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12
DE FEVEREIRO DE 2015
UM CONGRESSO
ENTERRADO NA LAVA
JATO NÃO TEM MORAL
PARA DERRUBAR DILMA
Um passarinho do Planalto Central bateu para este blogueiro que, na melhor das hipóteses, pelo menos TRÊS senadores da oposição estão envolvidos até o pescoço
nas delações premiadas.
Isso no Senado. Agora imagine na Câmara
Não é por bondade ou espírito democrático que peões da
mídia antipetista vêm se opondo aos delírios golpistas de tucanos de pijama
e/ou daquela turma que quer a volta
do regime militar.
Apesar do risco que o inconformismo da oposição em ficar
mais quatro anos fora do poder gera à nossa ainda estreante democracia,
analistas políticos sabem o que vem por aí.
E o que vem por aí não
é pouco. Um passarinho do Planalto Central bateu para este blogueiro que, na
melhor das hipóteses, pelo menos TRÊS senadores da oposição estão envolvidos
até o pescoço nas delações premiadas.
Isso no Senado. Agora imagine na Câmara, leitor, onde a
tonitruante operação da PF fará o maior estrago.
Seria até engraçado
que dezenas e dezenas de parlamentares indiciados por corrupção se dessem ao
desfrute de discutir a deposição de uma presidente da República reeleita por 54
milhões de brasileiros – e contra a qual não pesa um mísero indício – enquanto
estiverem respondendo a inquérito judicial amparado não em injunções políticas,
mas em provas concretas.
O Congresso, antes de
querer derrubar alguém de outro Poder, terá que discutir cassações de seus
próprios membros.
Nas semanas que se
avizinham, portanto, a Justiça irá divulgar os nomes de dezenas e dezenas de
parlamentares cujas digitais foram encontradas pelas investigações da Operação
Lava Jato.
E a oposição sabe muito bem que não passará incólume.
Aliás, outro dado importante é o de que as investigações da Lava
Jato já estão chegando a Estados e Municípios.
Em breve, o Brasil descobrirá que governadores e prefeitos,
ao contrário da presidente da República, deixaram digitais nos cofres das
empreiteiras bandidas.
Quanto ao desabamento
da popularidade de Dilma, é conjuntural. Decorre de um mês de janeiro no qual
ela se expôs com (inevitáveis) medidas de austeridade e nomeações de ministros
indicados pelos partidos conservadores da base aliada.
Mas uma outra pesquisa do mesmo Datafolha mostra que há um
caminho para Dilma se recuperar.
Em setembro do ano
passado, o instituto de pesquisas da Folha de São Paulo pesquisou a ideologia
dos brasileiros e descobriu um dado surpreendente: o brasileiro é mais de
direita em temas comportamentais como aborto, idade de responsabilização penal
etc., mas é mais de esquerda em questões econômicas.
Abaixo, trechos daquela pesquisa.
"(...) Em meio ao
debate eleitoral, a parcela de eleitores brasileiros afinados com temas
defendidos pela direita (45%) supera atualmente à de eleitores mais afinados
com as ideias ligadas à esquerda (35%).
Esse resultado mostra uma mudança na opinião dos brasileiros
em relação a temas relacionados a comportamentos, valores e economia, que
resultam nessa segmentação
(...)
Ao tratar somente de
temas comportamentais e ligados a valores, os segmentos da população com mais
afinidades com a direita (55%, sendo 15% de direita, e 40%, de centro-direita)
superam os mais ligados à esquerda (25%, sendo 3% afinados com a esquerda, e
21%, com a centro-esquerda).
O centro puro, neste caso, abrange 21% do eleitorado. Em
novembro de 2013, 49% estavam posicionados à direita (12% à direita, e 37%, à
centro-direita), 29% nos segmentos à esquerda (4% na esquerda, e 25% na
centro-esquerda), e 22% no centro.
Quando se consideram
apenas aspectos econômicos, 30% mostram mais afinidades com temas ligados à
direita (20% na centro-direita, e 10% na direita), e 43%, com temais ligados à
esquerda (18% na esquerda, e 25%, na centro-esquerda).
A fatia dos que se situam no centro abrange 27%. Em
novembro de 2013, a parcela situada à esquerda era de 46% (21% à esquerda, e
25% na centro-esquerda), enquanto 26% estão mais afinados economicamente com a
direita (8% com a direita, e 18% com a centro-direita). A fatia dos que se
situam no centro para temas econômicos ficou estável, em 27% (...)"
Como se vê, de 2013
para cá o brasileiro foi mais para a direita. Em termos políticos, muito mais.
Em termos econômicos, porém, bem menos.
Em resumo: somos caretas
no comportamento, mas queremos proteção do Estado.
Daí o resultado do Datafolha de sábado passado, que
expressou preocupação da sociedade com a possibilidade de Dilma adotar o
programa econômico da oposição, já que a própria esquerda a acusou disso.
Esse dado sobre a
incoerência ideológica do brasileiro e sobre seu "endireitamento",
aliás, exige uma reflexão não só de Dilma, não só do PT, mas da esquerda brasileira
em geral, inclusive da oposição de esquerda.
O discurso esquerdista está seduzindo cada vez menos este
povo. Atribuir isso só a Dilma ou ao PT é suicídio político.
Entretanto, é através
da economia que o governo Dilma poderá recuperar a popularidade. O que manteve
o PT no poder por mais de uma década tem sido a maior presença do Estado na economia
e na vida dos cidadãos.
É o que o povo quer, em grande parte.
Dilma, portanto, precisa mostrar que seu governo não mudará
de rota.
Como se vê, a oposição
pode até estar vencendo o jogo neste momento, mas esse jogo não terminou.
Vai durar mais quatro anos.
Dá para virar e, se bobear, dá até para vencer de goleada.