sábado, 23 de março de 2013

Debate sobre imprensa revela preocupação com 
"politização" do tema no Brasil

Na última quarta-feira (20/3), aconteceu debate sobre a importância da liberdade de expressão para o desenvolvimento da nação no Rio de Janeiro, informou O Globo. Os participantes demonstraram preocupação com a politização da questão no Brasil e relataram o desconforto que o exercício da profissão causa em alguns setores, como nos governos e no Judiciário.

Leia também
Crédito:Agência Brasil
Ex-presidente do STF disse que a liberdade de imprensa é irmã da democracia
Estiveram no evento o presidente da Universidade de Columbia, Lee C. Bollinger; o decano da Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da universidade, Nicholas Lemann, o diretor de redação de O Globo, Ascânio Seleme, o diretor de conteúdo de O Estado de S. Paulo, Ricardo Gandour, e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto. 

De acordo com Britto, a liberdade de imprensa é irmã siamesa da democracia e a relação entre os veículos de comunicação e a sociedade é de "amor e ódio". Para ele, o problema da discussão sobre liberdade de imprensa no país não é judicialização, mas a politização.

"Enquanto a população tende a ver a liberdade de imprensa como algo produtivo, afirmativo, as autoridades sempre temem o exercício pleno da liberdade de imprensa, inclusive algumas autoridades do Judiciário. A relação de amor com a imprensa é mais da população, e a relação de ódio é mais das autoridades. As autoridades temem que a qualquer momento o nome delas venha a ser colocado em xeque pela imprensa", afirmou.

O encontro foi promovido pelo Columbia Global Centers Latin America, uma das oito representações internacionais da Universidade norte-americana, lançado na segunda (18/3), no Rio, e o Instituto Palavra Aberta.

Bollinger, um dos maiores especialistas da primeira emenda constitucional norte-americana, que proíbe a criação de leis que impeçam a liberdade de manifestação de pensamento,  disse que seria uma "tragédia" se veículos como o The New York Times e o Washington Post não existissem, e lembrou a importância da participação do público. 

"Até agora, o resultado é que o público consegue distinguir o que é confiável do que não é", disse Bollinger. "A liberdade de imprensa é uma causa nobre pela qual devemos lutar até a morte, porque nem sempre ela é garantida", acrescentou Lemann.

Já Seleme lembrou a tentativa de alguns países, como Equador e Venezuela, de cercear o trabalho do órgão e demonstrou preocupação com a politização do debate sobre liberdade de expressão no Brasil, opinião compartilhada por Gandour. "Que a discussão seja uma discussão de Estado e não de governo", disse o diretor de O Estado de S. Paulo.