Economia
Gerente explosivo
Gerente explosivo
Vale: acusações no MPF e na Justiça Trabalhista
Um ex-gerente da Vale na gestão de Roger Agnelli chamado
André Almeida fez perante a Justiça Trabalhista do Espírito Santo e o
Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, no mês passado, acusações pesadas
contra a empresa da qual foi demitido no ano passado, depois de seis anos como
funcionário.
Almeida trabalhava no Serviço de Inteligência em
Segurança Empresarial da Vale e afirmou à justiça e ao MPF que diretores da
empresa mandavam grampear funcionários, obter contas telefônicas de jornalistas
e infiltrar pessoas em movimentos sociais.
Almeida se auto-incrimina e diz que ele próprio fez parte
do trabalho sujo encomendado.
André
Almeida afirmou que pagava os infiltrados no MST, no Movimento Justiça nos
Trilhos e participava da instalação de interceptações telefônicas para vigiar
funcionários. Segundo ele, até um ex-diretor da empresa foi monitorado. Dados
do extrato telefônico de uma jornalista do Valor Econômico foram obtidos em novembro de 2010.
Outras
ações clandestinas, disse Almeida, foram executadas por funcionários licenciados
da Abin. À justiça e ao MPF, Almeida deu os nomes de dois diretores dos quais
recebia
instruções sobre quem espionar.
A Vale sustenta que as acusações são infundadas e as
atribui ao inconformismo de Almeida por ter sido “demitido por justa causa em
função de, dentre outros motivos, ter usado o cartão de crédito corporativo de
forma indevida”. A empresa admite que contratou dois funcionários
licenciados da Abin que trabalharam, respectivamente, por 1 e 3 anos na
empresa.
A Vale afirma que faz o monitoramento de movimentos como
o MST e o Justiça nos Trilhos, mas sem infiltrar pessoas. Nega que teve acesso
a imposto de renda e grampos de pessoas e diz que jamais teve acesso a contas
telefônicas de jornalistas. No entanto, admite que na gestão Agnelli, fez
vários funcionários abrirem mão de seu sigilo telefônico para descobrir quem
havia falado com jornalistas que publicaram matérias sobre uma negociação em
andamento.
Por Lauro Jardim