FCO.LAMBERTO FONTES
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Publicado em 30/11/2014
História:
Ceará manteve
"currais"
para esconder flagelados da seca
3 DE JANEIRO DE 2016
FHC REAFIRMA QUE GOLPE CONTINUA VIVO EM 2016
Em seu primeiro artigo do ano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal ideólogo das oposições, reafirmou que o golpismo continuará ativo e operante nos próximos meses; "Comecemos 2016 com ânimo, imaginando que pelo melhor meio disponível (renúncia, retomada da liderança presidencial em novas bases ou, sendo inevitável, impeachment ou nulidade das eleições) encontraremos os caminhos da convergência nacional", afirmou; ele disse ainda que a supremacia petista chegou ao fim;
"Sem o charme do populismo mais vigoroso e com o Tesouro vazio,
como manter a 'hegemonia' do PT? Impossível";
FHC, portanto, fala em convergência, mas não quer diálogo – ele busca a guerra
247 – Principal articulador da oposição, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso demonstra, em seu primeiro artigo de 2016, que não está disposto a nenhum tipo de diálogo com a presidente Dilma Rousseff.
Ele busca a guerra, sinaliza que o golpismo continuará ativo em 2016 e volta a elencar seu cardápio de opções: renúncia, impeachment, anulação das eleições ou liderança presidencial em novas bases – FHC não explicita o que seria esta alternativa, mas já defendeu que Dilma assumisse o receituário tucano e rompesse com o PT. Ele também afirmou que a hegemonia petista na política nacional chegou ao fim.
Leia, abaixo, seu artigo:
Sinais de preocupação e esperança
Fernando Henrique Cardoso
Em 2015 houve muitos sinais de desalento. Assistimos à implosão do
Oriente Médio, com a expansão do Estado Islâmico na esteira da guerra civil na
Síria e no Iraque. Processo que se refletiu também na África, onde a Líbia se
afunda no desgoverno e grupos radicais islâmicos fazem do terrorismo uma ameaça
cada vez mais disseminada. Na Europa, assustada com as ondas migratórias,
crescem os partidos xenófobos de ultradireita. Nos Estados Unidos, a voz
trombeteira de Donald Trump põe em risco os ideais dos pais fundadores do país,
criado para ser a terra da liberdade religiosa e da aceitação da diversidade.
Não obstante, nem tudo foi desânimo. A Conferência do Clima, em
Paris, deu sinais de que os governos e as empresas despertaram e perceberam que
o aquecimento global é um fato. Pode-se criticar o acordo num ou noutro ponto,
mas ele dá passos concretos para a construção de uma economia de baixo carbono.
A César o que é de César: o governo brasileiro, com a ministra Isabella
Teixeira à frente, acordou e começa a acertar os passos em matéria climática.
Tampouco dá para desconhecer que o acordo com o Irã representou um
avanço importante para conter a nuclearização. O Ocidente, que há tempo dialoga
com a China, deverá prosseguir as negociações diplomáticas com os países
muçulmanos. Terá de reconhecer os interesses do Irã no Oriente Médio e a
presença da Rússia na região, levando-a ao diálogo diplomático e até mesmo ao
esforço militar comum.
Também os ventos antipopulistas começam a soprar na América
Latina. A derrota dos candidatos peronistas na Argentina e, sobretudo, a
espetacular maioria obtida pela oposição democrática na Venezuela enchem de
ânimo os que não confundem populismo com progressismo.
Uruguai e Chile são governados por partidos “de esquerda”, mas não
populistas, e a nenhum democrata ocorre torcer por sua derrota só por essa
inclinação política. Outra coisa é o autoritarismo pseudonacionalista, que
distribui uma renda que não se sustenta no tempo e atropela regras
democráticas, quando não viola direitos humanos, para se perpetuar no poder,
como no caso do “bolivarianismo”, que, como uma lâmina, estava e ainda está
cravado no arcabouço institucional da região. Esse populismo começa a se
desfazer. São sinais promissores.
