7
DE FEVEREIRO DE 2014
MAIS UM HOLOFOTE ACESO
PELA DIREITA
A decisão pessoal de uma cubana, médica ou não, de tentar
sair de seu país não é problema nosso. Ela tem o direito de tentar, mas não por
meio de estratagemas que envolvam o governo brasileiro. O Democratas deveria se
envergonhar de participar deste jogo
CHICO VIGILANTE
A direita deixa as claras, mais uma
vez, seu plano arquitetado para tentar desacreditar os governos petistas. Não
satisfeita com o insucesso da campanha contra o programa Mais Médicos, feito
ano passado com o apoio do Conselho Federal de Medicina, volta agora seus
holofotes para o caso da médica cubana, Ramona, Matos Rodriguez, que “buscou” a
liderança do Democratas na Câmara dos Deputados e lá se encontra refugiada.
Com a ajuda da imprensa, o ex-líder da
UDR, conhecido no Brasil por sua atuação histórica contra a reforma agrária e
contra o projeto em tramitação no Congresso pelo fim do trabalho
escravo nas áreas rurais, quer parecer agora o grande defensor dos
médicos cubanos, segundo ele, explorados pelo governo cubano com a ajuda
do Brasil.
Médicos cubanos trabalham atualmente em
vários continentes do mundo, África, Ásia e América Latina e em países como
Venezuela, Bolívia, Equador, Haiti, numa verdadeira demonstração de
solidariedade humana.
É um verdadeiro desrespeito à
inteligência do cidadão tentar utilizar um caso isolado de uma cidadã cubana -
que já pretendia deixar o país para viver nos EUA e veio para o Brasil como
parte desta estratégia - para fazer um estardalhaço contra o Mais Médicos como
um todo.
Dos médicos cubanos, que hoje somam
5.378 profissionais, 22 foram desligados. A maior parte deles (17)
alegaram problemas de saúde ou pessoais. Os desistentes representam 0,1% do
total de médicos cubanos que vieram ao país. Os outros 99,9% continuam em
atividade, atendendo a população brasileira.
A farsa armada pelo Democratas da
“descoberta” de detalhes contratuais desconhecidos da contratação da doutora
não cola. Na verdade, o contrato para atuação de médicos cubanos no Mais
Médicos é realizado entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana
da Saúde, a Opas, braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) na América
Latina.
A Opas é uma instituição com mais de
110 anos de existência e reconhecimento mundial. O modelo de cooperação firmado
por meio da OPAS é semelhante ao modelo aplicado em mais de 60 países que
mantém convênio com Cuba. Entre eles, estão países como Portugal, Itália e
França. Pelo acordo de cooperação, a OPAS é responsável pela interlocução com o
governo cubano e este, responsável pelo repasse do valor aos profissionais.
O resumo da ópera e que ninguém pode
negar é um só: a atuação desses médicos, concentrados no Norte e Nordeste e nas
regiões mais carentes e vulneráveis do país, impacta na assistência de 23
milhões de brasileiros. É o maior Programa de provimento de médicos já
realizado no Brasil. E com certeza, a população dos municípios assistidos
admiram e agradecem a presença deles.
A cada dia que passa a direita e
os defensores da burguesia brasileira estão cada vez mais desesperados porque
nenhuma de suas previsões negras para o país se concretizou e a partir dai o
que vislumbram e uma terrível dificuldade de venceram as próximas eleições.
Para citar apenas poucos exemplos, a
poupança bate recorde de captação (R$ 71 bi); a indústria automobilística
cresce 9,9%; o índice de desemprego é o menor em toda a historia, 4,6%; a
inflação está dentro das metas; e Dilma lidera as pesquisas de intenção de
voto.
Quando presidente da CUT DF, em 1984,
tive a feliz oportunidade de visitar Cuba. Senti um mal estar e fui prontamente
atendido por um médico do posto de saúde do hotel. Tive uma excelente consulta,
que nada me custou apesar de estrangeiro, e saí do consultório dele já com o
medicamento para tomar nas mãos.
À época o que mais me impressionou foi
o que me disse o médico cubano na conversa que teve comigo. Aqui temos os
mesmos equipamentos médicos que existem no Brasil, com apenas uma diferença: lá
só são atendidos com equipamentos de ponta os ricos, aqui atendemos a todos sem
excessão.
O Brasil de hoje é outro e o povo
brasileiro conhece a realidade. Quantos brasileiros não morreram tentando
entrar nos EUA, via México, por meio dos coyotes, quando aqui não viam
esperança no futuro e o desemprego fazia parte de suas vidas ?
A decisão pessoal de uma cubana, médica
ou não, de tentar sair de seu país não é problema nosso. Ela tem o direito de
tentar, mas não por meio de estratagemas que envolvam o governo brasileiro. O
Democratas deveria se envergonhar de participar deste jogo, mas sim
tentar mostrar ao país quais são suas propostas concretas para o
desenvolvimento do Brasil.