segunda-feira, 25 de março de 2013

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Nota do Blogueiro

NESTE LINK ACIMA, O FILÓSOFO E COLUNISTA DA
FOLHA DE SÃO PAULO HÉLIO SCHWARTSMAN, ANALISA, CONCEITUA E CERTAMENTE DECLARA SUA VISÃO SOBRE ESTA QUESTÃO TÃO POLÊMICA, QUE NÃO DEVERIA SER OU EXISTIR
(continuo abaixo...)



FOLHA ONLINE - 23/03/2013

O CONLUIO

SÃO PAULO - O ministro Joaquim Barbosa tende a ser enfático em suas colocações. "Conluio" talvez seja um termo forte demais para definir as relações entre juízes e advogados, mas não há dúvida de que Barbosa levantou um problema importante que não vem recebendo a devida atenção: julgadores costumam ser paparicados não apenas por defensores como também por empresas e associações de diversas naturezas e esses gestos não são desinteressados nem sem efeitos.
É claro que, num mundo inteiramente racional, nenhum magistrado se deixaria influenciar por brindes, gentilezas ou elogios. A questão é que o ser humano é tudo menos "inteiramente racional" e juízes, a exemplo de médicos, jornalistas e consumidores em geral são facilmente sugestionáveis, sucumbindo a truques simples, como mandar um e-mail por ocasião do aniversário, custear um congresso, enviar alguma lembrancinha etc. O que torna esse gênero de manipulação um crime perfeito é o fato de ela ser legal e passar por baixo do radar da consciência. O profissional "comprado" está intimamente convencido de que agiu com total imparcialidade.
Está claro, porém, que não agiu. No caso dos médicos, que são mais afeitos à ciência, os resultados desse tipo de interação já foram mapeados e mensurados. Numa metanálise de 2000, publicada no "Jama", que já é considerada um clássico, Ashley Wazana mostrou que pagar uma viagem para um profissional de saúde, por exemplo, aumenta entre 4,5 e 10 vezes a probabilidade de ele receitar as drogas da empresa patrocinadora.
Resolver esse tipo de situação é muito difícil, senão impossível. Não podemos simplesmente proibir juízes de conviver com advogados, entre os quais podem estar seus cônjuges e filhos. Mas podemos e devemos tornar os relacionamentos institucionais tão transparentes quanto possível e, mais importante, admitir que o problema existe.




Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve na versão impressa da Página A2 às terças, quartas, sextas, sábados e domingos e às quintas no site.
(...continuando...)
DE CIMA DA EXPERIÊNCIA POR MAIS DE 30 ANOS COMO PUBLICITÁRIO, POR DIVERSAS VEZES PUDE CONSTATAR UM TIPO DE CONLUIO MUITO MAIS DEGENERADOR DO QUE AQUI EXEMPLIFICADO. FOI O CONLUIO EMPRESARIAL COM TRIBUNAIS, PRINCIPALMENTE NO DE GOIAS.