FCO.LAMBERTO FONTES
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Atualizada hoje às 10h12
Ciro Gomes e o vácuo
de representação:
cientistas
políticos comentam
críticas
à esquerda e à direita
Ex-ministro disparou fortes críticas contra diferentes lideranças políticas do país |
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tem buscado se projetar como uma
solução para os descrentes na política que deixaram resposta nas eleições
municipais, avaliam cientistas políticos. No primeiro turno, a soma de votos
brancos, nulos e abstenções superou o desempenho do primeiro ou do segundo
colocado na disputa para prefeito em 22 capitais, de acordo com dados
do TSE.
Neste domingo (9), o pedetista fez críticas a lideranças
políticas de diferentes partidos. Chamou Michel Temer de "golpista
salafrário", Fernando Henrique Cardoso de traidor, José Serra de
"senil", Luiz Inácio Lula da Silva de descolado da realidade, e o
candidato a prefeito do Rio Marcelo Freixo de dono de um "moralismo
estreito".
Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice, destaca
que Ciro Gomes "sempre foi um político de declarações muito fortes".
Para ele, contudo, o ataque a diferentes lideranças é uma forma de aproveitar a
"onda" do eleitorado de rejeição à política.
"Eu acho que ele está procurando pavimentar este
caminho, visto que nenhum partido de esquerda parece ter herdado o espólio
do PT. O Ciro quer se colocar como alternativa", comenta Noronha,
lembrando que Marina Silva, por exemplo, teve um desempenho muito fraco com o
Rede Sustentabilidade nestas eleições, elegendo cinco prefeitos da disputa em
820 municípios, por não ter sido "capaz de construir uma narrativa que
atraísse eleitores".
"Talvez Ciro esteja pensando em se colocar como alternativa
para esses eleitores de esquerda ou centro esquerda", avalia
Noronha.
O sociólogo Ricardo Costa de Oliveira, professor
da Universidade Federal do Paraná (UFPR), também acredita que Ciro procura
colocar o próprio nome como liderança oposicionista mais ampla, por estar em um
partido político fraco e pequeno.
"Ciro Gomes está procurando construir uma base política a
partir de um discurso mais ofensivo e agressivo, até para
viabilizar uma candidatura dele nas próximas eleições", pontua
Oliveira. "Para ele ter chance, ele vai ter que se destacar dos outros e
compensar as fragilidades partidárias, construir um novo perfil mais
radical, é uma jogada política."
Com isto, o político se torna porta-voz de toda uma posição, que
aponta rejeição ao "governo golpista" de Michel Temer ao mesmo tempo
que sinaliza uma frente ampla e até nacionalista -- lembrando nomes como o do
russo Vladimir Putin --, com a pauta de, por exemplo, retomar o
petróleo do país.
Em entrevista à TV Paranaíba na semana passada, o ex-ministro
afirmou que, se eleito em 2018, garantiria de volta a obrigatoriedade da
Petrobras na exploração do pré-sal.
"O Ciro sabe que a chance dele [disputar uma eventual
campanha presidencial em 2018 é aparecer. Ele tem que estar em destaque
político com tiradas mais radicais e referendando o nome dele em crítica
ao Temer e ao bloco partidário que o apoia, viabilizando uma candidatura
em relação a possíveis candidaturas na oposição, como do PT e do Psol, para
ampliar seu espaço no eleitorado do centro para a esquerda", explica Costa
de Oliveira.
Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política de
São Paulo, por sua vez, argumenta que o posicionamento de Ciro Gomes é mais uma
expressão sincera do que um planejamento de projeção eleitoral.
Ele reforça,
ainda, que a política brasileira precisa de fato de uma "crítica muito
forte", para "rasgar o véu da hipocrisia que recobre a direita e a
esquerda no Brasil".
"Acho que o faz de conta tem que ser
desnudado neste momento, as poucas nervuras são necessárias."
"O centro e a direita são o que são, o que sempre
foram, cínicos, hipócritas. E a esquerda não oferece alternativa",
diz o professor.
"O momento é tão grave, tão angustiante, sem
perspectivas, que essas críticas demolidoras [como a de Ciro Gomes contra
diferentes políticos] são bem-vindas.
Independente do que ele representa, ou do
que pretende representar no futuro, temos que colocar os dedos na
ferida política brasileira e, se colocar efetivamente, sobra
muito pouco."
O professor ressalta que tal posicionamento de Ciro Gomes, de
crítica a diferentes frentes políticas tem a ver com uma estratégia eleitoral
apenas em parte.
"O Ciro sempre foi mais ou menos desse tipo, não tem
muito a mediação do interesse político naquilo que ele é. Existe menos
cálculo e mais impulsão emocional e espontânea naquilo que ele fala."