segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

SÓ OS MOVIMENTOS POPULARES DE RUAS CONSEGUIRÁ QUEBRAR ESTA NOCIVIDADE MAFIOSA DO CONGRESSO NACIONAL DO BRASIL...

FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
 em ARAXÁ / MG.
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2 DE FEVEREIRO DE 2015 ÀS 10:02

PML: VITÓRIA DE CUNHA
ABRE ERA REGRESSIVA
NA CÂMARA
 
Deputado do PMDB, eleito presidente da Casa com "vitória arrasadora" nesse domingo, "é adversário da democratização da mídia, da proibição de financiamento de campanha por empresas privadas e outras medidas progressistas", ressalta Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília; enquanto no Senado a vitória de Renan Calheiros com margem folgada "mostra que a Casa continua um local de refúgio para o Planalto proteger seus interesses", a votação na Câmara, onde o petista Arlindo Chinaglia foi incapaz de chegar ao segundo turno, aponta para um governo "de mãos atadas"; PML diz ainda que, "do ponto de vista do cidadão, a vitória de Cunha tira espaço para mudanças essenciais para o país"

247 – Ao vencer em primeiro turno a presidência da Câmara por 267 votos a 136 do petista Arlindo Chinaglia, o deputado Eduardo Cunha, do PMDB, "deu um golpe duro na agenda de medidas progressistas que o País debateu nos últimos anos", avalia Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília. O peemedebista "é adversário da democratização da mídia, da proibição de financiamento de campanha por empresas privadas e outras medidas progressistas", destaca o jornalista.
A "vitória arrasadora", diz ainda PML, "mostra o vigor do espírito anti-governo no Congresso". O colunista pontua que, enquanto no Senado a vitória de Renan Calheiros (PMDB-AL) com margem folgada ante o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) "mostra que a Casa continua um local de refúgio para o Planalto proteger seus interesses", a votação na Câmara aponta para um governo "de mãos atadas".
Na opinião do colunista, "do ponto de vista do cidadão, a vitória de Cunha tira espaço para mudanças essenciais para o país" e "pode colocar a Câmara numa trilha conservadora com poucos antecedentes em sua história". Segundo ele, "para o governo Dilma Rousseff, a vitória de Eduardo Cunha não poderia ocorrer num momento pior" – que antecede as denúncias contra políticos envolvidos na Lava Jato.
"O tempo irá dizer como um Congresso com este perfil, à direita, irá conviver com um país que tem dado sinais à esquerda, como se viu na reta final eleição presidencial. Não custa observar que as urnas de 2015 repetiram o mesmo comportamento de três eleições presidenciais anteriores", constata Paulo Moreira Leite.
Leia a íntegra do artigo:

Com vitória arrasadora na Câmara,
candidato do PMDB é adversário da democratização da mídia,
da proibição de financiamento de campanha 
por empresas privadas e outras medidas progressistas

