ESSE PROCESSO DE TEXTO ACIMA, UMA AÇÃO CIVIL PÚBLICA, REFERE-SE À DENÚNCIA QUE FIZ HÁ UM ANO AO MINISTÉRIO PÚBLICO, PELA REINCIDÊNCIA DO CRIME AMBIENTAL E DE SEVERAS CONSEQUÊNCIAS À FAUNA, FLORA E AOS SERES HUMANOS.
É O USO INCONSEQUENTE E IRRESPONSÁVEL DE UM DEFENSIVO AGRÍCOLA, POR AUTORIZAÇÃO DE UM PREFEITO QUE É MÉDICO, O GOIANO JEOVÁ MOREIRA DA COSTA E QUE ORIENTA A APLICAÇÃO: É O " MATA MATO ", NADA MAIS, NADA MENOS DO QUE O GLIFOSATO, ALTAMENTE TÓXICO.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Glifosato#Efeitos_sobre_a_sa.C3.BAde_humana
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Glifosato#Efeitos_sobre_a_sa.C3.BAde_humana
Química
O glifosato é um aminofosfonato análogo ao aminoácido natural glicina, que portanto ocupa o lugar desta na síntese protéica. Seu nome é uma contração de glicina + fosfato.
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Bioquímica
O glifosato mata as plantas por inibir a enzima 5-enolpiruvoil-shikimato-3-fosfato sintetase (EPSPS), que sintetiza os aminoácidos aromáticos: fenilalanina, tirosina e triptofano. A EPSPS cataliza a reação do shikimato-3-fosfato (S3P) e do fosfoenolpurivato para formar EPSP e fosfato. Os aminoácidos aromáticos são usados também para produzir metabólitos secundários como folatos, ubiquinonas e naftoquinas. A via do shikimato não está presente em animais.
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Meio ambiente
Segundo a Monsanto, o glifosato liga-se fortemente ao solo, portanto não vai para os aqüíferos. No solo, é rapidamente metabolizado por desfosforilação.
Na Argentina, o uso massivo do glifosato provocou a aparição de resistância, levando a um aumento progressivo das doses usadas, e assim a uma desvitalização e perda de fertilidade do solo. O herbicida elimina também as bactérias indispensáveis à regeneração do solo.
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Efeitos sobre a saúde humana
Há indícios de que o glifosato do produto Roundup tenha efeitos nocivos sobre a saúde, como o aumento da incidência de certos tipos de câncer e alterações do feto por via placentária.
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Disruptor endócrino
Estudos in vitro (Walsh et al. 2000) demonstraram que o glifosato reduz a produção deprogesterona em células de mamíferos, e afeta a mortalidade de células placentárias (Richard et al. 2005). Debate-se se estes estudos permitem classificar o glifosato como disruptorendócrino.
Durante o andamento do processo, os prefeitorais alegaram que o produto que aplicaram durante os últimos anos ( e continuam aplicando - veja fotos acima com datas e horas ), era de permissão ao uso.
Perfume, tenho certeza que não era, pois senti o cheiro horrível que saía destas bombas. E se não era ofensivo, porque os 8 aplicadores usavam máscaras???
LEIAM ABAIXO A DECLARAÇÃO DE UM CIENTISTA QUE SE ENCONTRA SOB AMEÇA PELA INDÚSTRIA FABRICANTE DESTE PRODUTO, JÁ USADO EM GUERRA QUÍMICA:
Professor de embriologia
Andrés Carrasco
Segundo Andrés Carrasco, o estudo atesta
o que outros cientistas também já confirmaram
Há duas semanas, o professor de
embriologia Andrés Carrasco denunciou no jornal Página/12 os efeitos
devastadores do composto herbicida glifosato sobre os embriões humanos.
Esperava uma reação, "mas não tão violenta": foi ameaçado, armaram
uma campanha de desprestígio contra ele e até afirmaram que suas investigações
não existiam. Nesta entrevista, Carrasco contesta e renova suas acusações
contra as multinacionais químicas.
A reportagem é de Darío Aranda,
publicada no jornal Página/12, 03-05-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ameaças
Ameaças anônimas, campanha midiática
de desprestígio e pressões políticas foram algumas das consequências de um
duplo pecado: investigar os efeitos sanitários do modelo agropecuário e, mais
grave ainda, se animar a difundi-los.
