terça-feira, 25 de junho de 2013

EDITORIAL:
FALANDO COM AUTORIDADE

Por Geraldo Elísio

A dissimulação algumas vezes denota prudência, mas ordinariamente fraqueza. - Marquês de Maricá

Em artigo assinado no jornal "FSP" o senador Aécio Neves diz: Ainda há um grande esforço para tentar compreender melhor a motivação que leva às ruas milhares de brasileiros, defendendo um sem número de causas e reivindicações e comentou ter há tempos passados escrito sobre a imprevisibilidade da política e as transformações que buscam uma nova ordem. E acrescenta ainda que naquele tempo: já fosse perceptível uma crescente onda de desencanto mundo afora com regimes autoritários, a corrupção e a crise econômica, temas encarnados por levantes como o da Primavera Árabe, os Indignados na Espanha e o Ocupe Wall Street, em Nova York.

Ora Aécio Neves, como diria Jack O Estripador vamos por partes. Occupay Wall Street, em Nova York, talvez seja o maior símbolo anti-neoliberalismo de Milton Friedman e Francis Fukuyama que você nunca leu, sequer na Wikipédia, além de ser integrante do PSDB, ou seja, um tucano neoliberal posando de político a favor das reformas que o povo enfurecido nas ruas deseja. Os Indignados do 15M na Espanha refletem exatamente esta política que você, FHC, Alkimim e José Serra defendem em coligação com os demos. A Primavera Árabe tem como motivação o petróleo e o xadrez da política internacional. Para não ficar dizendo besteiras por aí é bom dedicar um mínimo de seu tempo e ver no You Tube as declarações do general Wesley Clarck, ex-Comandante em Chefe da Otan na Guerra do Kosovo, explicando as razões do projeto de desestabilização do mundo árabe. Portanto não sou eu quem diz.

O senhor tem razão ao afirmar que naquele tempo já era previsível uma explosão popular em face do múltiplo e crescente inconformismo. Claro o seu governo e o de Anastasia gastaram mais de dois bilhões com propaganda enganosa; construíram três estádios de futebol; Mineirão, Independência e Arena do Jacaré, igualmente no valor de dois bilhões, inclusive com preços superfaturados; edificaram a Aeciolância apelidada de Cidade Administrativa, também ao custo de dois bilhões de reais; sem contar os quatro bilhões e meio que foram desviados da área de saúde mais os quatro milhões de multa relativa a irregularidades na TV Minas. Quase 11 bilhões de reais.

Resultado, Minas Gerais não tem saúde, educação e segurança pública. Previsível, portanto a insatisfação popular que logicamente atinge a presidente Dilma Rousseff também. Mas quando da sua primeira eleição foi formada a chapa Lulécio e agora quando da eleição de Dilma a chapa Dilmasia que a própria presidente sugeriu mudar para Anastadilma, ambas criações do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, envolvido com o ex-governador Newton Cardoso e o atual presidente da Cemig, Djalma Moraes, no assassinato da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, no interior do San Francisco Flat, um apart hotel no centro de Belo Horizonte. O nobre senador está a fazer um mea culpa ou admite que por oportunismo fez acordos políticos com o PT que agora está a condenar?

Certo também que as frustrações, fenômeno de certa forma semelhante alcançou a realidade brasileira, após longos anos de acúmulo de insuficiências de toda ordem, agravadas pela percepção de grave paralisia gerencial, desperdícios, desvios e enorme frustração com a impunidade. Por ter praticado, além de outros, todos estes vícios administrativos ninguém melhor do que o ilustre senador tucano para falar do assunto.

O inédito movimento brasileiro contrasta com a tentativa de afirmação de um Brasil cor-de-rosa, como se tivéssemos deixado para trás, em um trecho vencido de história, uma das maiores desigualdades do planeta e as mazelas do nosso subdesenvolvimento. Se avançamos - e avançamos -, não vencemos o principal: continuamos um país pobre, desassistido e injusto.
Certíssimo, desassistido, pobre e injusto, com a vasta contribuição do nobre senador que comandou inclusive a votação que culminou com a implantação do fator previdenciário, uma eutanásia econômica que se abateu sobre os aposentados brasileiros.

O que não parecia ser factível tornou-se inesperada realidade: entornou para fora dos limites da política tradicional a percepção sobre obras que nunca acabam e multiplicam orçamentos exorbitantes; o baixo investimento em áreas fundamentais, gerando o sucateamento da saúde, a educação precária e a grave omissão na segurança pública, enquanto bilhões escorrem em programas de financiamento obscuros ou casos mais explícitos, como o de Pasadena, e agora as obras da Copa.

Certo nobre senador Aécio Neves, ninguém melhor do que você para falar em sucateamento da saúde, segurança e educação pública. Pode bater a mão no peito e dizer; Eu fiz isto com perfeição. Vocês só não ficaram sabendo graças a competência da minha irmã Sinhá Andréa Frau GoebbelsNeves, a Mãos de Tesoura.

A insatisfação com a realidade está clara na pesquisa Ibope/CNI. Das nove áreas avaliadas, seis são desaprovadas pela maioria da população: segurança pública, saúde, impostos, combate à inflação, taxa de juros e educação. Viu senador o que outros governos e Vossa Excelência também conseguiram?
A desaprovação ao combate à inflação subiu de 47% para 57%. Continuamos a ser um dos países que oferece o pior retorno dos impostos arrecadados em serviços públicos. Só faltou acrescentar eu que o diga e invoco o testemunho do Anastasia.

Há neste episódio lições a serem aprendidas por todos os que temos responsabilidade pública, e uma é incontestável: o chamado mundo político tem uma enorme dívida com os brasileiros. E ela precisa ser resgatada. Verdade absoluta, inclusive o nobre senador explicar todas as acusações que lhe são imputadas. Quem não deve não teme. 
O povo quer todos os corruptos, todos, na cadeia, sejam eles mensaleiros do PT, dos tucanos, do DEM, seja lá de quem for. Não quer mais Executivos, Parlamentos e Judiciários desonestos. Todos estão sujeitos além de ir queimar pós-vida no fogo do inferno, antes serem tostados pela ação dos baderneiros ou provocadores que se infiltram nos movimentos populares.

PS – Aconselhe o seu gost writer a escolher temas melhores para abordagem.