Querem
calar
os educadores mineiros
Desde
2008, os trabalhadores em educação da rede estadual lutam
pelo pagamento do
Piso Salarial Profissional Nacional.
Mas,
a luta vai além da questão salarial.
Em
todas as pautas de reivindicações demandas de acesso, permanência e qualidade
da educação foram apresentadas ao governo mineiro.
Desde
que o modelo do choque de gestão foi feito no Estado, o Sindicato Único dos
Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) acompanhou as políticas
públicas da educação (ou a sua ausência), os programas de governo e os
indicadores de qualidade.
Estudos
feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), relatórios do Tribunal de Contas do Estado, e mesmo
as publicações oficiais do governo denunciam uma realidade diferente das peças
publicitárias veiculadas no Estado.
Há
anos, o Sindicato denuncia as precárias condições de trabalho do professor e
dos educadores em Minas Gerais, a falta de estrutura física das escolas, a
falta de vagas na educação básica, a destruição da profissão docente no Estado.
Em
2014, o comportamento da entidade não foi diferente. Apresentou a pauta de
reivindicações com demandas relacionadas à educação de qualidade, acesso e
permanência na escola.
O
governo estadual, a exemplo de anos anteriores, ignorou os problemas das
escolas estaduais e seus educadores. Também, a exemplo de anos anteriores, o
Sind-UTE/MG denunciou os problemas.
Mas
a denúncia da realidade, que não cita nenhum nome de candidato, incomodou a
coligação encabeçada pelo PSDB que, em dois dias, já tentou impedir, por três
vezes, a veiculação da campanha de informação da realidade das escolas
estaduais.
A
tentativa de censurar os trabalhadores em educação demonstra a forma como fomos
tratados nos últimos anos: a mordaça como pedagogia do medo enquanto se destrói
a escola pública mineira.
Na
campanha de informação, conforme divulgamos a seguir, não falamos nenhuma
novidade.
Acompanhe o que o
governo de Minas fez contra a educação mineira
Não dá autonomia para os professores avaliarem o processo de aprendizagem dos alunos, impondo a aprovação automática.
Manipula as informações sobre qualidade
da educação, divulgando apenas o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB). Outros indicadores que apontam os problemas não são repassados à população.
O programa Fica Vivo não diminuiu a violência. A taxa de homicídio em Minas aumentou 80% de
2001 a 2011. Nossos jovens estão morrendo!
Os programas do Governo são apenas para propaganda, não atingem a maioria dos municípios
mineiros. O Poupança Jovem, por exemplo, atende apenas nove municípios.
Faltam 1.010.491 de vagas no Ensino
Médio.
Somente 35% das crianças mineiras
conseguem vaga na Educação Infantil.
Não tem nenhuma política preventiva sobre violência nas escolas.
Professores são agredidos, alunos assassinados e nada é feito.
Não paga o Piso Salarial Profissional
Nacional aos profissionais do Magistério, conforme determinado pela Lei Federal
11.738/08 e decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF).
Efetivou, sem concurso, mais de 98 mil
servidores, colocando estas pessoas numa situação de fragilidade jurídica.
Congelou a carreira de todos os
trabalhadores em educação até dezembro de 2015.
Não cumpre acordos que assina.
Acabou com o Fundo de Previdência dos Servidores Estaduais (Funpemg),
que já tinha capitalizado mais de R$3 bilhões para aposentadoria dos
servidores.
Mas parece que o que incomodou foi a
possibilidade da população ser lembrada sobre os problemas da escola, durante o
período eleitoral.
Qual o medo? Vamos fazer o debate
público sobre a realidade da educação mineira?
Porque a censura é o instrumento de uma
ditadura, não de um Estado democrático.
Quem quer ser gestor tem que aprender a
conviver com quem pensa diferente.
Professora Beatriz Cerqueira
Coordenadora-geral
do Sindicato
Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG)