Lalo de Almeida 12.dez.2012/Folhapress
Obra da transposição do rio São Francisco no
município de Floresta, em Pernambuco.
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Há uma carência histórica de acesso à água nos
municípios. Mesmo às margens do São Francisco ainda temos cidades que não têm
abastecimento universal", afirmou Eugênio Spengler, secretário de Meio
Ambiente da Bahia.
Dos 24 municípios banhados pelo "Velho Chico"
na Bahia, 23 têm a "situação de emergência" reconhecida pela Defesa
Civil nacional.
Em "situação de emergência", o município
pode, entre outros benefícios, fazer contratos sem licitação e solicitar
recursos extras ao governo federal.
No interior da Bahia, somente metade da população
rural tem acesso à água tratada, segundo Spengler.
Até o ano que vem esse percentual deve chegar aos
60%, graças a obras de duas adutoras e de sistemas simplificados de
abastecimento.
Em Alagoas, onde 7 dos 12 municípios banhados pelo
São Francisco estão em "situação de emergência", o cenário é
parecido, com acesso reduzido à água no campo.
"[Os municípios] têm um território muito
grande. Apenas alguns povoados e distritos da zona rural têm água canalizada.
Ou seja, mesmo em época de chuvas eles recebem água por carro-pipa",
informou a Companhia de Saneamento de Alagoas.
Das cidades da calha do São Francisco, não há
municípios em emergência apenas em Pernambuco e Sergipe. O governo pernambucano
afirma ter priorizado obras para atender os núcleos populacionais situados nas
proximidades do rio.
"Quando a fonte de água é inconstante ou
distante, temos mais dificuldade de implementar obras. Mas, para municípios
perto do rio, não há esse problema", afirma Almir Cirilo, secretário estadual
de Recursos Hídricos em Pernambuco.
Mas a situação é diferente na prática. Em Jatobá
(425 km do Recife), a falta de chuva entra no terceiro ano, embora não haja
emergência.
A persistência da seca ao lado do rio deu origem a
um ditado na cidade: "Água tem, mas dentro do rio. Quando você sai dele,
acabou-se".
Apesar de não ter sido reconhecida a situação de
emergência, a prefeitura calcula que a cidade tenha perdido metade de seu
rebanho e toda a lavoura, que nem sequer chegou a ser plantada.
Por lá, a única produção que não sofre com a seca é
a modesta criação de tilápias.