terça-feira, 30 de abril de 2013

Publicado em 29/04/2013

Editorial: FÁBULAS FABULOSAS
Por Geraldo Elísio

(...) Foi lá que Cristo me disse /Rapaz deixe de tolice / Não se deixe amedrontar /Fui eu quem criou a terra / Enchi o rio fiz a serra / Não deixei nada faltar /Hoje o homem criou asas / E na maioria das casas / Eu também não posso entrar (...) – Cidadão – Composição e interpretação José Geraldo

De fato o político é rei até a hora em que o povo decidir tirá-lo do lugar onde ele estiver. Tenho uma profunda admiração pela filosofia do sábio chinês Confúcio - 2.000 anos antes de Cristo – que afirmou que uma imagem vale por mil palavras, o que sempre me levou a ter profundos respeitos pelos meus colegas repórteres fotográficos. 

Mulher humilde, uma professora rural que muito cedo se enviuvou e voltou a morar em casa de se pai com uma “renca” de filhos a quem educou com toda a dedicação, para sempre presa à memória do falecido marido meu avô, a minha avó materna tinha a sabedoria nata daqueles que nascem no Grande Sertão – Veredas. Sábia e filósofa por instinto além de me ensinar que eu sempre deveria andar com quem saiba mais do que eu, porquê assim tenho a oportunidade de aprender, ela sempre dizia que “o povo é como o boi, não sabe a força que tem”.

Ao ver no Facebook a imagem que ilustra este editorial imediatamente me lembrei dela e de seus ditados. Somos o povo, a grande maioria que deseja viver em paz e harmonia. Ter um trabalho, um lar, nos alimentarmos, nos educarmos, nos curar dos males das doenças, desfrutarmos de um pouco de alegria, amar e criar os filhos dando sequência a grande aventura da vida. E para os que não têm vocação para “leão”, creio basta ser “búfalo”.

Porquê querendo ou não, gostando ou não, somos todos integrantes da raça humana, indiferente a cores de pele, idiomas falados e costumes a formar o largo expectro cultural dos povos, cada um com a sua raiz que não pode ser perdida. Moramos na mesma casa a quem chamamos terra e enquanto ela existir, independentemente do grau de riqueza ou pobreza de cada um, certamente um dia volveremos ao pó de onde viemos ou nos transformaremos em cinzas, até que na consumação dos séculos sejamos todos poeira de estrelas.

Em plena natureza os leões famintos abatem sua presas apenas para se alimentar, sem a menor preocupação de acumular. Entretanto aquele macaco que na obra prima de Stanley Kubrick, 2001 Uma Odisséia no Espaço, que acabou por descobrir que com uma tíbia ele poderia esfacelar o crânio de outro semelhante e que através do processo evolutivo se transformou em nós insiste em imperar, impor suas vontades, esquecendo-se que o destino final é o mesmo.

Vejo a imagem que ilustra o texto não apenas pelo ângulo da força bruta de uma manada de búfalos a escorraçar o leão quando penso em nos seres humanos, no caso específico os brasileiros, face aos Poderes Constituídos. Penso na força da união pacífica de todos os descontentes para através do voto democrático escorraçarmos quantos emporcalhem a organização social.

Existem “bandidos togados”, políticos ladrões, jornalistas corruptos? É claro que existem, assim como existem maus profissionais em todas as categoriais. Mas nunca esqueçamos que eles existem diante de nossa omissão, com o nosso pleno consentimento diante do comodismo para, através de meios pacíficos colocá-los para correr, mostrando que a união faz a força e ao mesmo tempo inibindo as errôneas vocações para leões vorazes. Afinal já disse o poeta que “quem sabe faz a hora não espera acontecer”. Façamos com que as nossas vidas como um todo sejam felizes. Amém.

Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.