sexta-feira, 19 de julho de 2013

O RECHAÇO DA POLÍTICA

Publicado em 18/07/2013

EDITORIAL:
O DESPERTAR DE LULA
Geraldo Elísio escreve no "Novojornal". Prêmio Esso Regional de jornalismo, passado e presente embasam as suas análises

Por Geraldo Elísio

“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.” - Albert Einstein

Em encontro no Rio de Janeiro com dirigentes políticos espanhóis o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “protestou e pediu a renovação do PT”, acrescentando ter sido as últimas manifestações sociais uma mostra da evolução democrática no Brasil. Afinal ele rompeu o silêncio que vinha mantendo quanto à questão. Engraçado é Lula jogar para o público externo - o interno não conta - comentando para o diário “New York Times” o “rechaço da política” em função de uma maior participação popular na democracia brasileira. O político brasileiro atribuiu às manifestações “em grande parte aos êxitos políticos, econômicos e sociais”, com os jovens desejando “instituições políticas mais transparentes”.

Se existe conforme o próprio Lula escreveu um “rechaço político”, como de imediato, no mesmo texto ele menciona “êxitos políticos”. Certamente na Escola de Sindicalismo de Baltimore, onde o empresário Mário Gernero em seu livro “Jogo Duro” insinua que ele teve (será que ainda tem?) ligações com a CIA, o ex-presidente brasileiro não estudou lógica. São incoerentes as duas afirmações. Quanto ao significado de avanço democrático em função das manifestações de rua tudo bem. Nada a merecer reparo.

Êxitos econômicos e sociais também tanto ele quanto a presidenta Dilma Rousseff podem alardear conquistas significativas. Mesmo ficando a dever uma solução para o Fator Previdenciário tão criticado por eles quando o instrumento foi imposto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o fraudador da dívida externa brasileira, segundo o deputado federal delegado Protógenes Queiroz, licenciado da Polícia Federal. É de se lembrar sempre a votação que estabeleceu a eutanásia econômica para os velhinhos aposentados  foi comandada pelo então deputado e ex-governador de Minas, agora senador tucano Aécio Neves.

Porém Lula escorrega feio ao dizer para o público internacional ser o desejo dos jovens brasileiros as instituições políticas mais transparentes. Não pela afirmação em si absolutamente verdadeira, contudo em função de sempre Lula nada saber, pelo menos quando indagado a respeito das “maracutaias” a exemplo do Mensalão do Partido dos Trabalhadores, de resto idêntico aos Mensalões dos Tucanos Mineiros e dos Democratas, valendo a recordação de ter começado em Minas Gerais todo este sistema tentacular de corrupção a corroer o Brasil. Se o ex-presidente Lula de nada sabia mesmo é muito grave a questão. Se ele de fato não estava informado é mais grave ainda. Na veracidade de uma das hipóteses, como ele se informou? Depois de os brasileiros terem saído às ruas e praças em tsunâmicas ondas de protesto quando da realização da Copa das Confederações em julho passado? Se for a dedução lógica e sem sofisma conduz ao raciocínio do PT ter perdido o “time” vendo em função de ambições políticas a necessidade de “correr atrás.”

Se ele é mesmo convicto da necessidade de mudanças – todos os setores da vida comportam isto e é salutar – e de transparência é só incentivar a punição dos culpados de todos os crimes praticados contra o povo, doa a quem doer, promovendo um saneamento urgente de todas as instituições a compor o famoso triângulo enunciado por Montesquieu.

Lula se referiu aos pais de família pobres que pela primeira vez podem ter “carros próprios” e “viajar de avião”, realmente motivo para aplausos, da mesma forma como buscar uma vida ainda melhor para os seus filhos. Entretanto para nós os brasileiros fica difícil compreender alguém dispor de recursos financeiros para comprar automóveis e viajar de avião ao mesmo tempo da indisponibilidade de saúde, educação, cultura e segurança pública. Em nível de ameaça da realização da Copa do Mundo de 2014, caso persistam os protestos sem indício de uma parada súbita. Neste aspecto ainda somos um “planeta da miséria”, principalmente a moral, o que dificulta para os brasileiros divisar o futuro, pois na linha do horizonte os candidatos à substituição ostentam tantos ou maiores erros, consolidando nesta terra descoberta por Cabral uma elite cada vez mais dominante e analfabeta em termos de aprender a ser dirigente.

Mencionar escândalos políticos ocorridos na gestão Dilma Rousseff olvidando fatos similares quando ele ocupava o Palácio do Planalto é de um cinismo a toda prova da mesma forma como matizar a revolta popular só em função de anseios relativos ao avanço da cidadania. É isto também, mas não é só. E Lula sabe muito bem disto. Se for “jogada de bastidor” em função de o criador prejudicar a criatura chamada Dilma eles lá que se entendam. Devendo Lula observar a imagem dele também foi chamuscada. Quando ao anúncio de uma saúde em grau de 110% bem, ficamos felizes em saber disto e torcemos para assim continuar por muitos anos.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.

geraldo.elisio@novojornal.com