sábado, 8 de junho de 2013



Publicado em 07/06/2013

Editorial:
FÍSICA CUIDADO COM A METAFÍSICA

Por Geraldo Elísio

“Há mais mistérios entre o céu e a terra, do que toda a nossa vã filosofia. - William Shakespeare

Sonhei estar a conversar com o Filósofo Municipal, muito ancho, assentado em uma nuvem alvíssima, apoiado em um robusto cajado.
- Olá filósofo, aqui também se faz necessária a Borduna Filosófica?
- Claro! Aqui temos muito tempo para pensar e as razões para portá-la aumentam em escala progressiva, mesmo que não se deixe de lado a Bandeira Branca.
- Bem, mas a conversa pode parecer estranha aos internautas. Qual a sua visão atual do Brasil e de Minas?
- Olha, a gênese do Brasil é complicada. Os índios, com a sua estrutura social simples, de repente se viram invadidos por europeus predadores que viram nisto uma boa oportunidade de se livrar de todos os seus ladrões e prostitutas e os mandaram para as terras descobertas onde se plantando tudo dá. Deu inclusive início à gênese do nepotismo, com o escrivão mor Pero Vaz de Caminha solicitando um emprego para o cunhado dele, exemplo que graças à fertilidade do solo até hoje se multiplica. Afinal se chegaram ladrões e prostitutas assim o eram, porém amigos do rei, mas sem nada a ver com Manuel Bandeira. E como DNA é DNA, você pode escolher entre descendentes de Tiradentes, o herói da Inconfidência Mineira, e Joaquim Silvério dos Reis, aquele que, sem ter nada a ver com Salomé, entregou a cabeça do primeiro em uma bandeja. Isto a meu ver é a gestação da elite dominante que parece nunca aprender a ser dirigente e levou o José Sarney a proferir a sua máxima de que o Brasil é um País de capitalismo de clubes e esquerdas do botequim. Aliás, excelentes manchetes para uma publicação atualizada da Borduna Filosófica.
Mas como ter patriotismo não é necessário e explorar é preciso, os descobridores do óbvio foram buscar escravos na África e ampliaram ainda mais as suas fortunas. Lembre-se do que eu disse: ladrões e prostitutas, mas amigos do rei. Depois foram chegando imigrantes provocando alterações dos DNAs primitivos. Daqui a alguns anos talvez Darcy Ribeiro venha a ter razão e aí sim seremos uma grande nação habitada por um grande povo.
Veja você... Daqui tenho uma visão privilegiada e me contacto sempre com o Drumond de Andrade que me deu permissão para parodiar o seu poema Quadrilha, aliás, um nome bastante sugestivo. O original você sabe é assim.
João amava Teresa que amava Raimundo /que amava Maria que amava Joaquim / que amava Lili que não amava ninguém. / João foi para os Estados Unidos, / Teresa para o convento, / Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, / Joaquim suicidou-se / e Lili casou com J. Pinto Fernandes / que não tinha entrado na história.
Eu parodiei assim: Lula o socialista e Fernando Henrique / amavam a banca capitalista / que flertava com Dilma e Pimentel / que era amigo do Aécio Neves e Márcio Lacerda. / Daí Dilma Rousseff virou presidente da República / Aécio ficou em Minas e Márcio Lacerda em Beagá como um desastre / a austeridade faleceu sem ter oportunidade / Aécio deve ficar para tio / e não sabe o que fazer o povo brasileiro que ainda não tinha entrado na história.
- Mas nós temos uma Constituição Filósofo Municipal!
- Temos sim! Mas você acredita nela? Em princípio todos são iguais em deveres e direitos perante a Lei, mas a realidade é outra. Os professores, o pessoal das áreas de segurança e assistência médica pública trabalha mais e não ganham o mesmo que o grupo fechado no Triângulo de Montesquieu. As Leis foram feitas para pretos, prostitutas e pederastas pobres, nunca atingindo os ricos. Só vale mesmo para pobres que são penalizados ainda que lourinhos iguais a dinamarqueses.
Outro dia ouvi o gerente geral aqui de onde estou a comentar que estão com muita conversa fiada em nome dele. Além do mais, com esta história de estrutura de nuvem é um horror a poluição envolvendo a bisbilhotice alheia, com o tal de coronel “Praxedes e seus Arapongas Amestrados” poluindo com informações os espaços onde habito. Claro, o Joseph Goebbels não mora aqui, é da turma do outro lado, mas um anjo de guarda disse em off que ele está se remoendo de inveja de uma senhora chamada Andrea. Certamente uma injustiça, pois ela tem demonstrado ser mais competente do que ele.
De vez em quando quem eu vejo é o Nelson Rodrigues, ainda encafifado com o Sobrenatural de Almeida, o que para mim não faz o menor sentido. Preocupo-me mais com o Imponderável de Souza criado por você. Quando qualquer homem, para garantir a sua moral, mesmo falsa, tem de se proteger com o manto da censura é no mínimo um sintoma de fadiga de material e aí nem o conciliábulo dos profetas pode prever o que irá acontecer. Pela minha experiência coisa boa é que não é.
Neste ponto o Filósofo Municipal acariciou a Borduna Filosófica com ar de irritação. Quis perguntar mais coisas, entretanto acordei. Ainda vendo nas retinas o seu olhar entre preocupado e irônico, acenando em despedida com saudades dos amigos.
Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.