quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

ESTOU AQUI REPRODUZINDO ESTE EDITORIAL DE GERALDO ELÍSIO POR CONSIDERÁ-LO UM TEXTO, EM SUA NUANCE, DE UMA ATIVIDADE PROFISSIONAL QUE TEM DEIXADO MUITO A DESEJAR, DE PESSOAS QUE A USAM POR CONVENIÊNCIAS E TENDÊNCIAS PRÓXIMAS 
AO  "ADVOGADO DO DIABO".
( PARTE DO TEXTO EM VERMELHO FOI POR MIM DESTACADO, PARA VOCÊ QUE VAI LÊ-LO, REFLITA E CONTRABALANCE SOBRE O QUE ABSORVE DE INFORMAÇÕES MIDIÁTICAS À TODO MOMENTO )

novojornal .: Editorial

Por Geraldo Elísio


“Quem sabe, muitas vezes não diz. E quem diz muitas vezes não sabe”.  
Máxima do jornalismo investigativo

29 de janeiro – Dia do Jornalista. Como é de praxe e por carinho o meu abraço a todos os colegas desta estranha, por vezes alegre e triste profissão que vai se modificando, nunca se extinguindo, por culpa de alguns governantes e leniência dos barões da mídia. Onde a qualquer hora um deles pode irromper a seção de pequenos anúncios e anunciar a venda da sua própria mãe com a plena garantia da entrega, se assim for necessário para se fazer caixa.
Profissão cujo objetivo final, mas que um imperativo democrático é um direito exclusivo do povo, sonegado ao jornalista o direito de brigar com a verdade comprovada dos fatos. No caso particular do Novojornal não falta quem nos parabenize ou critique em função de matérias postadas no novo suporte que é a internet, por sermos segundo tais pessoas a favor ou contra pessoas ou grupo de pessoas. Somos absolutamente indiferentes aos dois tipos de manifestação.

Nada temos a favor ou contra ninguém. Apenas exercitamos aquilo que no mundo inteiro se chama ou pelo menos deveria se chamar jornalismo. Levar – em nosso caso particular ao internauta – a verdade dos fatos, disponibilizando provas e dentro de tais critérios emitindo opiniões não baseadas em conceitos de gosto ou estética e sim na verdade cuja correção de rumos sempre pode ser alterada desde que para o bem. O dia em que formos cumprimentados pelo dever cumprido receberemos os elogios com a naturalidade de quem cumpre o dever, o que dispensa a lisonja.

Dia do jornalista? Profissional “cuja ética deve ser a ética do cidadão” comum tal enuncia Cláudio Abramo o mesmo que diz ser o jornalismo “o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter”. É ainda de Abramo a observação que “o jornalista não pode bater carteira e esperar que por isso não vá para cadeia. Afinal o que é ruim para o cidadão é ruim para o jornalista”.

Em sentido figurado há muitas formas de bater carteira. Por exemplo, quando o jornalista não vê porquê não quer enxergar. Quando a visão do profissional de imprensa é turvada pela paixão, principalmente ideológica e política. Claro, quase todos os atos cotidianos da vida são políticos, mas sem necessariamente ser partidários. E bate-se carteira quando o jornalista tem a sua vista turvada por montanhas de dinheiro postas à sua frente. Ou quando ele exerce a autocensura.
Também é bater carteira a censura imposta pelos regimes discricionários ou democráticos (?) onde ambição e a falta de escrúpulos superam a ética ou ainda aquela que emana dos departamentos comerciais de cada empresa. Longe de nós sermos censores, mas o que justifica a senhora Andréa Neves dispor de dois bilhões de reais para controle da publicidade? Só Nicolo Maquiavel diria que os fins justificam o meio sem se preocupar com os critérios éticos ou então her Joseph Goebbels o arauto do Fuer Adolf Hitler, para quem “uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade”.

Dia do jornalista! Profissão que já foi romântica ganhou ares acadêmicos e cujo diploma não tem mais validade, permitindo a órgãos públicos nomear para as suas respectivas assessorias de imprensa profissionais que sequer dispõem de registro profissional junto ao Ministério do Trabalho.

Neste dia do jornalista mais uma vez, eu que não tenho o diploma de jornalista profissional porquê quando entrei no mercado de trabalho nem as escolas de comunicação existiam ainda, mas tenho o meu registro profissional junto ao MT, venho de público defender a validade do diploma de jornalista profissional. Em um Brasil ainda com grande número de analfabetos, principalmente funcionais, o diploma de jornalista atesta que o cidadão, no mínimo, passou pelos bancos escolares do pré-primário à universidade.

Se existe a necessidade de alteração das grades curriculares – e existe mesmo – isto é outro problema. O que não é válido é alimentar a ilusão de tantos jovens induzindo-os a gastar tempo e dinheiro para obter um diploma sem validade. Isto se chama escroqueria governamental. Quanto a caráter e vocações reais isto é outra coisa, até mesmo pela impossibilidade de existir escolas que as confiram, bem como interesse em aprimoramentos culturais fora do mundo acadêmico ou seja lá o que for.

Dia do jornalista, atualmente morrendo mais nas guerras do que os próprios soldados. Jornalista o profissional que a seco vê primeiro e informa, para depois então chorar. Jornalista o melhor profissional se mundo se apresenta o senhor X junto com a honorável família em uma foto de festa de clube elegante e o cidadão mais indigno se mostrarem ao público o mesmo senhor X envolto num acidente com uma amante no trecho de estrada que leva ao motel. Valendo o exemplo para políticos que inaugurem uma obra que de fato beneficie a população ou então se envolvam com o consumo de drogas pesadas e ilícitas ou episódios dos quais resultem mortes de caráter culposo ou doloso.

Dia do jornalista. De saudades de quantos já foram para outros páramos e de braços abertos aos novos que chegam. Dia de saudades de quando eu próprio era "foca", na idade dos que hoje aportam às redações, cheio de sonhos. E procuro conservar a virtude principal dos que "focam", acreditar no impossível. Sem me render. Posso ser abatido. Nunca rendido.  

Dia do jornalista onde me permito agora um tempo de loas aos repórteres, porque se todos os apaixonados pela reportagem são jornalistas, nem todos os jornalistas são repórteres. Mesmo porquê somente aos repórteres será dado anunciar o fim do mundo e com esperanças, o nascimento de outro mais igualitário, com justiça social e manchetes anunciando que o lobo pasta em paz junto ao cordeiro.   

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.

( Geraldo Elísio escreve no "Novojornal". Prêmio Esso Regional de jornalismo, passado e presente embasam as suas análises )


geraldo.elisio@novojornal.com