FCO.LAMBERTO FONTES
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20 DE SETEMBRO DE 2017
MONIZ BANDEIRA VOLTA A PREGAR AÇÃO MILITAR
CONTRA O DESMONTE NACIONAL
O professor Moniz Bandeira, da
Universidade de Brasília e primeiro intelectual nacionalista e de esquerda a
defender uma intervenção militar para derrubar o golpe representado por Michel
Temer, que, além de denunciado por corrupção, obstrução judicial e organização
criminosa, é aprovado por apenas 3,4% dos brasileiros, voltou a sustentar sua
posição; "O importante é impedir que o patrimônio nacional - Eletrobrás,
Eletronuclear, Petrobrás e pré-sal, bancos estatais - seja dilapidado, entregue
aos gringos: é evitar que o desenvolvimento do Brasil, com a inclusão, não seja
interrompido; é impedir a entrega aos gringos de uma parte da Amazônia maior
que a Dinamarca",
diz ele, enfatizando que não deseja
um regime de exceção
247 – O professor de política
exterior Luiz Alberto Moniz Bandeira, primeiro intelectual de esquerda a
defender uma intervenção militar para derrubar o golpe representado por Michel
Temer, que, além de denunciado por corrupção, obstrução judicial e organização
criminosa, é aprovado por apenas 3,4% dos brasileiros, voltou a sustentar sua
posição.
"O importante é impedir
que o patrimônio nacional – Eletrobrás, Eletronuclear, Petrobrás e pré-sal,
bancos estatais – seja dilapidado, entregue aos gringos: é evitar que o
desenvolvimento do Brasil, com a inclusão, não seja interrompido; é impedir a
entrega aos gringos de uma parte da Amazônia maior que a Dinamarca", diz
ele, enfatizando que não deseja um regime de exceção.
Moniz Bandeira se manifestou em
resposta a Valter Pomar, que, em artigo, criticou sua suposta ilusão em relação aos militares.
Leia, abaixo, a carta de Moniz Bandeira a
Valter Pomar:
Meu
querido Valter,
insisto,
em nada tenho ilusão. Sei que tudo pode acontecer, se houver uma intervenção
militar. Mas o fato é que, se Dilma Rousseff foi deposta por um golpe de
Estado, e de fato foi, não mais existe Estado de Direito nem democracia no
Brasil.
Acabou a Constituição.
O governo, que só conta com a simpatia de cerca
de 3% da população, realiza reformas para as quais não teve mandato.
O
Congresso, corrompido e desmoralizado, assumiu poderes constituintes para os
quais não foi eleito. Nada do que ocorreu e está a ocorrer é constitucional.
Nada tem legitimidade.
E o golpe de Estado foi dado exatamente para a
execução de tais reformas: trabalhista, previdenciária, terceirização,
redução do Estado, com a venda das empresas públicas, impedir os gastos públicos
por 20 anos etc.
E as forças econômicas, nacionais e estrangeiras, que estão
por trás do presidente de fato Michel Temer e do seu sinistro ministro da
Fazenda, o banqueiro Henrique Meirelles, farão tudo para que não haja
retrocesso na execução do seu projeto, modelado pelo Consenso de Washington.
Falar
em Constituição, agora, é que é uma grande ilusão. As liberdades são relativas,
como durante o regime militar, porém nem imprensa alternativa existe mais como
naquele tempo.
Toda a mídia repete o mesmo e o alvo é o ex-presidente Lula, com
judiciária a condená-lo, sem provas, apenas para efeito de repercussão na
imprensa e desmoralizá-lo.
Quanto mais ele cresce nas pesquisas mais me parece
que as poderosas forças econômicas nacionais e estrangeiras, que sustentaram o
golpe do impeachment da presidente Dilma Rousseff, tentarão tirá-lo de qualquer
forma das eleições. Tenho até dúvidas de que as eleições ocorrerão.
Temer e
demais cúmplices sabem que, ao descer a rampa do Planalto, sem imunidade, podem
ser presos e enviado para a Papuda. A insatisfação no meio militar é enorme,
conforme exprimiu o Antônio Olímpio Mourão.
E teve toda razão o deputado Aldo
Rebelo, do PC do B, quando recomendou o diálogo com os militares. O
proto-nazifascista Jair Bolsonaro não é representativo das Forças Armadas. É
minoria.
A
intervenção militar pode ocorrer.
Como se desdobrará é difícil imaginar. O
ideal seria que fosse como a do general Henrique Teixeira Lott em 1955. Mas não
creio, em face do Congresso que aí está.
O importante é impedir que o
patrimônio nacional - Eletrobrás, Eletronuclear, Petrobrás e pré-sal, bancos
estatais - seja dilapidado, entregue aos gringos: é evitar que o
desenvolvimento do Brasil, com a inclusão, não seja interrompido; é impedir a
entrega aos gringos de uma parte da Amazônia maior que a Dinamarca.
Claro que
não defendo regime de exceção, mas regime de exceção é o que já existe no
Brasil, com um verniz de legalidade.
O que ocorreu no Brasil, com a derrubada
da presidente Dilma, foi golpe de Estado, como, na Ucrânia, com a destituição
do presidente Wiktor Yanukovytch, na madrugada de 21 para 22 de fevereiro de
2014, por uma decisão de um Congresso comprado.
A Constituição deixou de
existir.
Ilusão é pensar que, após realizar as reformas pretendidas pelo
capital financeiro e o empresariado nacional, as forças, que se apossaram do
poder, vão deixá-lo sem ser por um golpe de força. E, infelizmente, as forças
populares já demonstraram a sua impotência. A nada reagiram.
Não
desejaria que ocorresse intervenção.
Todos sabem como começa, mas não quando
termina. Porém, não estou a ver outra perspectiva no Brasil.
É necessário
impedir o desmonte do Estados nacional.
E há-de chegar um momento em que o
impasse político, com o agravamento da situação econômica e social, terá de ser
pela força.
Com
afetuoso abraço, Moniz