11 / 08 / 2021, DO SÉCULO 21
Jornalista, publicitário e
especialista em marketing e comunicação digital
Zema começa
campanha eleitoral
O governador de Minas Gerais começa sua campanha antes do período autorizado pelo TSE. Sem ter o que mostrar, pois fez péssimo governo, Zema lança um personagem para enganar o eleitor: o bilionário que finge ser pobre a gosto de 2021
Um relatório do
Ministério Público de MG traz apontamentos preocupantes:
a secretaria estaria
criando diversas exceções e tornando a lei muito “flexível”
(Foto: RENATO
COBUCCI-Imprensa MG)
Zema, o governador bilionário fez questão de filmar uma cena, na qual
lavava as louças de sua casa, que ele fez questão de dizer que era “alugada e
paga do seu bolso”. Pelo roteiro que leu ou interpretou, provavelmente redigido
por seus marqueteiros, Zema tenta transformar uma atitude tão comum e
corriqueira, para milhões de famílias, em algo extraordinário.
O cidadão comum não vê nada de excepcional em lavar as louças, portanto
se para Zema isso é incomum ao ponto de produzir uma propaganda para suas redes
sociais, é porque ele não faz isso no dia a dia. Ou seja, o herdeiro bilionário
de Araxá começou sua campanha com fake news.
O FALSO HOMEM SIMPLES
No começo da pandemia, dispensamos a ajudante aqui de casa, mantendo sua
remuneração integral. A partir do início deste ano, ela voltou, porém, apenas
três dias por semana. Eu, minha mulher e meu filho trabalhamos, cozinhamos,
arrumamos, colocamos a roupa na máquina e lavamos a louça. Nada de mais nisso,
pois é a vida de um adulto funcional, no século 21.
Milhões de famílias adotaram o mesmo procedimento em todo o mundo, sendo
que nos países mais civilizados era um comportamento padrão.
Porém, o governador bilionário Zema fez questão de filmar enquanto ele
lavava as louças da casa dele. Pelo roteiro que leu ou interpretou,
provavelmente redigido por seus marqueteiros, Zema tenta transformar essa coisa
tão comum e corriqueira de lavar louças em algo extraordinário.
Este contexto revela que para Zema lavar pratos é algo excepcional para
ele, ou fora do normal na sua vida de bilionário, herdeiro de um grupo que teve
apenas uma das suas empresas faturando mais de R$ 1 bilhão, em 2022.
De fato, deve ser realmente fora do normal ele cuidar de sua verdadeira
casa, uma mansão nababesca, em Araxá, que possui todo o tipo de mordomias, nos
seus mais de 6,5 mil metros quadrados. Será preciso ser muito ingênuo, para
acreditar que o bilionário herdeiro cuida desta imensa propriedade urbana
sozinho com a sua família.
ZEMA DESPREZA AS TRADIÇÕES
MINEIRAS
Zema começou a divulgar vídeos como este para iniciar sua campanha para
a reeleição ao Palácio da Liberdade – endereço que ele despreza, devido à sua
indigência cultural que o impede de conhecer a importância histórica e política
do local. Ele prefere usar como sede do governo mineiro a faraônica Cidade
Administrativa, obra eleitoreira e construída de maneira suspeita (há processos
de corrupção do MPF), pelo amigo de Zema, o também bolsonarista Aécio
Neves.
É bastante provável que o governador bilionário prefira a Cidade
Administrativa, porque o endereço está ao lado do Aeroporto de Confins, o que
facilita sua ida com frequência à Araxá. É um comportamento muito parecido com
o de Aécio Neves, que zarpava para o Rio de Janeiro, em todos os fins de semana
do seu mandato como governador, muitas vezes para estadias prolongadas.
A intenção de Zema, com os filmes em que finge se comportar como um ser
humano normal é já começar a preparação do personagem que ele pretende
interpretar na sua campanha eleitoral: o homem simples do povo, algo que do
alto dos seus incontáveis bilhões, ele não é.
