quinta-feira, 28 de agosto de 2014

VÊ-SE E OUVE-SE NESTAS CAMPANHAS POLÍTICAS DO MOMENTO, COMO O ÓDIO PARTIDARÍSTA E A ÂNSIA PELO PODER NAS CONVENIÊNCIAS NÃO SÓ DO MANDO, MAS DA LOCUPLETAÇÃO FÁCIL, FARTA, E IMPUNE PELO PRÓPRIO SISTEMA JUDICIÁRIO INSTITUIDO E INSTALADO NO BRASIL. A DEMOCRACIA AQUI, NÃO É POR MIM EXIGÍVEL PORQUE NÃO ESTÁ PLENAMENTE INCORPORADA À NOSSA REPÚBLICA. PRECIPUAMENTE, PRECISAMOS ACABAR COM O VOTO POR “OBRIGAÇÃO”. DEPOIS DISTO, OS POLÍTICOS RECONHECERÃO QUE NÃO ESTAMOS AFIM DE TÊ-LOS NOS TRONOS DOS PODERES. ASSIM AS MUDANÇAS VIRÃO,... NATURALMENTE.

27 DE AGOSTO DE 2014

DOUTRINA MAINARDI-FHC 
PREGA ÓDIO E DESMONTE
Tese do voto inútil para o Brasil ganha campo; debate sobre planos de governo passam a não interessar mais; o que importa é adiantar no 1º turno das eleições uma frente em torno de Marina Silva contra o PT; "Passarei a torcer contra ela um dia depois da posse", ensina colunista Diogo Mainardi; de Veneza, onde mora, ele sinaliza apoio "até a posse"; depois, jogará na desestabilização; ex-presidente Fernando Henrique aponta que fundamental é "não melindrar" a candidata do PSB; ele trabalha para tornar o PSDB linha auxiliar no eventual governo dela; movimento visa abater, na 2ª volta, presidente Dilma Rousseff, mas primeira vítima é o tucano Aécio Neves; para quem teve no avô Tancredo um mentor que dizia que a lealdade é a primeira regra da política, mineiro tem agora outra lição, 
a da traição

247 – Uma doutrina política que prega o ódio ao PT, incentiva a instabilidade política e rebaixa o nível do debate de propostas entre os candidatos a presidente da República ganha campo nesta etapa da eleição.

Batizada de Mainardi-FHC, tem no ex-colunista da revista Veja Diogo Mainardi e no ex-presidente Fernando Henrique seus principais garotos-propaganda. Complementares nos conceitos, eles representam os extremos que balizam o arco de ideias da corrente em formação.

Trata-se, na prática, de adiantar o caráter plebiscitário de um eventual segundo turno já para esta primeira rodada da eleição. Na esteira do crescimento da candidata Marina Silva, do PSB, a nova corrente defende o voto nela de imediato, sacrificando o senador Aécio Neves, do PSDB.

O que menos importa, nesta orientação, é o debate de planos de governo dos candidatos ou a discussão sobre falhas e realizações do governo que tem a presidente Dilma Rousseff como candidata à reeleição.

Na baliza direita da doutrina cuja execução está em pleno curso, cercada pelas condições favoráveis de alta de Marina nas pesquisas, queda de Aécio e estabilidade de Dilma a referência é Mainardi. Espécie de exilado da revista Veja em Veneza, na Itália, ele perdeu a coluna que tinha na publicação do grupo Abril mas foi abrigado com conforto pelo grupo Globo.

Com intervenções no programa Manhatan Conection, ele vai procurando nortear os que, como ele, perderam influência nos últimos anos. E anda irritado.

DECLARAÇÃO DE VOTO - Para Mainardi, a missão de derrotar o PT do ex-presidente Lula, seu desafeto pessoal, depois de 12 anos sem acesso às fontes do poder, admite o voto em uma candidatura com a qual não se tem nenhuma concordância – à exceção do espaço que essa chapa abre para a prática do ódio ao PT.

É o que explica a declaração de voto de Mainardi em Marina:
- Não espero rigorosamente nada de seu governo e passarei a torcer contra ela um dia depois da posse, registrou ele no texto intitulado 'Sou Marina (até a posse)'.

O fundamental, fica claro, não é debater planos de governo, nem mesmo entre os que vão sendo apresentados por Marina e o tucano Aécio Neves, com quem o pregador se identificava até a ex-ministra entrar para a corrida presidencial na frente dele nas pesquisas. O fundamental é vencer, mesmo que "um dia depois da posse" a palavra de ordem já seja outra: fazer oposição à Marina.
Os riscos de instabilidade política embutidos na bandeira "Marina até a posse" nem sequer são considerados pelo, digamos, analista. O que ele diz da Itália, com todas as letras, é que considera como ideal para as eleições brasileiras de 2014 a vitória de uma candidata à qual se começará a desconstruir assim que chegar ao poder.
Antes de Mainardi, o ex-presidente Fernando Henrique foi o primeiro a nortear o público anti-PT de que Marina é, neste momento, a grande alternativa da oposição para recuperar, mesmo que não totalmente, ao menos alguns nacos do poder perdido. "Não quero que ela fique melindrada comigo", defendeu-se FHC, quando disse que considerava, ao menos, que Aécio tinha mais experiência administrativa do que ela. Àquela altura, porém, o ex-presidente já havia discorrido longamente sobre a importância, para o PSDB, de não fazer oposição frontal à ex-ministra.
DURA LIÇÃO -  Foi o próprio Fernando Henrique que lançou Aécio para presidente, no final de 2012. Agora, o ex-presidente também sai na frente na marcha de esvaziamento da candidatura. O senador mineiro parece ter-se surpreendido com a rapidez de ação de FHC.

Antes mesmo que as pesquisas o colocassem, como agora, atrás de Marina, Aécio já sofria com a habilidade dele. Agora, parece estar confuso entre defender sua campanha, enfrentar Marina e tentar seu lugar no segundo turno, ou arriar a bandeira e aderir à candidata do PSB, como insinua Fernando Henrique.
Para quem teve no avô Tancredo Neves um político que dizia que a lealdade é a regra número 1 da política, Aécio deve ter levado um susto e tanto com o FHC que surgiu depois da morte do ex-governador Eduardo Campos.
A orientação de Fernando Henrique vai sendo seguida por setores cada vez mais expressivos entre os tucanos. Depois que ele blindou Marina, a quem, repita-se, não quer "melindrar", até o presidenciável tucano ficou confuso sobre qual caminho seguir para voltar a ser ele, e não ela a alternativa oposicionista de ida ao segundo turno.
Aécio ainda não definiu se vai partir para o ataque a Marina ou se vai abrir passagem, candidamente, para a passagem dela. Enquanto ele pensa, as pesquisas já o vão levando para uma posição de distante terceiro lugar, numa perda de consistência que seu partido não tem se esforçado para conter.