27 DE FEVEREIRO DE 2014
DILMA
CAMINHA PARA A INVENCIBILIDADE ELEITORAL
Sim, a situação
piorou para Dilma de meados do ano passado para cá. Mas, diante dos adversários
pífios que estão postos, suas condições de se reeleger, seja no primeiro turno
ou no segundo, são imensas
EDUARDO GUIMARÃES
Ao contrário da
leitura que a mídia e até analistas independentes fizeram das recentes pesquisas
Ibope e Datafolha sobre a sucessão presidencial, há um coquetel de fatos que
sugere que a presidente Dilma Rousseff pode estar caminhando para uma quase
“invencibilidade” eleitoral neste ano.
Há que explicar, porém, que essa condição favorável à presidente
decorre menos de sua força do que da fraqueza de seus adversários e do
desarmamento de uma espécie de “bomba atômica” eleitoral com a qual esses
adversários, à direita e à esquerda, contavam para fragilizar sua candidatura.
Antes de tratar dos adversários de Dilma, porém, tratemos da
“bomba atômica” em questão.
Como o leitor já pode ter adivinhado, refiro-me aos protestos
contra a Copa do Mundo. As pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas no fim da
semana passada surpreenderam pelo enorme apoio que o evento ainda tem no país
apesar dos protestos e de uma desinformação que, aliás, o governo não combate,
no âmbito da continuidade de sua fraca estratégia comunicacional.
Há anos que os brasileiros vêm sendo bombardeados com más
notícias sobre a realização da Copa de 2014 no país. E, do ano passado para cá,
esse bombardeio aumentou exponencialmente graças à colaboração dos protestos de
rua. Aliás, de janeiro para cá esses protestos e o noticiário negativo
atingiram o paroxismo.
Obras atrasadas que a mídia garante que não ficarão prontas a
tempo, valorização midiática de declarações negativas de expoentes da Fifa
sobre a organização do evento, alegações falsas sobre os recursos da Copa
estarem sendo subtraídos dos orçamentos da Saúde, da Educação etc. Com tudo isso,
o apoio à realização da Copa no Brasil ainda é imenso.
É espantoso.
Nesse contexto, vale comentar a discrepância entre as pesquisas
Datafolha e Ibope recém-divulgadas. Na primeira, o apoio dos brasileiros ao
evento teria caído para 52%; na segunda, esse apoio seria hoje de 58%. Vale
notar, aliás, os seis pontos percentuais que separam as duas pesquisas. Isso
devido ao mau histórico do Datafolha em anos eleitorais…
Seja como for, o apoio à realização da Copa em nosso país ainda
é imenso.
Mas não é só. O fato mais positivo para Dilma é a desmoralização não
só dos protestos contra o evento, mas dos protestos em geral, dado que o
Datafolha detectou na ampla pesquisa que divulgou sobre o apoio ao governo,
sobre a corrida eleitoral e sobre a aprovação da Copa e dos protestos.
Segundo a pesquisa Datafolha divulgada na última segunda-feira
(24), atualmente só 52% dos brasileiros são favoráveis a protestos em geral,
seja contra o que for. Esse apoio já foi de 81%, ao final de junho do ano
passado. Mas é sobre os protestos contra a Copa que a população se mostra mais
contrária: 63% dos entrevistados são contra e só 32% são a favor.
Dessa maneira, a principal arma da mídia, de Aécio Neves, de
Eduardo Campos e de Marina Silva para desgastar Dilma perdeu a força. A violência
desses protestos contra a Copa, por mais mal que esteja causando ao país, está
ajudando a presidente por desmoralizá-los.
O Datafolha também pesquisou dado cujo resultado comprova o
interesse que os candidatos de oposição têm nos protestos contra a Copa. Entre
os simpatizantes de Eduardo Campos 59% apoiam esses protestos, entre os
simpatizantes de Aécio Neves o apoio é de 58% e entre os simpatizantes de
Marina Silva, 63%.
Ou seja: os simpatizantes dos candidatos de oposição estão na
contramão do resto do país, que repudia protestos contra a Copa na proporção de
63%.
A “bomba atômica” eleitoral contra Dilma, pois, está
praticamente desarmada. E a possibilidade de ser rearmada é pequena.
O movimento #NaoVaiTerCopa e os partidos políticos por trás
desse movimento dificilmente deixarão de usar a estratégia black bloc porque
sem ela os protestos seriam ignorados. Algumas centenas de pessoas ficariam
gritando para ninguém, o que não produziria maiores efeitos eleitorais.
Com a continuidade da violência nesses protestos a rejeição a
eles deve subir ainda mais. Isso sem dizer que o envolvimento de partidos na
organização desse tipo de ações que tanto vêm revoltando o país vai se tornar
cada vez mais evidente, produzindo um efeito político inverso ao pretendido pelos
autores dessa jogada político-eleitoral.
Ora, a estratégia black bloc é o que está matando o apoio a
protestos de todos os tipos no país. Aliás, essa estratégia está fazendo a
sociedade exigir providências das autoridades para coibir esses protestos.
Sem essa “bomba atômica” eleitoral, a situação dos adversários
de Dilma piora muito. Apesar de a mídia ter destacado uma estagnação da melhora
da aprovação do governo ou uma piora quase dentro da margem de erro, Aécio
Neves e Eduardo Campos estão muito mal na foto.
No caso de Aécio e do PSDB os escândalos envolvendo esse partido
em São Paulo e, sobretudo, a situação do agora ex-deputado Eduardo Azeredo,
correligionário próximo do pré-candidato tucano, produzem falta de condições de
esse grupo político conseguir da sociedade confiança para “mudanças” que dizem
que estaria querendo.
Aliás, o péssimo desempenho do governo do PSDB em São Paulo,
envolvido em sucessivos escândalos referentes a trens e metrô, desautorizam
Aécio a se apresentar como o arauto de “mudanças”.
No caso de Eduardo Campos, o oportunismo de seu partido ao
deixar a base de apoio a Dilma só às portas da sucessão presidencial após ter
ficado ao lado do PT ao longo de todo o governo Lula e de quase todo o primeiro
governo Dilma, dispensa maiores comentários.
Quanto a Marina Silva, seu filme se queimou inapelavelmente com
o adesismo a Campos e com a rejeição da criação de seu partido.
Sim, a situação piorou para Dilma de meados do ano passado para
cá. Não está recuperando a aprovação de que desfrutava antes das “jornadas de
junho”.
Mas, diante dos adversários pífios que estão postos, suas condições de
se reeleger, seja no primeiro turno ou no segundo, são imensas.
Beirando a
“invencibilidade”.