sexta-feira, 8 de março de 2013


novojornal    Publicado em 08/03/2013


DISCORDÂNCIA DA JUSTIÇA CEGA

Por Geraldo Elísio
“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar”. - Martin King

O ex-goleiro Bruno, do Flamengo, em uma etapa de sua vida viveu sob os holofotes da mídia esportiva. Porém, acabou se envolvendo em uma tragédia humana da qual é réu confesso e portanto deve pagar pelo crime no qual se envolveu perante a sociedade que o julgou. O que motivou o desvio dos holofotes da mass mídia para outro viés de sua existência.
Foi feita a justiça pela qual devia estar reclamando a alma da ex-modelo Eliza Samudio. Entretanto, isto não retira das autoridades e da mídia o dever de cobrar questões pendentes no ar.
Por que o ex-policial “Bola”, expulso dos quadros da polícia de São Paulo, mesmo em tais condições foi admitido na Polícia Civil de Minas Gerais, de onde igualmente foi expulso? Por que depois de ser expulso da Polícia Civil de Minas Gerais a unidade tática da instituição usou o sítio de propriedade dele para executar treinamento? Foi regular? Foi irregular? Se irregular, quem ordenou? O mandatário foi punido? E as notícias de extorsão envolvendo autoridades policiais e judiciárias na época do crime? O que se apurou? Com a palavra o senhor secretário da Defesa Social de Minas Gerais, doutor Rômulo de Carvalho Ferras e o senhor Chefe de Polícia do Estado, doutor Cylton Brandão da Matta.
Quando as autoridades judiciárias e policiais irão esclarecer de vez o igualmente brutal assassinato da ex-modelo Cristiana Aparecida Ferreira, moça que tinha trânsito livre no Palácio da Liberdade ao tempo do então governador Itamar Franco e suspeita de ter sido “mula” para o transporte de dinheiro do mensalão, envolta com políticos famosos, a exemplo do ex-ministro do Turismo do governo Lula, Walfrido Silvino dos Mares Guia, o ex-governador de Minas Gerais, Newton Cardoso e o atual presidente da Cemig, Djalma Moraes, sem contar o ex-secretário de Governo de Itamar Franco, Henrique Hargreaves?
Em transcrição gravada pelo escritório de Advocacia do doutor Joaquim Engler Filho aparece citação de sexo grupal praticado entre Cristiana Aparecida Ferreira e Djalma Moraes, Newton Cardoso e Walfrido dos Mares Guia, uma cena horripilante, digna do inferno de Dante. Quem, quando, onde e porquê ordenou a morte da indigitada modelo dublê de garota de programa.
Por que o matador da moça no interior do San Francisco Flat Hotel, no centro de Belo Horizonte, o teólogo Pacífico Reinado foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado e nunca cumpriu um dia sequer de cadeia? Quem o protege?
Por que a imprensa especializada em espetacularizações das grandes tragédias humanas não se interessa por isto? Será que o envolvimento de políticos leva o assunto para a área da censura praticada com furor em Minas Gerais por “frau Andréa Goebbels”, a “Mão de Tesoura”? E a notícia perde valor diante dos Departamentos Comerciais?
Da mesma forma foi esquecido o episódio da gangue dos cortadores de cabeça do bairro Anchieta, em Belo Horizonte. O que estava por detrás de tudo? Por que a mídia não deu a mesma importância ao caso citado? Não sou professor de jornalismo ou “pauteiro” de redações, mas a cobertura de assuntos policiais vai muito além de entrevistar bandidos ou famosos que acabam mergulhando em tragédias humanas. A experiência de repórter me ensinou isto. Digamos, o encontro do corpo de uma jovem morta, “desovada” no Vale dos Serenos, região próxima de Nova Limas, na Grande Beagá, do meu ponto de vista merece maior aprofundamento. Bem como todos os crimes que ocorreram, ocorram e estejam por ocorrer. Porquê ao final de tudo fica prevalecendo um antigo ditado popular: QUEM CALA CONSENTE”.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.