12
DE MARÇO DE 2014
Antes mesmo da derrota de ontem no Congresso,
onde uma base rebelada aprovou um requerimento para investigação de negócios da
Petrobras no exterior, a estatal, comandada por Graça Foster, já vinha
desfazendo malfeitos de gestões anteriores e revendo contratos superfaturados;
exemplo mais gritante foi um contrato de US$ 820 milhões com a empreiteira
Odebrecht, de Marcelo Odebrecht, reduzido pela metade; no caso da holandesa
SBM, que pode ter pago propinas a funcionários da estatal para arrendar
plataformas, uma investigação interna já vinha sendo conduzida por determinação
de Graça; ou seja: gestão atual pode sair fortalecida e tiro dos rebelados
sairia pela culatra
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– À primeira vista, o governo
federal sofreu ontem uma de suas mais duras derrotas no Congresso, quando uma
base rebelada, liderada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aprovou um
requerimento para que atividades da Petrobras no exterior sejam investigadas. A
essa altura, portanto, tanto o Palácio do Planalto, em Brasília, quanto o comando
da Petrobras, na Avenida Chile, no Rio de Janeiro, deveriam estar apavorados.
Será mesmo?
A resposta, definitivamente, é não.
Derrotada pelo PMDB, Dilma ao menos não cedeu a um grupo de
parlamentares, que, aos olhos da opinião pública, tem a imagem de chantagista.
E uma investigação sobre negócios internacionais da Petrobras
pode, na prática, reforçar a imagem de austeridade da dupla Dilma
Rousseff-Graça Foster.
É consenso, entre entendidos no mundo do petróleo, que Graça,
indicada pela presidente Dilma para o comando da estatal e apontada por
revistas de negócios como uma das mulheres mais poderosas do mundo, tem se
esforçado para proteger a Petrobras de negócios polêmicos feitos em gestões
anteriores.
Foi assim, por exemplo, que ela decidiu rever um dos contratos
mais onerosos da estatal, fechado com a empreiteira Odebrecht, de Marcelo
Odebrecht. Esse contrato garantia US$ 820 milhões à empreiteira por serviços de
manutenção em ativos da estatal no exterior. Depois de um pente-fino da
estatal, foram descobertos vários indícios de superfaturamento e o contrato
caiu à metade.
No caso da empresa holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas à
Petrobras e pode ter pago propinas a alguns funcionários, já há uma
investigação interna. Reportagem da Folha de S. Paulo desta quarta-feira 12
aponta que executivos da estatal foram enviados à Holanda, por determinação de
Graça, para levantar indícios de malfeitos (leia mais aqui).
Ou seja: Graça Foster, com o aval da presidente Dilma, não tem
varrido a sujeira para debaixo do tapete.
E a investigação proposta pela oposição pode se revelar um tiro
pela culatra.