FCO.LAMBERTO FONTES
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25 DE SETEMBRO DE 2017
SEIS BILIONÁRIOS
TÊM A RENDA
DE 100 MILHÕES
DE BRASILEIROS
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela Oxfam deu a dimensão pornográfica da concentração de renda no Brasil; seis bilionários, Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim), concentram a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país – quase 50% da população; além disso, um brasileiro que vive do salário mínimo teria que trabalhar 19 anos para ganhar o que um super-rico recebe por mês no Brasil; aqui, os 5% mais ricos têm a mesma riqueza que os 95% restantes
247 – Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela Oxfam deu a
dimensão pornográfica da concentração de renda no Brasil. Apenas seis
bilionários, Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra),
Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo
Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim), concentram a
mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país – quase 50% da população.
Além
disso, um brasileiro que vive do salário mínimo teria que trabalhar 19 anos
para ganhar o que um super-rico recebe por mês no Brasil.
Aqui,
os 5% mais ricos têm a mesma riqueza que os 95% restantes.
Abaixo, reportagem da agência
Reuters sobre a pesquisa:
Por Maria Clara
Pestre
RIO DE JANEIRO, 25 Set
(Reuters) - Alessandra dos
Santos tem 37 anos, dois filhos, e ganha um salário mínimo trabalhando como
auxiliar de professora em uma escola.
Com
esse salário, Alessandra precisaria trabalhar por 19 anos seguidos para receber
o mesmo que o 0,1 por cento mais rico da população brasileira ganha em um mês,
segundo estudo “A Distância Que Nos Une”, da Oxfam Brasil, divulgado nesta
segunda-feira.
O
levantamento ilustra a situação de desigualdade social no Brasil, considerado o
3º país mais desigual da América Latina, somente atrás da Colômbia e Honduras,
e o 10º mais desigual do mundo, pelo último relatório do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Os dados levam em conta o Índice de Gini.
Esses
números retratam uma realidade que distancia parte da população de serviços
básicos, como oferta de água ou de médicos, aumenta as taxas de mortalidade
infantil e diminui a expectativa de vida ao nascer de muitos brasileiros,
demonstrou o estudo.
O
valor do salário mínimo também é um aspecto da desigualdade social no Brasil.
Com uma filha na escola, e um bebê recém-nascido, o valor mensal de 937 reais
não é suficiente para cobrir as despesas da casa de Alessandra.
“Não
dá praticamente para nada”, diz a auxiliar de professora de uma escola de
Niterói (RJ).
Katia
Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, explica que o valor ainda está
distante “do que seria um salário mínimo ideal, mais inclusivo e que realmente
enfrentasse as desigualdades que a gente tem hoje” no Brasil.
“O
que nos choca muito, na verdade, é que o Brasil é um país desigual com
potencial para não ser desigual. É um país rico, é um país que tem as condições
de enfrentar e reduzir a desigualdade extrema que nós temos”, diz Katia em
entrevista à Reuters, destacando que nos últimos 15 anos, 28 milhões de
brasileiros saíram debaixo da linha da pobreza.
O
estudo demonstra, entretanto, que esse progresso foi interrompido, o que Katia
associou à crise econômica e política que tem abalado o país nos últimos anos,
agravada pela agenda de reformas do governo atual, segundo ela, como a
trabalhista e da Previdência, e por uma política de corte de gastos sociais.
“Você
tem uma reforma trabalhista que retira direitos importantíssimos para o
trabalhador, ou seja, em um momento de crise econômica... você desprotege
totalmente o trabalhador brasileiro na sua negociação com o empregador”, diz
Katia, que também acusou a reforma da Previdência de penalizar apenas os mais
pobres e a classe média.
Sancionada
pelo presidente Michel Temer em julho, a reforma trabalhista prevê, por
exemplo, que acordos entre empregados e patrões se sobreponham à legislação
vigente, busca diminuir a intervenção da Justiça trabalhista nas negociações
entre as partes e permite o trabalho intermitente. A reforma da Previdência
ainda tramita pela Câmara dos Deputados.
O governo defende que a reforma trabalhista vai modernizar as relações
de trabalho e, portanto, acelerar a criação de empregos e justifica a reforma
da Previdência como necessária para o ajuste das contas públicas.
Para
reverter o quadro de desigualdade, a Oxfam Brasil propõe alterações no que
chama de “sistema tributário amigo dos super-ricos”, que onera principalmente
os mais pobres e a classe média, maiores gastos sociais e maior formalização no
mercado de trabalho.
“As desigualdades, elas não
são inevitáveis.
Elas são escolhas políticas”,
afirma Katia.