BILIONÁRIO CRIA PERSONAGEM PARA
ENGANAR O ELEITOR
Se transformando em um personagem de uma narrativa, ou seja, em uma
ficção que não tem consistência na realidade, o herdeiro bilionário de Araxá
simplesmente mente, para enganar o eleitor. Sua atitude comprova que ele
utiliza os mesmos métodos do seu mentor, Bolsonaro, ao qual Zema se agarrou,
para se eleger.
Bolsonaro se elegeu com base em mentiras e levou muita gente com ele, sendo
o bilionário governador de Minas um deles.
Os filmes que Zema divulga agora, além de serem conteúdos de assustadora
hipocrisia, revelam que ele pretende continuar utilizando fake news como arma
política.
A estratégia de procurar enganar o cidadão decorre da inutilidade que
foi a gestão do milionário. Minas vive um bom momento das commodities agrárias
e minerais, além do aumento da demanda do aço das siderúrgicas mineiras. Mesmo
assim, a principal característica do governo mineiro – que tem atualmente o comando
de fato dividido entre um grupo de empresários bucaneiros de São Paulo e o
velho grupo predador aecista – é a inoperância.
Os dois grupos que mantém uma aliança desconfiada entre si não se
preocupam é governar e estão focados no butim que será decorrente da
privatização das grandes estatais mineiras, principalmente a Cemig (que leva
como brinde a Taesa, maior empresa de transmissão de energia elétrica do país)
e a Copasa, a melhor operadora de fornecimento de água e saneamento do Brasil.
PEDALADAS FISCAIS GRAVES
Com o objetivo de facilitar a pilhagem valioso do patrimônio dos
mineiros, os grupos que governam para o herdeiro bilionário, estabelecerem uma
meta secundária que é a reeleição, pois assim terão mais tempo, para operar o
plano de liquidar as empresas mineiras. Para viabilizar o projeto de reeleição
de um governo que nada fez, os marketeiros do governador, que são os mesmos que
trabalham para Aécio e Anastasia, criaram narrativas contaminadas de
falsificações, para enganar o eleitorado.
Para exemplificar o desastre que foi o governo Zema, há, entre outros
episódios, a falta de ação contra a pandemia do Covid19 e sua sugestão de
“deixar o vírus viajar por aí”. A tradução do episódio é que o bilionário
governador de Minas Gerais, seguiu à risca as receitas bolsonaristas, inclusive
a terrível imunidade de rebanho, que é alvo da CPI da Covid, no Senado
Federal.
Antes disso, o herdeiro de Araxá, que governa o estado, deu perversas
declarações após o desastre da represa da Vale em Brumadinho, que chocaram as
famílias das vítimas e a sociedade mineira.
Recentemente, o governo do bilionário anunciou o fim do parcelamento do
salário dos servidores, uma herança que é produto do rombo nas contas do
estado, deixado pelas gestões Aécio e Anastasia. É uma boa notícia para o
funcionalismo, que por outro lado lamenta o congelamento salarial há anos.
Porém, o herdeiro resolve o problema dos funcionários com os recursos dos
depósitos judiciais, o que é crime. Foram R$ 7 bilhões surrupiados das contas
judiciais.
Pressionado o governo do bilionário é obrigado a repor o saldo dos
depósitos judiciais, pois existem milhares de cidadãos sem receber, após
ganhares suas ações na justiça. Porém, em mais uma pedalada fiscal, para fugir
de sua responsabilidade, Zema parcela a restituição do dinheiro da justiça, o
que dificulta o pagamento às pessoas que têm direito aos recursos. Para piorar
faz isso utilizando o dinheiro da indenização da Vale, que deveria ir para a
reparação ambiental, social e econômica dos crimes cometidos pela empresa no
estado.
Pelo visto, a estratégia dos marqueteiros que Zema compartilha com
Aécio, é fugir das discussões sobre o governo, que sob qualquer ponto de vista
foi o pior da história de Minas Gerais, para isso criaram um curioso personagem
para Zema interpretar: o bilionário pobre.
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