quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

AGIOTAGEM OFICIAL... SÓ MESMO NO BRASIL:


4 DE FEVEREIRO DE 2014

COM MAIOR LUCRO DA HISTÓRIA, 
ITAÚ ATACA ECONOMIA DO PAÍS
Instituição de Roberto Setúbal apresenta lucro de R$ 15,695 bilhões em 2013; recorde nacional em todos os tempos; ações sobem na bolsa; dias antes, ao mundo, no Fórum Econômico de Davos, economista-chefe e sócio Ilan Goldfajn afirmara que Brasil "não é" uma economia sustentável e estável; avaliação ganhou peso no Financial Times para ajudar a afugentar investidores; face rósea das propagandas com Luciano Huck sofreu uma autuação de R$ 18 bilhões da Receita Federal por não pagamento de impostos; instituição diz que não deve um centavo sequer; lucro, crítica e política fiscal do Itaú Unibanco servem mesmo ao Brasil?

247 O Itaú Unibanco acaba conseguir uma proeza inédita. Superando todas as expectativas do mercado, que já eram elevadas, divulgou R$ 15,695 bilhões de lucro no exercício de 2013, nada menos que o maior lucro de uma instituição financeira já registrado no Brasil.
Com ganhos de R$ 4,68 bilhões apenas no quatro trimestre do ano passado, os técnicos do banco justificaram o resultado como fruto da queda da inadimplência entre seus clientes, ampliação da tomada de crédito por eles e redução no provisionamento para perdas.
Não deu outra. As ações do Itaú Unibanco dispararam na Bolsa de Valores, com alta de 4,95% às 13h11 desta terça-feira 4.
Há motivos, diante de tantos números azuis, para o Itaú Unibanco estar feliz da vida da economia brasileira, certo?
Errado.
Em meio ao esforço do governo para mostrar ao mundo que o Brasil está, sim, numa posição diferenciada, para melhor, frente aos demais emergentes e, também, diante de muitas economias de países ricos, o Itaú Unibanco joga na mão contrária. A do pessimismo.
No encontro de investidores mais importante do mundo, o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco Ilan Goldfajn foi pródigo em divulgar que o Brasil está na bola da vez da crise.
- Os investidores estão olhando para os países com uma economia sustentável e estável, ensinou Goldfajn. "E o Brasil não é".
A derrubada do ex-diretor do BC durante o governo FHC correu o mundo. A frase foi citada até mesmo numa reportagem do jornal Financial Times, que avaliou que o Brasil fora o grande perdedor do fórum de Davos.
Agora, porém,  o Itaú Unibanco sai a público, como determinam as regras bancárias para brasileiras, para mostrar que obteve o maior lucro da história.
Mas este, para o mesmo Itaú, não é um país que não tem uma economia sustentável e estável?  E que, nessa medida, não deveria interessar aos investidores, como disse o sócio da instituição? De resto, o mesmo Ilan Goldfajn que, no ano passado, ao longo de praticamente todo o segundo semestre, foi o pioneiro e mais ardoroso defensor do desemprego como forma de controlar a inflação...
Engajado em fazer política, o Itaú Unibanco apresenta ao público, na face do apresentador global Luciano Huck, seu lado cor de rosa, ou melhor, laranja, matiz oficial da instituição. Mas nos bastidores joga pesado contra o atual governo e a política econômica praticada.
Esse jogo contra ficou ressaltado, além das palavras, também num gesto. O processo de fusão entre as casas bancárias das famílias Setúbal e Moreira Salles, em 2008, deixou de lado, segundo a Receita Federal, um detalhe estimado hoje em R$ 18 bilhões. Trata-se do correspondente a Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, acrescido de juros e multas que, a tomar pela autuação feita pelo Fisco na semana passada, o banco deixou de recolher.
No País que "não é", de acordo com um dos principais porta-voz da instituição, ter mais cuidado com o recolhimento de impostos seria um grande passo para ajudar na estabilização da economia. Se bem que, é claro, o Itaú já disse que não tem nada a dever.
Itaú, taí um banco que gosta 
de levar vantagem em tudo.