Publicado em 29/04/2013
Editorial: FÁBULAS
FABULOSAS
Por Geraldo Elísio
(...) Foi lá que Cristo me disse /Rapaz deixe de tolice / Não se deixe amedrontar /Fui eu quem criou a terra / Enchi o rio fiz a serra / Não deixei nada faltar /Hoje o homem criou asas / E na maioria das casas / Eu também não posso entrar (...) – Cidadão – Composição e interpretação José Geraldo
De fato o político é rei até a hora em
que o povo decidir tirá-lo do lugar onde ele estiver. Tenho uma profunda
admiração pela filosofia do sábio chinês Confúcio - 2.000 anos antes de Cristo
– que afirmou que uma imagem vale por mil palavras, o que sempre me levou a ter
profundos respeitos pelos meus colegas repórteres fotográficos.
Mulher humilde, uma professora rural
que muito cedo se enviuvou e voltou a morar em casa de se pai com uma “renca”
de filhos a quem educou com toda a dedicação, para sempre presa à memória do
falecido marido meu avô, a minha avó materna tinha a sabedoria nata daqueles
que nascem no Grande Sertão – Veredas. Sábia e filósofa por instinto além de me
ensinar que eu sempre deveria andar com quem saiba mais do que eu, porquê assim
tenho a oportunidade de aprender, ela sempre dizia que “o povo é como o boi,
não sabe a força que tem”.
Ao ver no Facebook a imagem que ilustra
este editorial imediatamente me lembrei dela e de seus ditados. Somos o povo, a
grande maioria que deseja viver em paz e harmonia. Ter um trabalho, um lar, nos
alimentarmos, nos educarmos, nos curar dos males das doenças, desfrutarmos de
um pouco de alegria, amar e criar os filhos dando sequência a grande aventura
da vida. E para os que não têm vocação para “leão”, creio basta ser “búfalo”.
Porquê querendo ou não, gostando ou
não, somos todos integrantes da raça humana, indiferente a cores de pele,
idiomas falados e costumes a formar o largo expectro cultural dos povos, cada
um com a sua raiz que não pode ser perdida. Moramos na mesma casa a quem
chamamos terra e enquanto ela existir, independentemente do grau de riqueza ou
pobreza de cada um, certamente um dia volveremos ao pó de onde viemos ou nos
transformaremos em cinzas, até que na consumação dos séculos sejamos todos
poeira de estrelas.
Em plena natureza os leões famintos
abatem sua presas apenas para se alimentar, sem a menor preocupação de
acumular. Entretanto aquele macaco que na obra prima de Stanley Kubrick, 2001
Uma Odisséia no Espaço, que acabou por descobrir que com uma tíbia ele poderia
esfacelar o crânio de outro semelhante e que através do processo evolutivo se
transformou em nós insiste em imperar, impor suas vontades, esquecendo-se que o
destino final é o mesmo.
Vejo a imagem que ilustra o texto não
apenas pelo ângulo da força bruta de uma manada de búfalos a escorraçar o leão
quando penso em nos seres humanos, no caso específico os brasileiros, face aos
Poderes Constituídos. Penso na força da união pacífica de todos os descontentes
para através do voto democrático escorraçarmos quantos emporcalhem a
organização social.
Existem “bandidos togados”, políticos
ladrões, jornalistas corruptos? É claro que existem, assim como existem maus
profissionais em todas as categoriais. Mas nunca esqueçamos que eles existem
diante de nossa omissão, com o nosso pleno consentimento diante do comodismo
para, através de meios pacíficos colocá-los para correr, mostrando que a união
faz a força e ao mesmo tempo inibindo as errôneas vocações para leões vorazes.
Afinal já disse o poeta que “quem sabe faz a hora não espera acontecer”.
Façamos com que as nossas vidas como um todo sejam felizes. Amém.
Este espaço é permanentemente aberto ao
democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.