No segundo piso da Faculdade de
Medicina da Universidade de Buenos Aires (UBA), trabalha Andrés Carrasco,
professor de embriologia, principal pesquisador do Conselho Nacional de
Investigações Científicas e Técnicas(Conicet) e diretor do Laboratório de
Embriologia Molecular. Com 30 anos de trabalho científico e acadêmico,
confirmou, há 20 dias, o efeito letal do glifosato em embriões, cuja marca
comercial mais famosa é a Roundup, da multinacional Monsanto.
Reação
Ele sabia que viria uma réplica do
setor, mas não esperava que fosse de um calibre tão alto. "Não descobri
nada novo. Só confirmei o que outros cientistas descobriram", explica, em
seu escritório pequeno e luminoso. Passaram-se duas semanas complexas, com uma
campanha de desprestígio que ainda não terminou. Ele preferiu o silêncio e
também avançar em novas provas. Até que colocaram em dúvida a existência da sua
pesquisa. "Eles acham que podem sujar 30 anos de carreira facilmente. São
hipócritas, capachos das corporações, mas têm medo. Sabem que não podem tapar o
sol com a peneira. Há provas científicas, e, sobretudo, há centenas de povos
que são a prova viva da emergência sanitária".
Na
Justiça
Há 20 dias, quando o jornal Página/12
divulgou a sua pesquisa, nenhuma empresa nem meio de comunicação do setor
retomou o tema. Mas, três dias depois, conheceu-se outro fato, inesperado: a
Associação dos Advogados Ambientalistas apresentou um amparo judicial à Corte
Suprema de Justiça, pelo qual solicitou a proibição de uso e venda até que os
efeitos do produto na saúde e no ambiente sejam investigados. As empresas
acenderam a luz amarela e começaram a divulgar comunicados, alarmadas pela
possível queda de rentabilidade. Cinco dias depois, na segunda-feira, 20, o
Ministério da Defesa proibiu a semeadura de soja em seus campos, fazendo eco ao
efeito nocivo do agrotóxico. Foi um fato político inédito, uma pasta nacional
alertou sobre os males dos agroquímicos.
Nesse momento, empresas, câmaras do
setor, meios de comunicação e operadores políticos declararam o alerta máximo.
Nunca antes as multinacionais do agronegócio e seus porta-vozes haviam reagido
tão violentamente. Durante toda a semana montaram uma campanha em defesa dos
agrotóxicos e, ao mesmo tempo, de desprestígio às vozes críticas. O temor dos
defensores dos agronegócios é a proibição de seu agrotóxico mais famoso, um dos
químicos emblema do modelo agropecuário atual.
Você esperava uma reação como a que
ocorreu?
Não. Foi uma reação violenta, desmedida e suja. Sobretudo porque não descobri
nada novo, só confirmei algo a que outros haviam chegado por outros caminhos.
Por isso, não entendo porque tanta agitação das empresas. É preciso lembrar que
a origem do trabalho remonta a contatos com comunidades vítimas do uso de
agrotóxicos. Elas são a prova mais irrefutável do que eu investiguei com um
sistema e modelo experimental com o trabalho de 30 anos, e com o qual eu
confirmei que o glifosato é devastador em embriões anfíbios. Mesmo em doses
muito abaixo das usadas na agricultura, ocasiona diversas e numerosas
deformações.
Os resultados são extrapoláveis à saúde
humana?
Os modelos animais de vertebrados que hoje são usados na pesquisa embriológica
têm a mecânica do desenvolvimento embrionário precoce e uma regulação genética
comum. Os resultados devem ser considerados extrapoláveis quando um impacto
externo os altera. O mundo científico sabe disso, e os funcionários dos
ministérios também. Por isso, quando encontrei essas evidências, surgiram duas
questões a serem resolvidas: como continuar a pesquisa para saber qual é a
mecanística de um efeito que altera a forma normal do embrião, o que está em
marcha. E a outra decisão era como dá-la a conhecer.
Por que a difusão se transforma em um
problema?
Porque não há canais institucionais confiáveis que possam receptar pesquisas
desse tipo, com poderosos interesses contrários. Então, a decisão pessoal foi
torná-la pública, já que não existe razão de Estado, nem interesses econômicos
das corporações que justifiquem o silêncio quando se trata da saúde pública. É
preciso deixar claro: quando se tem um dado que só interessa a um círculo
pequeno, podemos guardá-lo até que o tenhamos ajustado até o menor detalhe e
canalizá-lo pelos meios para esse pequeno círculo. Mas quando demonstramos
fatos que podem ter impacto na saúde pública, é obrigação dar-lhe uma difusão
urgente e massiva.
