiente de carnaval em 2007, quando se queria
impedir de todas as maneiras que os governo do PT e seus aliados
ampliassem os serviços que o Estado poderia oferecer gratuitamente.
Antes, como agora, a
questão é dar espaço para o setor privado.
Não é de surpreender,
assim, que a resistência à elevação de impostos seja imensa.
E inclui boa parte dos
eleitores de classe média que foram as ruas defender o impeachment.
Como não sentir o
engano, a patranha?
O risco de uma reação
não é pequeno.
Madrinha do moderno
Estado mínimo, a primeira-ministra Margaret Thatcher entrou em declínio quando
decidiu reforçar o caixa com a cobrança da Poll Tax, um imposto residencial que
atingia moradores de bairros ricos e pobres.
O saldo foi uma
insurreição que se prolongou durante meses e terminou com a renúncia da
primeira-ministra.
Em seu primeiro
discurso, o novo primeiro ministro, John Major, informou que desistira da Poll
Tax.