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19
de novembro de 2015
·
Por Redação Paladar
Mais de 13
mil queijos da Canastra
são
confiscados pela Polícia Federal
Por Jamylle Mol
Especial para o Estado
Especial para o Estado
Um caminhão com 13 mil queijos
da Serra da Canastra foi confiscado pela Polícia Federal no último dia 12. Os
queijos foram produzidos por cerca de 250 famílias da cidade de São Roque de
Minas (MG).
A ação intensificou a polêmica
entre os queijeiros da região mineira e o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) sobre as dificuldades impostas aos pequenos produtores
artesanais na fiscalização de produtos de origem animal, como o queijo.
A ONG SerTãoBRás, que defende os produtores de queijo de leite cru no Brasil, divulgou
uma foto em sua página no Facebook mostrando a apreensão: “Mais
um ataque aos direitos humanos e aos nossos direitos de comermos o que
quisermos”, diz a mensagem.
“Foi uma ação da Polícia Federal
em cumplicidade com o MAPA e o IMA, que nem exames fizeram para averiguar a
sanidade dos queijos. Até quando vamos ficar calados e imobilizados diante
dessas injustiças?”
“Enterrados vivos 13.000 queijos de leite cru da Serra da
Canastra produzidos por 250 famílias, simplesmente por não terem nota fiscal”,
diz o post da ONG SerTãoBRás. FOTO: Reprodução
Segundo a diretora da Organização, Débora de Carvalho Pereira, os
funcionários do MAPA e a Polícia Federal recolheram os queijos por falta de
certificação de origem dos alimentos, o que, na prática, mostra a falta de
cadastro dos produtores e a ausência de notas fiscais na venda dos produtos. De
acordo com Pereira, o prejuízo foi de aproximadamente R$ 120 mil.
A economia da cidade de São Roque de Minas, que tem cerca de sete
mil habitantes, gira em torno da produção de queijos de leite cru. De acordo
com a SerTãoBrás, são produzidos entre cinco e sete mil quilos de queijo
semanalmente pelos produtores da região.
No entanto, de acordo com Pereira, muitos queijeiros têm deixado a
atividade pelo receio de apreensões fiscais. “Ações como essa acontecem
frequentemente e isso gera um clima de medo na cidade. Muitos já estão curtidos
nesse medo”, diz.
Para que um produtor possa se cadastrar, é preciso cumprir uma série
de requisitos normativos, como o uso de água clorada e leite fermentado, além
de questões técnicas como a criação de vestuários nas queijeiras e o
azulejamento de todo o local de produção.
As exigências vão de encontro ao modo tradicional de fazer queijo
da região, com leite cru.
Para Débora Pereira, as mais de 900 exigências do MAPA para o
cadastro são um empecilho para o produtor artesanal.
“Para adaptar o processo de fabricação, seriam necessários mais de
30 mil reais de investimento”, explica.
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