É uma prática comum difundir um avanço
científico antes de ser publicado em uma revista científica?
É algo totalmente comum. No país, há instituições que todos os dias difundem
seus progressos científicos, que até possuem agentes de imprensa que difundem
os avanços. Ninguém os questiona, e os meios de comunicação os replicam sem
perguntar. Difundem progressos, sem papers, sem publicações, e está muito bem.
Mas, claro, essas difusões não afetam interesses de grupos poderosos.
Mas existe uma tensão no âmbito
científico sobre quando dar a conhecer um avanço.
A tensão é se a divulgação deveria esperar ser "aprovada" (reforço as
aspas, porque é todo um tema à parte, que leva anos). Agora, se a pesquisa
tem implicâncias além do acadêmico, se afeta a sociedade, o dilema moral é se
eu a guardo até que termine o menor detalhe, e meu narcisismo esteja
satisfeito, ou dou o alerta. Eu decidi dar o alerta e insisto que não é nada
novo, há antecedentes claros como Robert Belle e Gilles-Eric Seralini, que
fizeram estudos com outros modelos, publicados e com resultados mais
importantes do que os meus. O que as instituições tinham que fazer em vez de me
atacar, como está acontecendo com alguns funcionários e as empresas, é se
informar e começar a trabalhar para remediar o ocorrido.
As empresas e os meios de comunicação dos
agronegócios defendem que não há estudos sérios.
Há pesquisas em diversas partes do mundo, e são muito sérias, como as que eu
acabo de mencionar. As empresas e seus jornalistas empregados desqualificam uma
pesquisa, mas, ao mesmo tempo, não escutam a catarata de quadros médicos
palpáveis nas zonas de soja. As províncias estão cheias de vítimas de
agrotóxicos, mas os jornais não querem chegar aí, e muito menos as empresas
responsáveis. Não entendo por que meu relato tem mais importância que o dasMães
de Ituzaingó (bairro dos arredores de Córdoba, emblema da contaminação com
agroquímicos). Os médicos das províncias estão denunciando há anos, os
agricultores e os bairros urbanos também. E fica tudo silenciado. É uma
evidência da realidade e é incontestável. Eu me inspirei nessa realidade, e os
resultados são os conhecidos. As empresas do agronegócio, os meios de
comunicação, o mundo científico e os dirigentes políticos são basicamente
hipócritas com relação às consequências dos agrotóxicos, protestam e
desqualificam uma simples pesquisa, mas não são capazes de observar as
inumeráveis evidências médicas e reclamações em Santiago del Estero, Chaco,
Entre Ríos, Córdoba e Santa Fe.
Que outros trabalhos existem?
Belle e Seralini na França. Também há trabalhos da Universidad Nacional del
Litoral e de pesquisadores comoAlejandro Oliva, de Rosario, que contou com a
colaboração do INTA [Instituto Nacional de Tecnología Agropecuária] e da
Federación Agraria. Há estudos dos doutores Rodolfo Páramo (Santa Fe) e Darío
Gianfelici (Entre Ríos). Não são muitos, mas existem, são sérios e estão
disponíveis.
Por que o setor científico não estuda?
Porque não é em todo o mundo que há essa enorme quantidade de hectares com soja
como ocorre na Argentina. Há quase 18 milhões de hectares. Do ponto de vista
ecotoxicológico, o que acontece na Argentina é quase um experimento em massa.
Tentou-se deslegitimar a sua pesquisa
dizendo que a UBA e o Conicet não sabiam do seu trabalho.
A UBA e o Conicet são organismos de gestão, não têm por que conhecer tudo o que
eu faço ou o que todos os seus pesquisadores fazem. Está dentro de nossas
faculdades definir as linhas de trabalho, investigar e dar a conhecer
resultados. É a lógica da pesquisa. Por isso, eu não tenho que pedir
autorização para iniciar uma ideia ou um tema novo, e eles não têm por que
conhecer isso, porque a ciência não funciona com organismos fiscalizadores dos
temas que escolhemos. Faz parte da liberdade acadêmica, nos movemos por
hipóteses, perguntas e desenvolvemos pesquisas. Também se disse que o Conicet,
como instituição, não assinou embaixo da minha pesquisa. E é verdade, porque eu
não pedi isso, e ele não tem por que assiná-lo no marco de uma ideia nova
dentro da amplitude de um projeto. É o que acontece em centenas de pesquisas
que se realizam. Que fique claro: o Conicet não tem responsabilidade sobre as
minhas decisões. É uma decisão pessoal, como corresponde, não institucional. E
está dentro das minhas faculdades. Também não se requer autorização
institucional para desenvolver pesquisas, mesmo que saibamos que algumas sofrem
mais resistência do que outras.
