AÉCIO NEVES EM MINAS GERAIS E JOSÉ SERRA EM SÃO PAULO, ENVOLVIDOS EM FALCATRUAS
17
DE NOVEMBRO DE 2013
EX-DIRETOR
DA SIEMENS ACUSA SERRA NA PF
Governador tucano pressionou pessoalmente o ex-executivo, em
Amsterdam, para beneficiar a espanhola CAF; as empresas disputavam licitação da
CPTM para aquisição de 320 vagões; multinacional alemã foi forçada a desistir
de recurso administrativo e medidas judiciais, segundo depoimento de seis
páginas de Nelson Branco Marchetti, ex-diretor técnico da Divisão de
Transportes; “O então governador do Estado (José Serra) e seus secretários
fizeram de tudo para defender a CAF", afirma
247 - Depoimento do engenheiro Nelson Branco
Marchetti, ex-diretor técnico da Divisão de Transportes da Siemens, à Polícia
Federal revela que em 2008 o então governador José Serra (PSDB) pressionou
pessoalmente a multinacional alemã a desistir de uma licitação na Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Objetivo era permitir que a empresa
espanhola CAF saísse vitoriosa em certame para a aquisição de 320 vagões. A
Siemens teve de retirar recurso administrativo e medidas judiciais que
questionavam a escolha da concorrente, que não tinha as qualificações
necessárias. A denúncia é do jornal O Estado de S. Paulo.
Marchetti
relatou um encontro que teve com Serra e o secretário estadual dos Transportes
Metropolitanos na época, José Luiz Portella, "em meio a esse período de
pressão", durante evento em Amsterdã da International Union of Railways
(UIC). "Aproveitei para dizer que entendia que minha empresa estava certa
e que não tinha intenção de desistir de recorrer." Em resposta, assegurou,
"foi informado por Serra que, se a CAF fosse desqualificada em razão do
mandado de segurança impetrado pela Siemens, o governo iria cancelar a
licitação ".
Segundo
Marchetti, que assinou acordo de leniência com o Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (CADE) para revelar a ação de carteis no setor
metroferroviário paulista, no edital havia exigência de um capital social
integralizado que a CAF não possuía. “Mesmo assim, o então governador do Estado
(Serra) e seus secretários fizeram de tudo para defender a CAF", afirma o
ex-executivo da Siemens. O depoimento de 5 de novembro.
Para
demover a Siemens do plano de contestar a qualificação da CAF, segundo o relato
de Marchetti, Portella sugeriu que a multi deveria fazer um contrato de
subfornecimento.
Marchetti
reforçou que houve sim uma "tentativa de formação de cartel com a
Alstom". Revelou combinações de preços, ajustes prévios, reuniões
reservadas, além de grande empenho de autoridades do governo paulista, na
ocasião, em fechar contrato com a CAF. Alega ter explicado a Portella que a
Siemens tinha condições de prosseguir sozinha no projeto, não tinha motivos
para desistir da licitação. "A CAF foi qualificada e a Siemens apresentou
recurso administrativo, que foi negado."
Em um
depoimento de seis páginas, Marchetti diz que ocupou o cargo na Siemens entre
fevereiro de 2007 e dezembro de 2008. Que era encarregado de manter contato com
agentes públicos. Tinha encontros frequentes com Portella e seu vice, João
Paulo de Jesus Lopes. Na CPTM, tinha acesso direto ao então presidente, Sérgio
Avelleda, que depois se tornou presidente do Metrô, bem como com diretores da
CPTM.