A confusão entre populismo e políticas “de esquerda” baseia-se num
equívoco: o de que medidas que propiciam melhoria imediata das condições de
vida são progressistas, mesmo que não se possam manter no tempo. Em
contrapartida, seriam de “direita” providências que impedem gastar mais do que
se pode, à custa de endividamentos e da insolvência. Na verdade, o respeito ao
equilíbrio orçamentário, o controle da inflação e a não manipulação do câmbio
(sem austeridades eternas, nem monetarismos fora de moda) são condições
indispensáveis para o crescimento econômico e para a inclusão social. Não são
suficientes, mas são indispensáveis para que as políticas sociais se mantenham.
Ao ignorá-las, muitos projetos ditos “em benefício do povo” terminam em ruínas.
Meus votos para 2016 são para que esta brisa benfazeja chegue ao
Brasil.
E assim como desejo que a onda repressiva e antimigratória que
alcança a Europa e o populismo de direita que assola os Estados Unidos
encontrem limites, espero que os populismos disfarçados de progressistas
regridam em nossa região.
É difícil de dizer que o populismo é o traje institucional
brasileiro. Há líderes que de vez em quando se mascaram com tal vestuário,
porém ora têm vinculações à esquerda, ora à direita, ora ao centro ou onde mais
haja pontos num hipotético espaço ideológico.
A figura que na política brasileira recente mais se aproximou do
modelo carismático, Lula, não chegou a institucionalizar o populismo.
Prevaleceu no Brasil um misto entre “progressismo”, atraso, corrupção,
nacionalismo, redistributivismo, etc., com laços empresariais, nem sempre
sadios.
Nada comparável à ideologia populista do peronismo ou do
bolivarianismo, que tinham fortes traços antiamericanos ou anticapitalistas.
Vingou entre nós um híbrido de oportunismo tradicional, clientelismo, corrupção
e incompetência, sem fórmulas ideológicas consistentes.
Também isso está a se desfazer. Os desastres econômicos levaram
essas políticas petistas à impossibilidade prática.
Elas não se limitaram, o que seria defensável, a beneficiar os
mais pobres, mas distribuíram vantagens pecuniárias, via Orçamento ou à margem
dele, a quem menos precisava.
Resultado: as finanças públicas estão em estado falimentar.
Sem o charme do populismo mais vigoroso e com o Tesouro vazio,
como manter a “hegemonia” do PT? Impossível.
Assistimos nos últimos meses de 2015 ao esfacelamento da “base
aliada” e à queda vertiginosa do apoio popular ao governo. O desencontro entre
Ministério da Fazenda, governo e Congresso acelerou o desmoronamento político.
Roubaram tanto para sustentar os partidos no poder que suscitaram
uma reação salutar e inédita. Algumas instituições do Estado se revigoraram.
Vemos a Justiça, as Procuradorias e mesmo a Polícia Federal tentando extirpar
os que fizeram “malefícios”.
Como as regras da democracia prevalecem, não impera o medo e a
mídia atua com propriedade informando o que ocorre nos gabinetes.
Há sinais de esperança. Comecemos 2016 com ânimo, imaginando que
pelo melhor meio disponível (renúncia, retomada da liderança presidencial em
novas bases ou, sendo inevitável, impeachment ou nulidade das eleições)
encontraremos os caminhos da convergência nacional, respeitando a diversidade
de opiniões, propiciando uma vida mais decente para todos, com a retomada do crescimento,
a volta do emprego e a reconstrução da política republicana. São os meus votos.
DUVIVIER:
'A GENTE NUNCA FOI TÃO POUCO CORRUPTO'
Para o comediante e escritor Gregório Duvivier, o Brasil nunca combateu a corrupção tão fortemente como na atualidade; "A gente nunca foi tão pouco corrupto, com pessoas sendo presas e responsabilizadas por crimes pelos quais nunca foram responsabilizadas na história do Brasil", afirma; para ele, a quantidade de informação disponível atualmente faz parecer que a corrupção nunca existiu em escala semelhante; "Mas, felizmente, nunca se matou e roubou tão pouco quanto hoje"; Duviver criticou a posição de boa parte da elite brasileira que critica a corrupção no governo, "mas não declara à alfândega o iPhone trazido do exterior"; "As pessoas pedem o fim da impunidade para os outros. O nosso crime é fofo, é passível de compaixão; o dos outros, não. Claro que o PSDB também roubava, mas não roubava por mal. Eram fofos, roubavam sem querer, eram obrigados a roubar", afirma