São públicos os convênios entre o Conicet
e a mineradora Barrick Gold, e também com a Monsanto, com a qual até contavam
com um prêmio de pesquisa conjunto ("Animarse a Emprender"). As
pesquisas que podem ser críticas com esses setores são menos bem-vindas do que
outras?
(Sorri). Prefiro não responder.
O senhor poderia investigar para a
Monsanto?
Sim. O Conicet e a UBA permitem. E mais, muitos cientistas trabalham há anos
para empresas de biotecnologia sob a figura de assessor-consultor, pela qual o
Conicet permite até 12 horas semanais que seus pesquisadores forneçam serviços
ao setor público ou privado.
Acusa-se a sua pesquisa de não estar
validada em uma publicação científica.
É uma artimanha barata, de quinta categoria, que só mostra o temor das
empresas. No mundo científico, é sabido que a validação de um trabalho não se
dá por sua publicação em uma revista do setor. E mais, os cientistas são
testemunhas de erros e inclusive de fraudes que são publicados em revistas
especializadas. Muitas vezes, publica-se algo e depois se demonstra que é
errôneo. E, por outro lado, muitas vezes há investigações que não são
publicadas não porque sejam ruins, mas porque a revista não se interessa, seja
por linha editorial ou por interesses em jogo. Um exemplo pessoal: em 1984,
descobrimos genes muito importantes para o desenvolvimento embrionário, genes
Hox. Publiquei dois papers na Cell, uma das melhores revistas do mundo, e havia
quem acreditava e quem não. Tiveram que passar anos para que a comunidade
científica os validasse.
O Laboratório de Embriologia é dependente
do Conicet. Seu trabalho tem que ser validado pelo Conicet?
Que fique claro, por favor: nem o Conicet, nem um comitê editorial validam
pesquisas. O que eles fazem é avaliar a evidência que apresentamos e julgam a
solidez a partir da apresentação. Eles não têm maneira de verificar os
resultados de forma prática. A única certeza de uma validação se dá em que
outros pesquisadores podem repetir de forma sistemática, e até aperfeiçoada, os
resultados da investigação realizada.
Quando vai compartilhar seu trabalho para
colocá-lo em discussão na comunidade científica?
Em breve. Devo terminar alguns ensaios e estará pronto. O que eu mais quero é
passá-lo aos colegas, pesquisadores que repliquem o trabalho. De fato, já o
compartilhei com pares do país e do exterior. Desde já, deviam ser estudos
independentes, não os previstos pelas corporações ou espaços do Estado a seu
serviço.
A Monsanto poderá replicá-los?
Se contratar pesquisadores idôneos, sim. Não tenho dúvida de que os tem, e
todos sabemos a quais resultados chegarão.
Como continuará a pesquisa?
Já confirmamos as más-formações. Agora, estamos avançando em conhecer qual é o
mecanismo de ação, é um passo a mais. Como é um trabalho científico,
continuarei com o grau de liberdade acadêmica de que disponho, tentando ver
quais são as causas mecanísticas e moleculares das observações feitas para
publicar os resultados. Aparte do anfíbio que nos serve de modelo, estenderemos
os experimentos a outros modelos de desenvolvimento embriológico, como aves.
Pode acontecer que, com essas novas
provas, os resultados difundidos – de más-formações – não se repitam?
Não há como. Porque foram experimentos controlados, nos quais fomos rigorosos.
E, além disso, porque já há evidência científica que vai nesse sentido. Por
isso, insisto, não descobrimos nada novo. Eu cheguei a um resultado e acredito
nele. Se a comunidade científica chegar a outra conclusão, bem-vinda seja. O
centro do problema não deveria ser essa investigação. Seria querer tapar o sol
com a peneira. Eu só trouxe um ponto a mais à discussão. Mas há setores que
querem encerrá-la, nem sequer por convencimento ideológico, só por conveniência
econômica.
Acusa-se o seu trabalho de usar um método
errôneo com o glifosato, e que, por isso, os resultados são devastadores: que
as concentrações da experiência nunca são as que eventualmente um humano
poderia receber ao ser aplicado no campo. Houve quem mencionasse que "se
colocarmos gasolina no copo de leite, claro que ocasionará intoxicações, e nem
por isso se proibirá o combustível".