Para entender o alcance da votação de hoje na Câmara de Deputados, convém compreender as propostas do candidato vitorioso, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Ao derrotar Arlindo Chinaglia por 267 votos a 136, Eduardo Cunha cravou a vitória em primeiro turno e deu um golpe duro na agenda de medidas progressistas que o país debateu nos últimos anos.
Cunha teve uma vitória arrasadora. Com cinco votos a mais, teria obtido o dobro do apoio obtido pelo petista Chinaglia.
Se o comando da campanha do PT chegou a imaginar uma eleição emparelhada, o resultado mostra uma situação muito mais adversa e difícil. A incapacidade de chegar a um segundo turno mostra o vigor do espírito anti-governo no Congresso.
A reeleição de Renan Calheiros, por uma margem igualmente folgada (49 a 31) sobre Luiz Henrique (PMDB-SC), na disputa pela presidência do Senado, não pode ser desprezada. Mostra que a Casa continua um local de refúgio para o Planalto proteger seus interesses. A votação na Câmara, porém, aponta para um governo de mãos atadas.
Do ponto de vista do cidadão, a vitória de Cunha tira espaço para mudanças essenciais para o país. O novo presidente é adversário absoluto do ponto principal da reforma política, que consiste em proibir financiamento de campanhas eleitorais por parte de empresas privadas. A democratização dos meios de comunicação, que já era um assunto difícil, tornou-se um debate ainda mais complicado, quem sabe inviável. Cunha também é contra qualquer mudança nessa área.
Ao fazer menção a Deus e à Sua Vontade durante o discurso em que apresentou sua candidatura, o novo presidente confirmou que irá cultivar a simpatia de correntes evangélicas, que se tornaram a ponta de lança do conservadorismo — no plano do comportamento — no Congresso, a começar pela proteção aos direitos dos homossexuais e a legalização do aborto.
Cunha já assumiu, publicamente, o compromisso de aprovar projeto que dá caráter mandatário às emendas parlamentares — a mais conhecida janela para deputados terem acesso a verbas do Orçamento e irrigar suas bases eleitorais com recursos públicos, de controle difícil e mesmo impossível.
Se foi uma vitória incontestável pelos votos obtidos, a vitória de Eduardo Cunha pode colocar a Câmara numa trilha conservadora com poucos antecedentes em sua história. Mesmo no regime militar, quando a imprensa estava sob censura e os generais não hesitavam em cassar mandatos de parlamentares mais combativos, a Câmara demonstrou uma postura progressista.
Votou contra a cassação do deputado Marcio Moreira Alves. Em 1984 deu maioria de votos para a emenda das Diretas-Já, que só não foram aprovadas porque era preciso atingir o quorum de dois terços. Mas em 1988 fez uma Constituição com vários pontos progressistas, que instituiu o mais prolongado regime de liberdades públicas de nossa história.
Em 2005, quando Severino Cavalcanti derrotou o petista Luiz Eduardo Greenhalgh e tornou-se presidente da Câmara, os deputados deixaram claro que queriam atingir o governo — mas não estavam organizados em torno de uma plataforma conservadora, como a de Eduardo Cunha.
No meio da tarde, quando estava claro que Arlindo Chinaglia dificilmente chegaria a votação imaginada nos dias anteriores, um parlamentar fazia uma confissão numa rodinha de colegas: “Eu não gostei de nada daquilo que a Marta Suplicy disse ao romper com o governo. Mas sou obrigado a concordar com uma coisa que ela disse: ou o PT muda ou acaba.”
Para o governo Dilma Rousseff, a vitória de Eduardo Cunha não poderia ocorrer num momento pior. Aguarda-se para os próximos dias a divulgação, por parte do Procurador Geral da República, da relação de dezenas de políticos e autoridades com direito a foro privilegiado que são acusadas na Operação Lava Jato. Conforme o volume de acusados, e por sua qualificação na estrutura do governo, pode-se imaginar o tamanho do estrago a ser produzido quando isso acontecer — e seu reflexo numa Câmara que ontem mesmo já discutia a reabertura das CPIs da Petrobrás.
O tempo irá dizer como um Congresso com este perfil, à direita, irá conviver com um país que tem dado sinais à esquerda, como se viu na reta final eleição presidencial. Não custa observar que as urnas de 2015 repetiram, o mesmo comportamento de três eleições presidenciais anteriores.
As chances de choque político e paralisia do Estado são grandes, como se vê nas sucessivas tensões entre o democrata Barack Obama e o Congresso dos EUA, republicano num padrão radical, onde se assiste a um conflito semelhante. A diferença reside na postura do Judiciário.
Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, no Brasil a Justiça tem assumido uma postura de oposição ao governo Lula-Dilma desde o processo da Ação Penal 470. Em artigo publicado neste domingo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu apoiar a Operação Lava Jato como um caminho não apenas para apurar e punir responsabilidades entre empresas e políticos acusados de corrupção, o que sempre irá merecer aplauso, mas também para modificar o sistema político, atribuição que pertence ao Congresso.
FHC escreveu: “ou há uma regeneração ‘por dentro’, governo e partidos reagem e alteram o que deve ser alterado, ou a mudança virá “de fora”. O ex-presidente acrescentou: “no passado, seriam golpes militares. Não é o caso, não é desejável nem se veem sinais.” O presidente conclui: “Resta, portanto, a Justiça.”
Neste ambiente, o Planalto conseguiu uma vitória importante ao garantir a vitória de Renan Calheiros no Senado. A maioria no Senado pode auxiliar o governo a derrubar projetos de lei aprovados pela Câmara de Deputados, ainda que o preço seja, sempre, algum desgaste. O senado tem a última palavra em diversos matérias financeiras.
Renan Calheiros mostrou sua fidelidade ao Planalto quando impediu a realização de uma sessão no qual a oposição pretendia debater a mudança no superávit primário, assunto que poderia colocar, inclusive, forçando um debate sobre impeachment da presidente. Os membros do senado ainda tem o poder de aprovar — ou reprovar — as indicações de Dilma ao Supremo Tribunal. Já existe uma vaga a ser preenchida, deixada pela aposentadoria de Joaquim Barbosa.
No final do ano, abre-se outra, de Celso de Mello, que completará 70 anos. São posições de grande importância, quando se avalia os próximos passos da Lava Jato. A decisão de aprovar um processo de julgamento do presidente da Republica necessita do voto de dois terços dois deputados, ou 342 cabeças.
Caso o processo seja aprovado, o julgamento ocorre no Senado.