quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

NO ESTADO DE MINAS GERAIS: DESPOTISMO ABSOLUTO...

                                        
                                                      
QUINTA-FEIRA, 23 DE JANEIRO DE 2014

Prisão de jornalista: 
cortina de fumaça para encobrir 
mensalão tucano e Lista de Furnas



A prisão do jornalista Marco Aurélio Carone, responsável pelo portal de notícias NovoJornal, reacende um debate que de tempos em tempos paira sobre a política mineira: a censura promovida por Aécio Neves e seus aliados em nosso estado. Marcada por desacertos processuais e motivações escusas, a prisão de Carone é reveladora do “Estado de Exceção” instaurado na Minas Gerais regida pelo tucanato.
O portal NovoJornal vinha se firmando há algum tempo como o principal provedor de informações sobre os escândalos de corrupção encampados pelo PSDB e seus aliados políticos em terras mineiras. Lista de Furnas, mensalão tucano, cartel das empreiteiras, todos estes casos foram noticiados com depoimentos de testemunhas e apresentação de documentos. 
A Lista de Furnas, com o nome de políticos e autoridades que teriam recebido recursos de Furnas ilegalmente durante as eleições de 2002, já havia sido, inclusive, declarada autêntica por perícia da Polícia Federal.
Ainda assim, na manhã da última segunda-feira, dia 20 de janeiro, um mandado de prisão preventiva foi expedido pela juíza substituta da 2ª Vara Criminal, Maria Isabel Fleck, e cumprido pela Polícia Civil do estado contra Carone, acusado de crimes de injúria, calúnia e difamação. 
Segundo o que constaria no processo, a prisão foi motivada pelo fato de que Carone teria utilizado seu site para coagir testemunhas de um processo em que ele mesmo é réu. O mandado de prisão, contudo, teria sido expedido sem qualquer conclusão investigativa ou trânsito em julgado. A peça processual, contendo as motivações da juíza, teve seu acesso liberado aos advogados de Carone somente na terça-feira à noite, quase dois dias após a prisão do jornalista.
Na tentativa de continuar desmoralizando Carone, a Polícia Civil em coletiva de imprensa na quarta-feira ter encontrado em meio a anotações pessoais do jornalista o número da placa do carro do Promotor André Luís Pinho, um dos responsáveis pela prisão do jornalista e que teve o seu veículo incendiado há algumas semanas atrás.
Sem provas contundentes que possam justificar a manutenção de Carone no CERESP Gameleira, a promotoria e demais interessados na prisão do jornalista fantasiam as mais diversas possibilidades de acusação. Contudo, a lógica por trás disto é absurda: a juíza responsável pelo mandado de prisão preventiva, o promotor e o delegado que deram voz de prisão a Carone são todos alvos de denúncia de crimes de corrupção no jornal do próprio preso. Ou seja, todos atuam em defesa de interesses próprios e se arvoram de defensores do combate à corrupção, quando na verdade eles mesmo seriam os réus caso confirmadas as denúncias do NovoJornal.
Para o deputado estadual Rogério Correia (PT), a prisão de Carone teve por objetivo principal “calar a boca” do jornalista e promover o descrédito do veículo, num explícito ataque à liberdade de imprensa. “Tudo para proteger Eduardo Azeredo, Pimenta da Veiga, Aécio Neves, que são mencionados na lista de Furnas e no mensalão tucano. 
Até o mundo mineral sabe que houve distribuição de propina e caixa dois. Isso está comprovado em inquérito da Polícia Federal, conduzido pelo delegado Luís Flávio Zampronha, e em denúncia feita pela procuradora Andréia Bayão, do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro”, afirma.
Carone, que apresenta problemas de saúde e precisou ser levado às pressas para um hospital, aguarda o desenrolar do caso em meio a crises de pressão alta, sem receber de forma adequada a medicação e atendimento médico necessários.
O líder do Bloco Minas Sem Censura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Pompilio Canavez (PT), entrou com um requerimento solicitando a realização de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos para debater os motivos da prisão de Carone. Serão convidados os advogados do processo, representantes do Ministério Público e o Sindicato dos Jornalistas.
O caso Carone coloca Aécio e aliados agora em uma situação muito difícil. Em meio à visibilidade que tem ganhado os escândalos de corrupção do PSDB, seja no recente burburinho gerado em torno do “trensalão”, seja no frenesi que antecipa as eleições deste ano, este flagrante ato de desrespeito à democracia evidencia a “forma tucana de governar” de maneira inequívoca. “Nós estamos vivendo, aqui em Minas, uma ditadura civil, um estado de exceção”, conclui Rogério Correia.

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