FCO.LAMBERTO FONTES
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04/10/2016
Brasil só terá futuro
se o jovem tiver emprego
Muito
mais do que a definição de futuros prefeitos e vereadores do Brasil, as
eleições municipais de 2016 chamam a atenção pelo elevado e preocupante número
de abstenções. Nada menos que 17,58% de todo o eleitorado do país rejeitaram
todas as opções apresentadas, o que corresponde a 25.073.027 eleitores.
Juntando a isso o fato de o tamanho do eleitorado com 16 e 17 anos ter
caído 20% na comparação com a eleição municipal anterior, em 2012 - de 2,9
milhões para 2,3 milhões, de acordo com dados do TSE -, estamos diante de um
alarmante quadro de jovens que não acreditam mais na democracia.
E,
infelizmente, não faltam motivos para este descrédito. Como se não bastassem os
intermináveis escândalos de corrupção envolvendo políticos, a apatia do Poder
Público em iniciativas que ofereçam reais perspectivas para os jovens joga por
terra qualquer motivação para engajamento deste público. A falta de horizontes
deixa uma imensa parcela da população sem expectativas e motivação. Nesta
perspectiva, a única e mais importante bandeira que deve ser empunhada pelos
futuros governantes é trabalhar incansavelmente para que ressurjam e se
multipliquem as oportunidades. Em resumidas palavras, é oferecer emprego para
os jovens.
Brasil só terá futuro se o jovem tiver emprego |
De acordo com os últimos dados do IBGE, o índice de desemprego no país chegou a 11,8%, o que corresponde a 12 milhões de pessoas. Mas é importante ressaltar que este número leva em consideração as pessoas que já tiveram carteira assinada e, agora, estão sem emprego. Na realidade, se levarmos em consideração os brasileiros que nunca tiveram carteira assinada, o total de desempregados será assustadoramente maior.
Recentes
estudos da Organização Mundial do Trabalho (OIT) afirmam ainda que o
Brasil possui um alto índice de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam ou
fazem cursos profissionalizantes e, ao mesmo tempo, também não estão
empregados: 18,4% das pessoas. A entidade aponta ainda que se for calculado os
jovens que deixaram de procurar emprego por não encontrarem trabalho e que
também não estão estudando, a taxa seria de 26,6%. Já no primeiro semestre
de 2015, a taxa já havia dado um salto para 15,8%, três vezes a taxa entre
adultos.
Nesta
perspectiva, é fundamental destacar que o Brasil é um país predominantemente
jovem. Dos seus 200 milhões de habitantes, 97,2 milhões estão na faixa de 0 a
29 anos. Estes números reforçam ainda mais a máxima que embala o Brasil há
décadas, e que afirma que este é um país do futuro.
Sim,
um país de jovens é um país do futuro, mas este futuro promissor só será
alcançado se estes mesmos jovens tiverem perspectivas, tiverem o suporte tão
fundamental do Poder Público, tiverem fundamentalmente emprego no presente.
Para que o futuro aconteça, ele tem que começar agora.
Os
próximos governantes precisam entender que o jovem é o principal capital para o
desenvolvimento do país. Não é o mercado financeiro ou as indústrias com sua
isenções. O jovem deve ser o principal viés dos governos. O país só crescerá
produzindo, e a produção só aumentará com jovens empregados, e com saúde e
educação de qualidade.
Enquanto
houver falta de perspectivas, enquanto o Poder Público privilegiar seus
apadrinhados em detrimento do povo, enquanto as obras superfaturadas
prevalecerem sobre as boas escolas, enquanto as falcatruas forem mais
prioritárias do que hospitais com o mínimo de dignidade, enquanto houver
desemprego, o jovem terá ainda mais descrédito na democracia, e o Brasil ficará
cada vez mais longe de cumprir a promessa de ser um país do futuro.