FCO.LAMBERTO FONTES
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4 DE FEVEREIRO DE 2017
BANDEIRA DE MELLO:
MORTE DE MARISA
SÓ FOI CELEBRADA PELA
ESCÓRIA HUMANA
Os ataques à ex-primeira-dama Marisa Letícia e manifestações de pessoas
que “comemoraram” sua morte são coisas típicas “de uma escória, de uma ralé”.
“A classe média alta é constituída por uma escória. As pessoas não suportam a
evolução de uma pessoa de origem modesta.” A opinião sobre as manifestações
recentes não só contra Marisa, mas também dirigidas ao ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva
é do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello
Da Rede Brasil Atual
Os ataques à ex-primeira-dama Marisa Letícia e
manifestações de pessoas que “comemoraram” sua morte, ocorrida nesta quinta (2)
em São Paulo, são coisas típicas “de uma escória, de uma ralé”. “A classe média
alta é constituída por uma escória. As pessoas não suportam a evolução de uma
pessoa de origem modesta.” A opinião sobre as manifestações recentes não só
contra Marisa, mas também dirigidas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
é do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello.
Ele disse à RBA estar “muito pessimista” sobre o
Brasil, “porque quando o Judiciário não vai bem, nada vai bem”.
A principal
referência da atual situação do Judiciário é o juiz Sérgio Moro, de acordo com
Bandeira de Mello.
“Existe um homem que faz o que bem entende, que desrespeita
a Constituição diariamente e ninguém faz nada. O Supremo não faz nada.
Aquele
homem do Paraná, um juiz que não respeita a Constituição.”
O jurista lembra um termo utilizado pelo então
relator da Lava Jato, Teori Zavascki, morto em acidente de avião no dia 19 de
janeiro, sobre o tratamento dado a presos pela operação Lava Jato. “O próprio
ministro que morreu disse que era um tratamento medieval (aos presos) que era
dado
lá.”
Em voto no qual foi acompanhado pela maioria da
Segunda Turma em 28 de abril de 2015, Teori concedeu habeas corpus a nove
acusados da Lava Jato, para que respondessem em liberdade. No voto, Teori
argumentou que seria "extrema arbitrariedade" manter a prisão
preventiva considerando apenas a possível interferência da liberdade no
fechamento de um possível acordo de colaboração premiada.
"Subterfúgio
dessa natureza, além de atentatório aos mais fundamentais direitos consagrados
na Constituição, constituiria medida medievalesca que cobriria de vergonha
qualquer sociedade civilizada", afirmou o ministro relator.
Para
Bandeira de Mello, Moro “é um suposto juiz”.
Como o sr. comenta os ataques a Lula
e a Marisa Letícia, feito por pessoas que chegam a comemorar a morte da
ex-primeira-dama?
Evidentemente,
são bandidos que fazem isso. Pessoas que não têm sentimentos. Só assim para
fazer um ataque à dona Marisa. As pessoas não suportam a evolução de uma pessoa
de origem modesta. É isso. A classe média alta é constituída por uma escória,
uma ralé. Pra mim, que esse tipo de gente se manifeste dessa maneira é muito
típico de uma escória, de uma ralé.
Curioso que estamos num país cristão,
onde muitas pessoas que fazem isso se dizem cristãs...
Supostamente
cristãs.
Como vê o caso de Moreira Franco,
nomeado ministro para, segundo a oposição, escapar da Lava Jato, caso
semelhante ao de Lula, que foi impedido de ser ministro pela argumentação de
que seria uma manobra para ter foro privilegiado?
Bom, mas você sabe que uma coisa é quando é para a direita, outra coisa é quando é para a esquerda. Não há nenhuma imparcialidade. Então essas coisas acontecem.
Bom, mas você sabe que uma coisa é quando é para a direita, outra coisa é quando é para a esquerda. Não há nenhuma imparcialidade. Então essas coisas acontecem.
O sr. está otimista com o Brasil?
Não,
muito pessimista.
Por quê?
Porque
quando o Judiciário não vai bem, nada vai bem. E eu acho que o Judiciário não
vai bem. Existe um homem que faz o que bem entende, que desrespeita a
Constituição diariamente e ninguém faz nada. O Supremo não faz nada. Aquele
homem do Paraná, um juiz que não respeita a Constituição.
Se você olhar para a
Constituição está dito que o prisioneiro tem direito de ficar calado. Fica
calado, aí continua preso. Então evidentemente que não é respeitar o direito
dele. O próprio ministro que morreu disse que era um tratamento medieval que
era dado lá. E era mesmo.
O sr. se refere ao juiz Sérgio Moro?
Ao
Moro, sem dúvida. É um suposto juiz, não é?
Qual sua opinião sobre o ministro
Luiz Fachin ter ido da Primeira para a Segunda Turma do STF e em seguida ter
sido sorteado como relator da Lava Jato?
Era
uma opção. O Fachin tinha o direito de optar e optou, e o sorteio caiu nele.
Não vejo nenhum problema nisso. Ele não é mau ministro, não. Já imaginou se
tivesse caído com aquele homem do Mato Grosso (Gilmar Mendes)?
Aí é que era uma
desgraça.
Fonte: RBA