quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PROPRIEDADE CEDIDA PELO SENHOR FEUDAL AO VASSALO, MEDIANTE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E RENDAS; VASSALAGEM FEUDAL. (dic. Aulete digital)

Publicado em 30/10/2013
Divinópolis:
Aécio doou Feudo por “Suserania”
a Domingos Sávio
Em pleno século XXI e numa República, município transformou-se em Feudo, onde os três “estamentos” vigoram acima do Estado Democrático de Direito

Por Marco Aurélio Carone


Novojornal consciente de sua responsabilidade social como veículo da imprensa, inicia uma série de matérias denunciando a anomalia política criada pelo ex-governador Aécio Neves em grande parte dos municípios mineiros. Onde foram subvertidas todas as regras Republicanas asseguradas pela Constituição aos cidadãos. Na verdade o Poder Executivo após cooptar o Legislativo e Judiciário transformou seus municípios em Feudos.

O primeiro Município a ser abordado por Novojornal será Divinópolis, cidade pólo da região Centro-Oeste do estado, tendo sua economia baseada na indústria confeccionista e metalúrgica/siderúrgica, onde antes da captura de suas instituições pelos tucanos, através da ampla e injustificável aliança de dezenas de siglas partidárias, os Poderes vigoravam com autonomia mantendo o pleno Estado Democrático de Direito.

Antes das matérias jornalísticas, cabe através desta esclarecer ao nosso leitor a base histórica e sociológica que fundamentam nossa análise. 

Seria engraçado se não fosse trágico, a afirmação de que hoje se institucionalizou em Divinópolis, assim como em outros municípios mineiros o Feudalismo clássico. 

Desta vez, sem citar casos, Novojornal convida os moradores de Divinópolis que sabem o que está acontecendo no município a uma reflexão profunda, pois só a conscientização dos mesmos será capaz de mudar a lógica perversa que hoje os dominam. 

A origem na história

Suserania era o termo empregado na Idade Média para distinguir um nobre que doava algum bem (normalmente terras, mas podia ser a concessão de impostos sobre uma ponte, o uso de equipamentos agrícolas, o uso de uma fonte d'água, etc) a outro nobre. Nessa relação, suserano é quem doa o bem e quem o recebe é denominado vassalo. 

Em troca do benefício doado pelo suserano, o vassalo lhe faz um juramento de fidelidade, devendo-lhe prestar diversos serviços, entre os principais, lutar no exército do suserano quando for convocado, ajudar seu suserano economicamente quando este precisar, etc. Também, um suserano pode se tornar vassalo de outro nobre se dele receber algo; da mesma forma, um vassalo pode se tornar um suserano se doar algo a outro nobre.

A sociedade feudal era composta por três estamentos:

- Os Nobres, o Clero e os Servos: o clero, embora tivesse como função oficial rezar, na prática exercia grande poder político sobre uma sociedade bastante religiosa, onde o conceito de separação entre a religião e a política era desconhecido. Mantinham a ordem da sociedade evitando, por meio de persuasão e criação de justificativas religiosas, revoltas e contratações camponesas.

Os nobres (também chamados de senhores feudais) tinham como principal função a de guerrear, além de exercer considerável poder político sobre as demais classes. O rei lhes cedia terras e estes lhe juravam ajuda militar (relações de suserania e vassalagem). 

Os servos da gleba constituíam a maior parte da população camponesa: estavam presos à terra, sofriam intensa exploração, eram obrigados a prestarem serviços à nobreza e a pagar-lhes diversos tributos em troca da permissão de uso da terra e de proteção militar. 

Para receberem direito à moradia nas terras de seus senhores, juravam-lhe fidelidade e trabalho. Por sua vez, os nobres, para obterem a posse do feudo faziam o mesmo juramento aos reis. 

Os vassalos ofereciam ao senhor ou suserano, fidelidade e trabalho em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem estendiam-se por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.

As principais obrigações dos servos consistiam em:

- Corveia: trabalho compulsório nas terras do senhor em alguns dias da semana;

- Talha: parte da produção do servo deveria ser entregue ao nobre, geralmente um terço da produção;

- Banalidade: tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro, as pontes;

- Capitação: imposto pago por cada membro da família (por cabeça);

- Tostão de Pedro ou dízimo: 10% da produção do servo eram pago à Igreja, utilizado para a manutenção da capela local;

- Censo: tributo que os vilões deviam pagar, em dinheiro, para a nobreza;

- Taxa de Justiça: os servos e os vilões deviam pagar para serem julgados no tribunal do nobre;

- Formariage: quando o nobre resolvia se casar, todo servo era obrigado a pagar uma taxa para ajudar no casamento, regra também válida para quando um parente do nobre iria casar. 

- Mão Morta: era o pagamento de uma taxa para permanecer no feudo da família servil, em caso do falecimento do pai ou da família;

- Albergagem: obrigação do servo em hospedar o senhor feudal caso fosse necessário.

Importante que a população de Divinópolis assim como a de toda Minas Gerais identifique com clareza quem que é o vassalo de seu município, pois mesmo diante desta cruel realidade, permaneceu intocável o direito ao voto, único instrumento pacífico capaz de reverter esta situação.



DO BLOGUEIRO:
Vassalagem e Suserania 
O que era o sistema de vassalagem e suserania na Idade Média, 
vassalos e suseranos, história  medieval:

Vassalagem e suserania formavam um sistema sócio-econômico da Idade Média entre um vassalo e seu suserano. Nesta relação de reciprocidade, o vassalo recebia terra, objetos materiais ou até mesmo um castelo de seu suserano. Em troca, o vassalo devia oferecer fidelidade absoluta e proteção ao seu suserano.