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20 DE OUTUBRO DE
2015
'MORALISTAS SEM MORAL'
CONTAMINAM O GOLPE
Novo pedido de impeachment que será apresentado nesta
terça-feira 20 pela oposição, ancorado nas chamadas 'pedaladas fiscais', que
teriam continuado a ocorrer em 2015, já chega marcado pelo descrédito;
primeiro, porque as contas de 2015 nem foram julgadas; segundo, porque o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é acusado pela
procuradoria-geral da República de ter escondido um patrimônio de R$ 61 milhões
nos últimos anos em suas contas internacionais – e por isso mesmo ele decidiu
recorrer ao Supremo Tribunal Federal para restabelecer o rito anterior do
impeachment, que tira do golpe a sua assinatura; se isso não bastasse, a
Justiça Federal pediu para investigar Augusto Nardes, o relator das pedaladas
no TCU; é por essas e outras que Paulinho da Força (também investigado no STF)
admitiu não ser fácil derrubar a presidente Dilma Rousseff
247 - A oposição tenta hoje
aquela que pode ser sua última cartada golpista – ao menos, no ano de 2015.
Nesta terça-feira, a oposição deve entregar ao presidente da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um novo pedido de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff, assinado por Miguel Reale Júnior, ex-ministro da
Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, e Hélio Bicudo, ex-petista.
A tese é de que a presidente Dilma continuou a cometer as
chamadas ‘pedaladas fiscais’ no ano de 2015. Com isso, Cunha ficaria livre para
aceitar a denúncia, uma vez que sempre disse que presidentes não podem ser
condenados por atos ocorridos em mandatos anteriores.
No entanto, o novo pedido esbarra em várias dificuldades. A
primeira delas, óbvia, é o fato de as contas de 2015 nem sequer terem sido
julgadas – até porque o ano nem terminou.
O maior obstáculo, no entanto, é a ficha corrida dos personagens
que lideram o golpe. Cunha foi novamente denunciado ao Supremo Tribunal Federal
na semana passada e é acusado pela Procuradoria-Geral da República de ter
escondido um patrimônio de R$ 61 milhões por meio de suas contas secretas na
Suíça.
Por isso mesmo, ele decidiu recorrer ao STF para restabelecer o
rito do golpe, que foi suspenso pelas liminares dos ministros Teori Zavascki e
Rosa Weber. De acordo com o plano original, Cunha rejeitaria o pedido e a
oposição recorreria em plenário.
Assim, o atentado contra
a democracia brasileira, feito “em nome da ética”, não teria a assinatura de
personagem notoriamente corrupto – o que seria esdrúxulo em qualquer lugar do
mundo.
Se isso não bastasse, ontem a Justiça Federal acolheu pedido do
Ministério Público e pediu autorização para investigar o ministro Augusto
Nardes, suspeito de receber mais de R$ 1 milhão para ajudar a RBS, afiliada da
Rede Globo no Rio Grande do Sul, a abater dívidas fiscais. Nardes, para quem
não se lembra, foi o relator das ‘pedaladas’ de 2014.
É por essas e outras que tem sido tão difícil, para a oposição
brasileira, emplacar seu golpe paraguaio, como foi reconhecido por um dos
artífices do impeachment, o deputado Paulo Pereira da Silva, presidente do
Solidariedade e ele próprio outro investigado no STF.
“Estávamos fazendo o
impeachment pela imprensa”, disse Paulinho.
Na realidade, o golpe foi contaminado pelos “moralistas sem moral”, expressão cunhada pela
presidente Dilma num discurso realizado na Central Única dos Trabalhadores.
Os golpistas atuais, todos enredados em
escândalos, não têm autoridade moral para conduzir um eventual processo de
impeachment.
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