FCO.LAMBERTO FONTES
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O céu era "de brigadeiro".
Mas para a maior parte da mídia passou em brancas nuvens a apresentação do novo cargueiro militar KC-390 da EMBRAER à Presidente da República, ao Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, e ao Ministro da Aeronáutica, Nivaldo Luiz Rossato, após viagem de Gavião Peixoto à Capital Federal, nesta semana, na Base Aérea de Brasília.
Mas para a maior parte da mídia passou em brancas nuvens a apresentação do novo cargueiro militar KC-390 da EMBRAER à Presidente da República, ao Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, e ao Ministro da Aeronáutica, Nivaldo Luiz Rossato, após viagem de Gavião Peixoto à Capital Federal, nesta semana, na Base Aérea de Brasília.
E, no entanto,
tratava-se apenas da maior aeronave já construída no Brasil, com capacidade de
transporte de blindados, de brigadas de paraquedistas, de operar como
avião-tanque para reabastecimento aéreo de caças, ou como unidade de
salvamento, em um projeto que custou 7 bilhões de reais, em grande parte
financiado pelo Governo Federal, que teve também participação minoritária de
outros países, como Portugal, Argentina e a República Tcheca, destinada a
substituir, no mercado internacional, nada menos que o Hércules C-130
norte-americano.
A mesma indiferença, para não dizer,
desprezo, ou deliberada desinformação, ocorreu com o início do processo de geração
da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, a terceira maior do mundo, com
capacidade de 11.000 megawatts, na semana passada.
Ou com a hidrelétrica de
Santo Antônio, situada no Rio Madeira, em Rondônia, a quarta maior do país, que
colocou em operação sua 39ª turbina geradora há alguns dias.
Como sempre se dá com os grandes projetos
erguidos nos últimos 13 anos neste país – e põe obra nisso – escolheu-se dar
atenção, prioridade e divulgação preferencial a aspectos negativos, discutíveis
e polêmicos como eventuais "estouros" de orçamento, atrasos ou
suspeita de corrupção, do que às próprias obras.
Projetos que, depois de prontos, passarão
a pertencer, inexoravelmente, ao patrimônio nacional e ao domínio do concreto,
da realidade – e que, querendo ou não seus detratores – continuarão, agora e no
futuro, beneficiando o país com mais empregos, mais energia, melhora no nível
tecnológico de nossa indústria bélica e aeroespacial e da capacidade de defesa
da Nação.
Bom mesmo, para essa gente, deve ter sido o governo do Sr. Fernando
Henrique Cardoso, que, segundo o Banco Mundial, conseguiu encolher o PIB e a
renda per capita do Brasil em dólares nos oito anos em que permaneceu à frente
do Palácio do Planalto, aumentou a carga tributária em vários pontos percentuais
e duplicou a relação dívida líquida-PIB, além de deixar uma dívida de dezenas
de bilhões de dólares o FMI, sendo obrigado a racionar energia por falta de
investimentos na geração de eletricidade - além de deixar que desaparecessem
empresas como a ENGESA, sem forjar um simples parafuso para as forças armadas.
Naquele tempo não se discutia a suspeita de irregularidades na construção
de usinas, refinarias, plataformas de petróleo, gigantescos sistemas de
irrigação e saneamento, ferrovias, tanques, submarinos – até mesmo atômicos -
usinas nucleares, estádios, aviões, mísseis, porque não se fazia quase nada
disso em nosso país, e, quando havia encomendas, poucas, eram para o exterior,
e não para aqui dentro.
Aludia-se, sim – muito timidamente com
relação ao que se faz hoje – à possibilidade da existência de irregularidades
na compra da emenda da reeleição no Congresso; e na sabotagem, esquartejamento,
destruição, por exemplo, de grandes empresas nacionais, algumas delas
centenárias, a maioria estratégicas, para sua entrega, a preço de banana, para
estrangeiros, com financiamento farto, subsidiado, do BNDES.
Lembrando George Orwell
- em seu inesquecível e cada vez mais atual "1984" - o Ministério da
Verdade, ou Miniver, em "novilíngua" - formado pela parte mais seletiva,
parcial, ideologicamente engajada e entreguista da mídia brasileira - pode
fazer o que quiser – um diário chegou a trocar a foto de Dilma na cabine do
KC-390, por outra, menos "favorável", em pleno processo de impressão
da tiragem do dia seguinte ao fato - que não se conseguirá derrubar obras como
Belo Monte, Telles Pires, Santo Antônio, ou Jirau, ou o novo trecho da ferrovia
norte-sul, que já leva soja de Anápolis ao Porto de Itaqui, no Maranhão, ou
paralisar – com a desculpa de que vão dar ou deram prejuízo (prejuízo contábil,
virtual, não interessa, afinal, dinheiro se necessário, como fazem os EUA, se
fabrica), como se não bastassem o 1 trilhão e 500 bilhões de reais em reservas
internacionais que o Brasil possui – a construção da Transposição do São
Francisco ou a expansão da refinaria Abreu e Lima, que já está processando, em
sua primeira fase, cerca de 100.000 barris de petróleo por dia.
As obras e as armas
construídas, para o Brasil, como os fuzis de assalto IA-2, ou os radares SABER,
ou o Sistema Astros 2020 – até mesmo porque as Forças Armadas não vão permitir
que esses programas venham a ser destruídos e sucateados - vão ficar, por mais
que muitos queiram que elas desapareçam em pleno ar, em uma nuvem de fumaça ou
nunca venham a ser vistos em um livro de história.
Et latrare canes caravanis transit –
ouviu, certa vez um romano, em um ponto qualquer da rota da seda, entre as
dunas do deserto do Saara.
O
calendário da pátria não se mede com o ponteiro fugaz das vaidades humanas.
O que
importa para o Brasil é o que fica.
No futuro, o povo saberá datar essas
conquistas
- separando o joio do trigo –
no tempo e nas circunstâncias.