Esse tipo de afirmação tem várias facetas. Por um lado, mostra desconhecimento
biológico, o que é entendível para quem não se dedica a esse ramo da ciência.
Mas, na boca dos porta-vozes das corporações, também mostra uma
intencionalidade distante da inocência, com intenções de desprestigiar uma
estratégia de análise mundialmente aceita. Então, sim, me parece uma comparação
pouco séria, maliciosa e hipócrita. É sabido, tanto na comunidade científica
quanto no setor agropecuário, que a aspersão do herbicida afeta ecossistemas,
operando direta ou indiretamente sobre insetos e outras espécies animais quando
se colocam em contato com o herbicida. Ou seja, além de células vegetais,
também afetam organismos compostos por células animais. Nossas experiências alertam
que tanto o coquetel comercial como a droga pura em células animais geram
alterações do desenvolvimento embrionário.
Portanto, o glifosato dentro da
célula embrionária altera o funcionamento celular, tal como ocorre nas células
vegetais das ervas daninhas. Por outro lado, já está provado que os herbicidas
se transladam pela ação do vento. É uma prova da realidade, incontestável, o
padecimento de famílias de campos limítrofes ou de bairros próximos às
fumigações. Portanto, o glifosato pode atravessar barreiras respiratórias ou
placentárias e entrar nas células embrionárias, inclusive existem avanços
científicos nessa direção, como também existem registros de glifosato e de seus
possíveis metabolitos presentes em mulheres grávidas. Isso poderia se correlacionar
com potenciais efeitos de má formação. Portanto, desentranhar se o glifosato
puro injetado tem efeitos sobre o comportamento de células embrionárias animais
durante o desenvolvimento era inevitável em uma estratégia experimental
correta, e insisto que utilizei uma estratégia de análise clássica da pesquisa
científica.
Acredita que deve se proibir o glifosato?
Em meu trabalho, eu não proponho isso. E não é da minha competência propor uma
medida desse tipo. A única coisa que eu afirmo, respaldado em 30 anos
de estudo na regulação genética embrionária, é que esse produto gera alterações
no desenvolvimento, estou certo disso.
Seus resultados não correspondem com a
classificação do Senasa [Servicio Nacional de Sanidad y Calidad
Agroalimentaria] ou as recomendações da Secretaria da Agricultura.
É um claro problema deles, que o classificam como de baixa toxicidade. Todo o
contrário do que os diversos estudos afirmam, que confirmam a alteração de
mecanismos celulares e, sobretudo, contrário ao que as famílias de uma dezena
de províncias padecem. É loucura pensar que não acontece nada.
Dado seu trabalho no Ministério da Defesa,
vincularam sua investigação a uma operação do governo contra as entidades
patronais do campo.
Nenhuma pessoa séria poderia pensar nessa possibilidade. Por um lado, ninguém
com 30 anos de trabalho acadêmico colocaria em risco essa trajetória. Por
outro, é um fato da realidade, o governo não pediu, não acredito que queria e
nem possa proibir o glifosato. Alguns meios inventaram essa conspiração, uma
jogada de má intenção. De fato, sofremos algumas pressões desde o centro do
oficialismo. Por isso, ninguém pode me dizer que é uma operação do governo.
Que funcionários o pressionaram?
Prefiro, agora, não dar seus nomes.
Além dos funcionários que impulsionaram e
defendem os agronegócios – sobretudo na Secretaria da Agricultura –, existem
altos funcionários ligados ao setor das biotecnologias e que impulsionam os
agrocombustíveis, uma segunda "sojização".
Não vou dar nomes. Mas, em vez do confronto ou da pressão, se deveria
aprofundar os resultados, formar equipes interdisciplinares. A reação mais
razoável, a mais científica, a mais humana teria sido essa, sobretudo se há um
sinal de alerta sobre uma questão relacionada com a saúde humana. A reação
lógica teria sido aprofundar as pesquisas, estudar a diferença entre
biodegradabilidade e decomposição, as diferentes vias de penetração, revisar a
normativa de uso e controlar os efeitos sobre a saúde humana de maneira
sistemática. Mas se privilegiarmos os negócios, não avançaremos com novos
estudos.
* Instituto Humanitas Unisinos
QUESTIONAMENTO DO BLOGUEIRO:
ATÉ QUANDO TEREMOS DE ESPERAR DO JUDICIÁRIO EM ARAXÁ, PELA PROIBIÇÃO À PREFEITURA, NO USO DESTE AGROTÓXICO???