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23/07/2015
'A Globo é o principal agente
da imbecilização da
sociedade'
A Rede Globo é o aparelho ideológico mais eficiente que as classes dominantes
já construíram no Brasil
desde o início do século XX.
Igor
Fuser, - Diário Liberdade
(via
Revista Fórum)
Créditos da foto: reprodução
A Globo esteve
ao lado de todos os governos de direita, desde o regime militar – no qual se
transformou no gigante que é hoje – até Fernando Henrique Cardoso.
Serviu
caninamente à ditadura, demonizando as forças de esquerda e endossando o
discurso ufanista do tipo “Brasil Ame-o ou Deixe-o” e as versões sabidamente
falsas sobre a morte de combatentes da resistência assassinados na tortura e
apresentados como caídos em tiroteios.
Mais tarde,
após o fim da ditadura, alinhou-se no apoio à implantação do neoliberalismo,
apresentado como a única forma possível de organizar a economia e a sociedade.
No plano cultural, é impossível medir o imenso prejuízo causado pela
Rede Globo, que opera como o principal agente da imbecilização da sociedade
brasileira. Começando pelas novelas, seguindo pelos reality shows, pelos
programas de auditório, o papel da Globo é sempre o de anestesiar as
consciências, bloquear qualquer tipo de reflexão crítica.
A Globo impôs um português brasileiro “standard”, que anula o que as
culturas regionais têm de mais importante – o sotaque local, a maneira
específica de falar de cada região. Pratica ativamente o racismo, ao destinar
aos personagens da raça negra papéis secundários e subalternos nas novelas em
que os heróis e heroínas são sempre brancos. Os personagens brancos são os
únicos que têm personalidade própria, psicologia complexa, os únicos capazes de
despertar empatia dos telespectadores, enquanto os negros se limitam a funções
de apoio. Aliás, são os únicos que aparecem em cena trabalhando, em qualquer
novela, os únicos que se dedicam a labores manuais.
A postura racista da Globo não poupa nem sequer as crianças, induzidas,
há várias gerações, a valorizar a pele branca e os cabelos loiros como o padrão
superior de beleza, a partir de programas como o da Xuxa.
O jornalismo da Globo contraria os padrões básicos da ética, ao negar o
direito ao contraditório. Só a versão ou ponto de vista do interesse da empresa
é que é veiculado. Ocorre nos programas jornalísticos da Globo a manipulação
constante dos fatos. As greves, por exemplo, são apresentadas sempre do ponto
de vista dos patrões, ou seja, como transtorno ou bagunça, sem que os trabalhadores
tenham direito à voz.
Os movimentos
sociais são caluniados e a violência policial raramente aparece.
Ao contrário,
procura-se sempre disseminar na sociedade um clima de medo, com uma abordagem
exagerada e sensacionalista das questões de segurança pública, a fim de
favorecer as falsas soluções de caráter violento e os atores políticos que as
defendem.
No plano da política, a Rede Globo tem adotado perante os governos
petistas uma conduta de sabotagem permanente, omitindo todos os fatos que
possam apresentar uma visão positiva da administração federal, ao mesmo tempo
em que as notícias de corrupção são apresentadas, muitas vezes sem a
sustentação em provas e evidências, de forma escandalosa, em uma postura de
constante denuncismo.
A Globo pratica o monopólio dos meios de comunicação, ao controlar
simultaneamente as principais emissoras de TV e rádio em todos os Estados
brasileiros juntamente com uma rede de jornais, revistas, emissoras de TV a
cabo e portais na internet.
Uma
verdadeira democratização das comunicações no Brasil passa, necessariamente,
pela adoção de medidas contra a Rede Globo, para que o monopólio seja
desmontado e que a sua programação tenha de se submeter a critérios pautados
pela ética jornalística, pelo respeito aos direitos humanos e pelo interesse
público.
*Igor Fuser é jornalista e professor de Relações
Internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC)