Publicado em 09/07/2013
Editorial:
NEM TUDO QUE RELUZ É OURO
Por Geraldo Elísio
“Em política é impossível andar em dois carrinhos”
– Aforismo dos velhos políticos mineiros
Talvez nenhum jornalista tenha
feito tantas e contundentes críticas ao ex-prefeito de Belo Horizonte e atual
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel
(PT), quando ele, em momento de infeliz inspiração, aparentemente movido pelo
egoísmo mais genuíno, resolveu se juntar ao ex-governador Aécio Neves (PSDB)
para eleger Márcio Lacerda, o “Clóvis Bornay da Quarta Feira de Cinzas” o
prefeito de Belo Horizonte.
Não que eu tenha ligações com
quaisquer outros postulantes e muito menos partidos, muito antes pelo
contrário. Mas a análise política requer o uso da lógica e as coisas
incompreensíveis exigem indagações plausíveis, principalmente num episódio onde
o Partido dos Trabalhadores de Belo Horizonte, há 16 anos no poder e com boa
avaliação resolveu de mão beijada transferir o mando para o fidagal (?)
adversário (?) tucano.
A Escola Peripatética de
Aristóteles, luminar da antiga filosofia grega, obviamente recomenda em tal
situação o emprego dos por quê. Será que na melhor das hipóteses tanto Pimentel
quanto Aécio nunca desfrutaram da aceitação popular que a publicidade mostrou?
Em termos médios, o apoio velado dos tucanos mineiros foi um efeito devastador
para o paulista José Serra? Ou em termo máximo, tal aliança culminaria com benefícios
velados para mensaleiros petistas, tucanos e “demos”, o que agora se tornou
mais difícil depois que o gigante acordou, estando a bocejar também a famosa
Lista de Furnas e outros escândalos menos votados?
Seja lá o que for o certo é
que ao que tudo indica os petistas estão “cristianizando” o ministro Fernando
Pimentel, enquanto a grande mídia começa a bater de com força no amigo dileto
de dona Dilma Rousseff, companheiros de ações políticas na clandestinidade ao
tempo da resistência aos governos militares do golpe civil militar de pós 64.
Segundo o ex-presidente
Tancredo Neves, “certos acertos com as esquerdas tornam-se difíceis porquê eles
são iguais a macacos rodados.” Na ocasião eu o acompanhava em uma viagem
fazendo cobertura para o jornal “O Estado de Minas”. Ele deu um sorriso e me
contou uma história que por sinal eu já sabia, mas sem fazer analogia com a
política.
“No sertão ali pelos lados de
Três Marias as crianças conseguem pegar micos que são abundantes na região.
Depois ficam à espreita em algum barranco de rodovia e quando vem um veículo ao
longe rodam os bichinhos com toda a força segurando-os pelo rabo, até que eles
fiquem muito zonzos e quietinhos. Quando o carro se aproxima eles sinalizam e
vendem os miquinhos como se fossem bastante mansos. Os incautos compram e dez
minutos depois quando já estão rodando de novo em direção aos seus destinos a
zonzeira passa e os bichos viram um inferno. A única solução é soltá-los de
volta ao cerrado”.
Não disponho de
nenhuma prova que me permita provar, mas tenho sérias desconfianças de que –
copy rigth by doutor Tancredo Neves – o ministro Fernando Pimentel comprou um
“macaco rodado.”
Macacos me mordam!