terça-feira, 28 de maio de 2013

O POVO TEM O DIREITO DE SABER

Publicado em 27/05/2013

EDITORIAL: FALTA CONVICÇÃO

Geraldo Elísio escreve no "Novojornal". Prêmio Esso Regional de jornalismo, passado e presente embasam as suas análises

Por Geraldo Elísio

“Convicção - Palavra que permite pôr, com a consciência tranquila, o tom da força ao serviço da incerteza”. - Paul Valéry

Em matéria publicada no jornal Folha de São Paulo o senador Aécio Neves (PSDB/MG) diz existir “um campo cinzento” na área de atuação da internet que segundo ele “carrega o sonho de um mundo mais plural e democrático”. 
Entretanto no Evangelho de Paulo, em Romanos 14-23 é dito que “Tudo aquilo que não procede da convicção é pecado”. 
Não fora assim o governo de Minas Gerais não teria montado um serviço de espionagem a título de combater crimes cibernéticos o que é perfeitamente plausível e digno de aplausos, mas igualmente utilizado para espionar adversários do governo e jornalistas o que é literalmente abominável. 
Qual a convicção do senador Aécio Neves a que diz respeito à premissa inicial ou aquela registrada na Bíblia Sagrada via a palavra de Paulo. Pelo visto o ex-governador opta preferencialmente pelo pecado, ressalvado eu não ser Deus para julgar ninguém.
Uma coisa é detectar por antecipação atentados terroristas, tráfico de pessoas, pedofilia, tráfico de órgãos humanos para transplante e o crime organizado com cheiro de drogas das mais potentes e ilícitas, o que justifica crime cibernético. 
Outra no entanto é a “arapongagem” de adversários políticos e jornalistas empenhados no dever da informação fazer chegar ao povo a realidade de políticos envolvidos em “ curras”, utilização de drogas pesadas que resultam em internações constantes e riscos de over dose e censuras como exerce “Sinhá” Andréa “Goebbels Neves”, a “Mãos de Tesoura”.
Aécio Neves faz menção a “um verdadeiro exército especializado em disseminar mentiras e agressões (...)” e ao disparo de “calúnias” (...) “disparadas de forma planejada e replicadas exaustivamente, com pretensão de parecerem naturais.
“Absurdas acusações que jamais serão comprovadas, por serem falsas, são postadas e repostadas diariamente. 
A vítima pode ser um magistrado, um político ou um cidadão comum. Pode ser um jornalista, uma atriz, não importa. Os objetivos são constranger, forjar suspeições, levantar dúvidas, transformar em verdade a mentira repetida mil vezes.
O mais grave é que esse roteiro se repete para buscar desconstruir a imagem de qualquer um que ouse defender idéias divergentes dos interesses daqueles que mantêm plugada essa verdadeira quadrilha virtual. E, quando alguém recorre à Justiça para se defender de ataques infundados, é acusado de exercer censura, invertendo, assim, as posições. A vítima passa à posição de réu.
Esse tipo de ação covarde é um lado da moeda que, na outra face, tenta controlar a imprensa, impedir a formação de novos partidos, defender a remoção do direito de investigação do Ministério Público e a submissão das decisões do STF à maioria governista no Congresso Nacional.
A boa notícia é que esse movimento, cuja origem e objetivos ficam cada vez mais claros, ganha crescente descrédito, fazendo com que certas vilanias fermentem apenas nas trincheiras dos espaços ocupados, e eventualmente pagos, pela má-fé.
Até porque não é apenas o conteúdo da internet, a mais importante revolução do nosso tempo, que deve permanecer para sempre.
Liberdades de imprensa, de informação e de opinião são conquistas definitivas da nossa sociedade. Calúnia, injúria e difamação são crimes. E assim devem ser tratados”.

Vamos excetuar os aspectos em que nitidamente o texto do senador Aécio Neves (?) visa atingir o governo federal ao mencionar controle da imprensa, “impedir a formação de novos partidos, defenderem a remoção do direito de investigação do Ministério Público e a submissão das decisões do STF à maioria governista no Congresso Nacional”. Nada disto pode fazer um internauta – pode no máximo opinar – se não for um congressista ou autoridade judiciária.
Mas pode o senador Aécio Neves, conhecedor que é, de que todos os internautas para se utilizarem da internet obrigatoriamente têm de deixar imprensas as suas digitais via IPI, recorrendo à Justiça por meio legal, pode obter a identificação de todos os caluniadores e processá-los. 
Por que não o faz. Nos casos individuais a análise é mais ampla, porém quanto a sites, não há como desmentir matérias comprovadas com documentos cartoriais. Ao final sempre aparece a verdade soberana capaz de desmontar castelos de cartas.
Não posso responder por outros veículos, mas em meu caso pessoal nada tenho contra pessoas ou instituições, atendo-me apenas ao compromisso de noticiar os fatos desde que sejam eles embasados em provas irrefutáveis o que em todo o mundo se traduz por um único vocábulo: jornalismo. 
A notícia não é do profissional de imprensa, não é de grupos de pessoas, em outras palavras não é de ninguém é do povo. Isto sempre pratiquei, pratico e praticarei, oferecendo de forma espontânea o direito de resposta às pessoas e instituições citadas. 
Disto não faz uso quem não quer, não se incomoda com denúncias tão sérias ou se sente impossibilitado da prática de tal comportamento em virtude de razões que desconheço.
A última edição da revista Veja, de nº 2323, ano 46, nº 22, de 29 de maio de 2013, página 68, sob o título “Com a corda no pescoço” mostra a dependência das unidades federadas do Brasil ao governo central, explicitando que até 2014 a maioria dos Estados terá necessidade disto até para pagar o funcionalismo. A previsão é a de que o limite de gastos com pessoal que é de 46,55% da arrecadação em 13 estados confederados atingira um limite superior. Em 2013 Minas já atingiu 57,24%. Como eu posso fugir a esta informação? Como posso deixar de indagar sobre o Choque de Gestão e o Déficit Zero. 
O povo tem o direito a saber e eu, sei lá por quais razões do destino nasci jornalista, o único bem que ninguém pode me retirar.
Este espaço é permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas.