27.outubro.2013
Procuradoria suíça diz que lobista amigo de tucanos
foi indiciado por lavagem de dinheiro e corrupção
José Amaro Pinto Ramos é suspeito de pagar propinas
no caso Alstom no Brasil
Fausto Macedo - Repórter
O empresário José Amaro Pinto Ramos,
famoso lobista amigo de empreiteiros e políticos do PSDB, foi indiciado na
Suíça por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos no caso
Alstom.
A informação consta de relatório do
Ministério Público da Confederação Helvética (MPC), datado de 21 de fevereiro
de 2011, que agora municia investigação no Brasil sobre a Alstom e suposto
esquema de pagamento de propinas.
A Alstom é alvo de inquéritos da Polícia Federal e do Ministério Público em São Paulo.
A Alstom é alvo de inquéritos da Polícia Federal e do Ministério Público em São Paulo.
A multinacional francesa teria fechado
negócios milionários no setor metroferroviário e na área de energia por meio de
licitações fraudadas e pagamento de valores a dirigentes de estatais em São
Paulo.
Amaro Ramos é citado no dossiê dos
procuradores da Suíça no mesmo processo de investigação de polícia criminal
aberto contra outros dois empresários e engenheiros brasileiros, igualmente
rotulados de lobistas: Arthur Gomes Teixeira e Sérgio Meira Teixeira – este já
falecido.
Rastreamento bancário mostra que Arthur
Teixeira fez depósitos na conta Milmar, alojada no Credit Suisse de Zurique, de
titularidade do engenheiro João Roberto Zaniboni, ex-diretor de operações e
manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), entre 1998 e
2003.
A investigação mostra que Zaniboni
recebeu US$ 836 mil, parte desse montante repassado por Arthur Teixeira. Os
investigadores brasileiros suspeitam que Arthur Teixeira era o pagador de
propinas do esquema Alstom. Sua defesa nega enfaticamente tal prática.
O processo SV 10.0173-LEN, da Suíça,
foi aberto em 7 de outubro de 2008. “Um processo de investigação de polícia
criminal contra Arthur Gomes Teixeira que foi estendido, em base aos resultados
obtidos na investigação até essa altura, a José Amaro Pinto Ramos, assim como a
Sérgio Meira Teixeira”.
“Eles foram indiciados por lavagem de
dinheiro agravado assim como por corrupção de funcionários estrangeiros”,
destaca o dossiê que a Suíça enviou ao Brasil em fevereiro de 2011.
O relatório da Procuradoria da Suíça é
taxativo. “Acusa-se as pessoas mencionadas de terem assistido companhias da
Alstom na obtenção de projetos de grande porte no Brasil, particularmente no
âmbito dos transportes, em qualidade de tais consultorias e terem transmitido
no âmbito dessas atividades propinas por conta da Alstom.”
Amaro Ramos é citado como controlador
da EPCINT Assessoria Técnica S/C Ltda, sediada em São Paulo. O lobista
preferido dos tucanos teria usado a EPCINT para repassar valores a agentes
públicos, suspeitam os investigadores.
“Consta dos resultados obtidos até
agora no âmbito do presente processo que há uma suspeita que companhias do
grupo francês Alstom em São Paulo, Brasil, teria corrompido, com a cumplicidade
de cidadãos brasileiros, funcionários públicos no contexto da atribuição de
contratos efetuados pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos”, assinala
a Procuradoria da Suíça.
O dossiê da Suíça foi encaminhado em 21
de fevereiro de 2011 para o Ministério Público Federal em São Paulo junto com
“pedido de auxílio judiciário”, subscrito pelo procurador federal suíço Stefan
Lenz.
O pedido teve amparo no acordo de
auxílio em matéria penal de 12 de maio de 2004 entre a Confederação Suíça e o
Brasil, em vigor desde 27 de julho de 2009.
O pedido também se baseou na Convenção
das Nações Unidas Contra a Corrupção. A solicitação incluía buscas na casa de
João Roberto Zaniboni para apreensão de “documentos em relação com o presente
processo”.
O dossiê foi compartilhado no final de
setembro com outras esferas de investigação no Brasil. A Polícia Federal, que
não recebeu a documentação durante esses dois anos e 8 meses, considera, a essa
altura, desnecessária a realização de buscas na casa do ex-diretor de operações
e manutenção da CPTM.
Além de uma inspeção na residência de
João Roberto Zaniboni, a Suíça pediu outras medidas, como o interrogatório de
Arthur Gomes Teixeira e José Amaro Pinto Ramos.
“Solicita-se que o Ministério Público
(Federal) em São Paulo comunique, com um aviso prévio de um mês, as datas dos
interrogatórios ao Ministério Público Federal Suíço e que lhe outorgue a
possibilidade de estar presente nestes interrogatórios, de fazer perguntas às
pessoas interrogadas e lhes apresentar os documentos apensados no presente
pedido, como documentos probatórios para recolher os seus pareceres”, escreveu
o procurador federal Stefan Lenz.
Mas nenhuma diligência foi realizada, frustrando as autoridades suíças.
Mas nenhuma diligência foi realizada, frustrando as autoridades suíças.
O pouco caso do Brasil teria provocado
o arquivamento de parte das investigações na Suíça.
O criminalista Arnaldo Malheiros Filho, que defende Amaro Ramos, disse que “a investigação contra ele na Suíça foi encerrada”, sem nenhum tipo de acusação formal. “Não tinha prova nenhuma contra Amaro Ramos”, afirma o advogado Malheiros Filho.
O criminalista Arnaldo Malheiros Filho, que defende Amaro Ramos, disse que “a investigação contra ele na Suíça foi encerrada”, sem nenhum tipo de acusação formal. “Não tinha prova nenhuma contra Amaro Ramos”, afirma o advogado Malheiros Filho.
Posts Relacionados
·
·
·
·
Relatório da PF mostra
depósitos da multinacional Alstom em contas de offshore pagadora de propinas
·