FCO.LAMBERTO FONTES
Trabalha em JORNALISMO INTERATIVO
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do
ano 2016
Não vai bem um país onde as
Pessoas do Ano são juízes e policiais que
corrigem nossos erros do passado, no
lugar de pessoas
que constroem nossa grandeza futura,
políticos, empresários,
intelectuais.
Por toda nossa história, os sucessivos governos brasileiros
mantiveram relações promíscuas enriquecendo empresários, políticos e partidos,
mas foi em 2015 que descobrimos que o Brasil foi tomado pela corrupção medida
em bilhões.
Descobrimos que o partido que
se elegeu prometendo acabar com as relações promíscuas levou-as ao nível
máximo, confundindo Estado, Governo e Partido como se fossem uma única entidade
com o propósito de manter-se no poder a qualquer custo moral, financiando
campanhas e enriquecendo líderes.
Mas não descobrimos ainda que
além desta “corrupção no comportamento dos políticos” há uma “corrupção nas prioridades
da política” quando mesmo sem roubo de dinheiro para bolsos privados, há desvio
de dinheiro de obras do interesse da população e da nação para obras de
interesse de minorias privilegiadas no imediato. Um prédio estatal de luxo ao
lado de favelas sem água e esgoto é corrupção, mesmo que não haja
superfaturamento, nem propina.
Em 2015 descobrimos a vergonha de não sermos capazes de vencer
simples mosquito que está infectando nossas mulheres com um vírus que faz
nossos bebês nascerem com cérebros comprometidos por toda a vida futura.
Mas não descobrimos ainda que
em quase 130 anos de República, a maior parte de nossas crianças, mesmo sem
vírus zika, mesmo com cérebros normais não recebem tratamento educacional
necessário para o pleno desenvolvimento de seus cérebros ao longo da vida.
Ainda não descobrimos que os aedes
aegyptis estão impedindo o desenvolvimento biológico, mas nós,
por nossa corrupção nas prioridades estamos impedindo o desenvolvimento
intelectual de nossos jovens: somos nosso próprio aedes aegypti.
Descobrimos a crise econômica que vinha sendo anunciada por muitos
analistas desde quando a economia “estava bem, mas não ia bem”, porque os
sintomas da crise estavam visíveis para os observadores atentos.
Agora, temos recordes negativos
de desemprego, desvalorização cambial, recessão, déficits nas contas públicas,
mas não descobrimos que nossa crise já dá sinais de uma decadência estrutural
por falta de inovação, poupança, investimento, eficiência, educação, ciência e
tecnologia, competitividade por efeitos do corporativismo e da burocracia.
Este foi um ano de descobertas graças a
procuradores, policiais e juízes corrigindo nossos erros do passado; por isso,
os Moros, os Janots e os policiais da PF sãos os brasileiros do ano 2015.
Esperemos que 2016 possa ser um ano de início
de construção, e os brasileiros do ano sejam cientistas, empresários,
políticos, artistas, atletas, filósofos fazendo o certo e o novo.
Para isso, é preciso que, daqui
para frente, os brasileiros de cada ano sejam os eleitores que escolhem os
construtores do futuro.