terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ABANDONAMOS A POLÍTICA E AS EXCRESCÊNCIAS EVOLUIRAM. SÃO OS CORROMPEDORES DOS PROFISSIONAIS POLÍTICOS QUE SE FORMARAM NOS CORREDORES OBSCUROS DO CONGRESSO NACIONAL...

FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
 em ARAXÁ / MG.
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3 DE FEVEREIRO DE 2015

OS OLIGOPÓLIOS
DOS CANALHAS

Relegamos o exercício pleno da cidadania a um terceiro,
quarto plano em nossas vidas. Terceirizamos, também, a cidadania.
E eles, os canalhas, sorrateiramente, ocuparam esse vasto vazio e omissão







LULA MIRANDA *


Abandonamos a política.
Relegamos o exercício pleno da cidadania a um terceiro, quarto plano em nossas vidas. Terceirizamos, também, a cidadania.

E eles, os canalhas, sorrateiramente, ocuparam esse vasto vazio e omissão.

Já dominam o Congresso – a Câmara e o Senado. Dominam também as Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas.

Um político canalha, do tipo "celebridade midiática", consegue eleger-se deputado federal com um milhão e meio de votos e leva com ele, para a Câmara dos Deputados, mais três ou quatro desqualificados, canalhas como ele. 

Políticos nanicos de partidos nanicos, compostos por homens nanicos.

A quem representam essas Vossas Excelências? Ou seria mais apropriado dizer "Vossas Excrescências"?

Mas ficamos mais ou menos tranquilos e impávidos. Afinal, a culpa não é nossa; a culpa é sempre "deles". 

A culpa é sempre do outro, distante, incerto, improvável.

A reforma política, reivindicada pelas multidões nas "jornadas de junho" [de 2013] , pelos "revolucionários do Facebook", é apenas um desejo e uma miragem distante; para sempre adiada, para sempre postergada. Para júbilo e paz dos canalhas.
Eles, os canalhas, dominam os grandes grupos de comunicação. 

Eles têm seus capatazes e capachos na grande mídia remunerados a peso de ouro. 

Corteses, elegem a dedo a sua corte fiel.

Quem não reconhece os cortesãos e cortesãs que, de modo desavergonhado, na maior desfaçatez, como se virtuosos fossem, exibem, sem a mínima decência ou pudor, as suas vergonhas, vilanias, hipocrisia e sabujice nas páginas da Folha, do Estadão, da Veja, do(a) Globo – só para citar os veículos das principais familias?

Eles, os canalhas, controlam também boa parte dos sindicatos e das centrais sindicais – ainda exercem, com estarrecedora desenvoltura, o velho e anacrônico sindicalismo de negócios, negociatas e, claro, resultados.

Eles dominam também as grandes empresas e empreiteiras, as empresas públicas, autarquias e fundações.
Os canalhas quase arruinaram a Petrobras! 

O metrô de São Paulo! 

O Estado de São Paulo!

Sim, os canalhas estão em São Paulo, em Brasília. No Rio de Janeiro, em Goiás. No Maranhão, Alagoas ou Bahia. 

No partido "X", "Y" e "Z". Os canalhas, tal qual uma praga, estão espalhados por todo o país.

A pretexto de arrecadar recursos não contabilizados para os partidos, fazem fortuna extorquindo empresários corruptos e honestos, seduzindo e corrompendo funcionários públicos de carreira com promessas de altos cargos, prêmios e salários, muita "camaradagem" e compadrio, muito bem remunerados.

Os canalhas fazem parte daquele 1% da população que detém mais de 90% da riqueza da nação.

Os canalhas são poucos, mas parecem multidão.

Mas a multidão, de fato e que realmente importa, constituída de indivíduos ordeiros e honestos, enche, nas madrugadas insones, ônibus, metrôs e trens superfaturados, sucateados, "humilhantes", pois superlotados e desumanamente desconfortáveis, e segue obediente para fazer girar a roda que faz a fortuna dos canalhas.

O suor, sangue e lágrimas de homens e mulheres humildes, homens e mulheres do povo, moradores das periferias das grandes cidades, crentes e obedientes a Deus, e tementes a patrões exploradores, azeitam as engrenagens da máquina. 

Pobres cordeiros dopados tangidos pelos canalhas, adestrados pela submissão da desesperança, da ignorância e do medo. 

Mais valia.

Mais valia que a esperança e a coragem, de uma nova e insurgente elite proletária, por fim se libertasse das amarras da fé e das mentiras dos políticos, e de alguns pastores, nas religiões e na grande imprensa, que castram, ferram a fogo, adestram e tangem as multidões de cordeiros dopados rumo ao abate de uma vida infeliz e sem sentido.

Mais valia que a esperança, por fim, vencesse o medo e nos abençoasse com as láureas e os lucros de mais justiça social e fé em nós mesmos; fé no homem comum.

Mas valia o império dos justos e dos honestos, unidos numa utópica cooperativa, do que os oligopólios e feudos dos canalhas.

Mais valia.

SOBRE O AUTOR

*Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média